Nove horas: esta é a duração do voo que sai do Brasil, passa pelo oceano Atlântico e chega à África do Sul. O país mais meridional do continente africano é conhecido por sua biodiversidade única, que não envolve apenas a famosa savana. É lá que estão localizados alguns dos sítios arqueológicos e de fósseis humanos mais antigos do mundo, em especial na província de Gauteng. O país tem Joanesburgo como maior cidade e importante potência econômica; Pretória como capital administrativa e a portuária Cidade do Cabo como capital legislativa.
A região preserva a herança cultural e política do líder nacional Nelson Mandela, que encabeçou a luta contra o apartheid (sistema de segregação racial instituído pelas elites brancas em 1948). Com uma nação composta por mais de 62 milhões de pessoas e mais de dez línguas oficiais (incluindo o inglês), a África do Sul é o destino perfeito de quem deseja conhecer lugares históricos, ter contato com os animais, praticar esportes e, claro, estudar. Neste post, você vai saber o porquê! Acompanhe a seguir:
Motivos para fazer intercâmbio na África do Sul
Um dos grandes facilitadores de escolher a África do Sul como destino é o clima local, que é bastante parecido com o do Brasil. Para os amantes do turismo de natureza, o país é um prato cheio e oferece roteiros de safaris, praias, desertos, savanas e pastagens. No sul, há as cordilheiras do Karoo. No leste, há a maior cadeia de montanhas da África meridional, o Drakensberg. Durante o inverno, é possível ver neve nos pontos mais elevados.
Um dos pontos turísticos mais famosos da África do Sul entrou no imaginário português — e, por consequência, no brasileiro — ao aparecer em Os Lusíadas (1572), poema épico no qual Luís de Camões narra a viagem portuguesa para as Índias, liderada por Vasco da Gama. Trata-se do Cabo da Boa Esperança (conhecido anteriormente como Cabo das Tormentas), que provocava inúmeros naufrágios e atormentava os “heróis” ibéricos na época das grandes navegações, e que hoje em dia é considerado visita obrigatória no país africano.
Para quem gosta de história, o lugar também oferece locais como o Museu do Apartheid, em Joanesburgo, e a Ilha de Robben, onde Mandela e outros opositores ao regime ficaram presos durante mais de 20 anos. A possibilidade de encontrar passagens mais baratas em razão da distância relativamente curta do voo também conta pontos a favor da decisão de estudar na África do Sul. Em paralelo, as boas opções para fazer faculdade por lá também são uma vantagem, como descreveremos melhor a seguir.
Sistema de ensino na África do Sul
As autoridades sul-africanas consideram a educação um dos aspectos sociais mais importantes, principalmente porque, após o apartheid, o ensino tornou-se mais inovador. Como consequência da reestruturação e da melhoria no sistema como um todo, a universidades passaram a atrair mais estudantes internacionais, inclusive porque as mensalidades são bem mais baixas na comparação com as taxas de instituições de ensino superior ocidentais.
Os cursos de graduação têm duração máxima de três anos em tempo integral e são ministrados em inglês (o que significa que é necessário comprovar a proficiência por meio de um teste padronizado, com TOEFL). As universidades da África do Sul oferecem diferentes categorias de formação, como cursos técnicos e profissionalizantes, ou o modelo tradicional, que mistura teoria ao desenvolvimento prático-profissional.
Cabe destacar que o governo sul-africano criou o Plano de Desenvolvimento Nacional 2030, com o objetivo de combater a pobreza e a desigualdade no país – e a estratégia inclui o sistema educacional.
Melhores universidades da África do Sul
A África do Sul é um dos melhores destinos do continente africano para se fazer um intercâmbio universitário, já que das cinco melhores universidades da África, segundo o QS World University Rankings 2024, quatro estão no país. São elas: Universidade da Cidade do Cabo (1º), University of the Witwatersrand (3º), Stellenbosch University (4º) e University of Johannesburg (5º). E o melhor: todas são públicas.
