Harvard e MIT declaram apoio a atos dos movimentos negros nos EUA
Duas das melhores universidades do mundo, Harvard e MIT, demonstraram na semana passada seu apoio aos atos realizados nos Estados Unidos em protesto contra o assassinato de George Floyd pela polícia de Minneapolis. As instituições endossaram as manifestações por meio de paralisações e comunicados, além de outras ações realizadas por suas escolas.
Na última quarta-feira, 10 de junho, organizações promoveram uma espécie de “greve” de pesquisadores com as hashtags #ShutDownSTEM, #ShutDownAcademia e #Strike4BlackLives. O movimento teve adesão das comunicades científicas das duas universidades, que viram nele uma oportunidade para refletir sobre a presença ainda tímida de pessoas negras em seus laboratórios e salas de aula.
Posicionamento do MIT
O instituto de tecnologia de Massachusetts se pronunciou por meio de uma carta de seu reitor-associado, Tim Jamison, e de seu oficial de Comunidade e Equidade, endereçada a seus professores. No documento, a escola reconhece e empatiza com a dor dos seus alunos negros diante do assassinato de George Floyd.
“A dor é ainda mais forte porque tem como raiz o racismo sistemático e a injustiça que já vêm de mais séculos nesse país. E é aumentada pelo fato de que, após cada morte injusta e antes do tempo, nós nos dizemos ‘nunca mais’. Mas ainda assim persiste o ciclo de partir o coração”, diz o documento.
Na acarta, a instituição também se compromete a compartilhar, em breve, o primeiro rascunho de um plano para aumentar a “diversidade, equidade e inclusão” dos seus espaços. A ideia é que esse rascunho possa ser desenvolvido a partir de um diálogo com a comunidade universitária antes de ser implementado. E, por ora, o MIT ainda não deu mais detalhes sobre esse plano.
Atitudes de Harvard
De acordo com a Harvard Maganize, muitos professores e funcionários da universidade participaram da paralisação da última quarta-feira. Entre eles estava Michelle Williams, diretora da T. H. Chan School of Public Health, que se dirigiu a todos os membros da escola de saúde pública de Harvard recomendando sua participação por meio de uma carta aberta.
“Eu incentivo todos da nossa comunidade a participarem do #ShutDownSTEM nessa quarta-feira. Eu própria tirarei tempo para refletir e recomendei à equipe de direção da escola que fizesse o mesmo”, comentou. Ainda segundo Williams, o escritório de diversidade e inclusão da escola também estava avaliando maneiras de ampliar sua atuação.
A Harvard Medical School também viu suas lideranças participando do movimento. O decano da faculdade de medicina de Harvard escreveu um texto com a solicitação: “peço que vocês parem em solidariedade com o movimento nacional de ‘STEM Shutdown'”. “Peço a vocês que aproveitem essa oportunidade para refletir, se informar melhor e planejar atividades concretas”, continua o texto.
Além dessas atitudes, alguns sites e recursos de Harvard ficaram indisponíveis no dia 10 de junho em solidariedade ao ato. Foi o caso do site da biblioteca e do herbário da universidade. O departament de química da universidade, por sua vez, se pronunciou por meio do Twitter em favor da manifestação. “Nos comprometemos a nos educar, identificar ações concretas, e agir” para “erradicar o racismo contra negros”, disse o departamento.
Diversidade nas universidades
Harvard e MIT reconhecem que ainda têm muito trabalho pela frente para garantir mais equidade em seus corredores. Segundo as estatísticas da instituição, “afro-americanos” ainda respondem por apenas cerca de 14% de seus novos alunos. Já no MIT, apenas cerca de 10% dos novos alunos do instituto se auto-declaram negros.
Embora essas porcentagens sejam ainda pequenas, elas já foram ainda menores. Nos Estados Unidos, desde a década de 70, a necessidade de realizar ações afirmativas para incluir estudantes negros nas universidades foi reconhecida por diversas instituições. Embora não estabeleçam um número ou porcentagem específica de vagas reservadas a alunos negros, instituições de ensino superior estadunidenses como Harvard e Yaletêm programas para aumentar o número de novos alunos negros.
Com as recentes manifestações, é possível que esses programas sejam ampliados e melhor regulamentados. Além disso, as instituições também costumam ter eventos especiais para o “Black History Month“, o mês da consciência negra que é realizado nos Estados Unidos todo ano em fevereiro.