E aí, gente! Eu sei que faz um tempinho que não escrevo, mas voltei com uma experiência muito interessante para compartilhar: as duas semanas que passei na ONU, mais especificamente na 59ª Comissão sobre o Status da Mulher ou Beijing+20.
Apliquei para ir à ONU representando uma ONG americana chamada SustainUS (…) Apesar de não ser americana, pude me candidatar porque estudo nos EUA: mais uma oportunidade que estudar fora me proporcionou!
A Comissão sobre o Status da Mulher foi estabelecida em 1945 pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, sendo atualmente o órgão político mais importante para discussões sobre o avanço dos direitos das mulheres. Em março de 2015, a Comissão se reuniu na sede da ONU em Nova York para celebrar os 20 anos da IV Conferência Mundial sobre Mulheres – um marco, pois naquela conefrência, há 20 anos, foi estabelecida a “Beijing Declaration and Platform for Action”. Parece mentira, mas este foi o primeiro documento na história a reconhecer que os direitos das mulheres eram os mesmos que os direitos humanos.
De lá para cá muita coisa já evoluiu, porém ainda temos um grande caminho para finalmente chegarmos à igualdade de gêneros. E foi isso que nós, mulheres do mundo inteiro, de todas as gerações, debatemos: o que avançamos desde então, o que não avançamos e qual são os novos desafios para as próximas gerações. Tópicos como saúde, segurança, cidades, desenvolvimento econômico e liberdade entraram em pauta e foi muito gratificante poder ser uma das únicas jovens brasileiras presentes e assim poder compartilhar um pouco dos problemas que nós enfrentamos diariamente.
Mas como eu cheguei até a ONU? Eu apliquei para ir representando uma ONG americana chamada SustainUS, dedicada a engajar estudantes em debates mundiais sobre desenvolvimento sustentável. Apesar de não ser americana, pude me candidatar porque estudo nos EUA: mais uma oportunidade que estudar fora me proporcionou! Acredito que o fato de viver em uma faculdade só de mulheres me trouxe maturidade suficiente sobre o assunto para que pudesse competir com alunos dos EUA inteiro.
Um dos pontos mais marcantes foi o discurso dado por uma das representantes do Brasil durante as negociações, Linda Goulart. Dentre muitos pontos, ela falou sobre nosso progresso no enfretamento ao feminicídio e à homofobia e de como a Declaração de Beijing não fala o suficiente sobre violência contra as mulheres. Deu orgulho de assistir!
Entretanto, infelizmente o Brasil não organizou nenhum evento paralelo, como muitas outras delegações fizeram, para discutir problemas e ouvir possíveis soluções. Eu fiquei bastante desapontada, principalmente porque o nosso país claramente ainda tem muitos problemas ligados a questões de gênero. Agora seria um momento incrível o debate já que estamos com foco internacional devido à recente Copa do Mundo e às Olimpíadas de 2016.
Fora isso, foi inesquecível encontrar com mulheres que são exemplos de liderança como Hillary Clinton, Melinda Gates e Phumzile Mlambo-Ngcuka (diretora executiva da ONU Mulheres). Espero poder ir de novo à Comissão nos próximos anos, mas sem dúvida uma só experiência dessas já é o bastante para mudar uma vida. Como Ban-ki Mon disse na marcha por Nova York que abriu a Comissão: “Nós queremos igualdade de gêneros, agora!”
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