Como usar tecnologia para solucionar problemas da educação básica no Brasil? Esse foi o ponto de partida do Desafio Inovação na Educação, criado pela BRASA Impactus. Os selecionados pela iniciativa apostam em educação complementar – ou seja, ensinar competências sócio-comportamentais a jovens brasileiros.
A ideia surgiu depois de uma conversa entre os integrantes do time vencedor, que estão espalhados por universidades nacionais e estrangeiras. Chegaram a cogitar problemas diversos em que o projeto se basearia, como alfabetização e ensino de matemática. Por fim, identificaram a inteligência emocional e o autoconhecimento como foco.
Como explica Willian Mallman, que estuda na Universidade de Evansville, o assunto não é tratado de forma clara no ensino brasileiro. “Serão habilidades necessárias para o jovem daqui a dez anos, já que estão relacionadas ao ambiente de trabalho”, pontua ele.
Isso porque jovens brasileiros encaram o problema também no dia a dia, enquanto estudantes. Por exemplo, ao sentir o nervosismo excessivo às vésperas de uma prova ou ao ter receio de abordar professores com dúvidas sobre a matéria.
A iniciativa permite, então, que estudantes acessem jogos que tratam de autoconhecimento e inteligência emocional e aprendam a lidar com tais situações. Graças ao componente de machine learning, a plataforma indica versões adequadas a cada perfil.
“Não existe certo e errado, existe o que você pode fazer”
Criar projetos do tipo é a ideia de diversos desafios com foco em impacto social. Na hora de achar alternativas, os estudantes precisam elaborá-las e submetê-las a um crivo rigoroso. Não raro, especialistas na área se encarregam de achar as que têm maior potencial para serem executadas e ampliadas.
Não foi diferente no caso da Huma, criada depois de muito debate entre os membros do time. Com tantos obstáculos na educação brasileira, os estudantes tiveram de deixar para trás, por exemplo, problemas que exigiriam mudanças muito substanciais de infraestrutura. “Não existe certo e errado, existe o que a gente pode fazer naquele momento”, diz Bruna Correa, uma das fundadoras, que estuda Economia, Matemática e Engenharia Elétrica na Georgia Tech.
Para alcançar o primeiro lugar no Desafio, os membros do time tiveram de apresentar um pitch e explicar de que forma a solução proposta seria posta em prática.
Conheça as indicações dadas pelos membros da Huma para se preparar para desafios do tipo
#1 Estabelecer metas de engajamento
Com um grupo formado por jovens espalhados por quatro universidades distintas, em países diferentes, esse foi um dos primeiros passos. Ou seja, determinar o que precisa ser feito, estipular prazos adequados e acompanhar andamento do projeto.
Como pontua Bruna, isso deve ser feito depois de uma conversa honesta sobre tempo de dedicação ao projeto e objetivos. “É fácil ter picos engajamento, em um primeiro momento, e depois deixar a ideia morrer”, afirma.
#2 Encontrar pessoas que tenham “fit” com o grupo
Nas empresas, é comum que essa ideia seja descrita como “cultura” do local de trabalho. Projetos voluntários, criados por estudantes, também devem juntar pessoas que consigam trabalhar bem juntas. Ter o mesmo comprometimento com resultados e noções da dinâmica de trabalho que funciona bem, por exemplo.
Não significa, entretanto, a impossibilidade de discordar. “A gente debatia muito dentro do grupo, e é importante desafiar a ideia do outro”, explica Willian Mallman.
#3 Levar em conta o usuário final
Nem sempre as soluções pensadas servem, na prática, para o usuário final. “As pessoas tendem a criar soluções com base na experiência de quem está no processo de criação”, diz Willian.
Uma plataforma como a Huma deve, portanto, fazer sentido tanto para seus criadores quanto para o usuário final, um aluno de Ensino Médio.
#4 Fazer o projeto
“Tem muita gente com ideias incríveis, mas que não faz”, sintetiza Willian. Dar os primeiros passos para prototipar a ideia, e ver se ela funciona na prática faz parte do processo.