Fundada em 1829, a Universidade da Cidade do Cabo (UCT) é pública e é a universidade mais antiga do país. Durante o apartheid, a UCT serviu de centro intelectual para combater a política segregacionista do governo. Está entre as 200 melhores universidades do mundo, de acordo com o World University Rankings 2020, na frente de referências de ensino no Brasil, como a USP e a UNICAMP.
A instituição é reconhecida por seus cursos em Estudos Africanos, Biologia, Botânica, Negócios, Ciências Ambientais, História, Matemática, Engenharia, Sociologia e Antropologia. Entre seus ex-alunos e professores, estão cinco ganhadores do Prêmio Nobel, entre eles, o professor emérito e escritor J.M. Coetzee, que foi condecorado pela premiação em 2003. Leia aqui sobre como é estudar na melhor universidade do continente africano. E saiba mais aqui sobre como se candidatar à UCT.
A Universidade de Witwatersrand também é pública e se localiza em Joanesburgo, maior cidade da África do Sul e principal núcleo urbano e cultural do país. Foi uma das instituições em que Nelson Mandela estudou (leia mais aqui sobre outras universidades pelas quais Mandela passou). Mais conhecida como Wits University, é formada por 33 escolas e oferece 3.000 programas acadêmicos, acreditados nacional e internacionalmente, em áreas de estudo como Comércio, Ciências, Gestão, Direito, Engenharia, Ciências da Saúde e Humanas. É internacionalmente reconhecida por seu foco em pesquisa intensiva. Veja aqui o que é necessário para fazer intercâmbio na África do Sul para estudar na Wits.
A cerca de 50km da Cidade do Cabo, a Universidade de Stellenbosch fica em Stellenbosch, a segunda colônia europeia mais antiga da África do Sul. Com aproximadamente 90 mil habitantes, a cidade é conhecida por suas rotas de vinícolas. A Universidade de Stellenbosch é prestigiada no campo de pesquisa, tendo fabricado o primeiro micro-satélite da África, o SUNSAT, colocado em órbita em 1999. Leia mais aqui sobre como ingressar na Stellenbosch.
A Universidade de Joanesburgo é mais jovem, tendo sido criada em 2005 depois da junção da Rand Afrikaans University (RAU), com a Technikon Witwatersrand (TWR) e os campos de Soweto e EastRand da Vista University. Abriga 50 mil estudantes e é uma das instituições mais diversas e inclusivas da África do Sul, sendo que mais de 3 mil de seus alunos são estrangeiros de mais de 80 países. Saiba mais sobre como fazer intercâmbio na UJ aqui.
Custos e bolsa de estudos para estudar na África do Sul
A moeda na África do Sul é o Rand (R ou ZAR). Na conversão para a brasileira, 1 real equivale a cerca de 3,80 ZAR. Como o real é valorizado sobre o Rand, para estudantes brasileiros, este é um detalhe que pode fazer muita diferença no momento de decidir estudar no país africano. O custo de vida, aliás, já é bem menor em relação a algumas capitais brasileiras. Viver em Joanesburgo, por exemplo, é 16% mais barato que morar em São Paulo, segundo o site Expatistan. A mesma fonte indica que os gastos na África do Sul são menores que em 80% dos países no mundo.
Para ter uma ideia mais precisa do quanto é necessário colocar na ponta do lápis, o aluguel mensal de um estúdio mobiliado (45 metros quadrados) em uma área média de Joanesburgo sai pelo equivalente a 1.800 reais. Já o montante da tarifa mensal do transporte público fica por 216 reais, enquanto um jantar básico para dois em um restaurante de bairro custa 116 reais.
Outro ponto importante sobre estudar na África do Sul é que não faltam opções de bolsas. Um dos mais famosos é o MasterCard Foundation na Universidade da Cidade do Cabo, para graduação ou pós na instituição. O auxílio cobre mensalidades, subsídios de viagem e alojamento estudantil. Outro programa conhecido é o Nelson Mandela University Postgraduate Research Scholarships, para financiar estudantes com excelente desempenho acadêmico a cursar graduação, mestrado e doutorado em tempo integral. Já as universidades de Joanesburgo e Witwatersrand oferecem bolsas de mérito acadêmico.