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Mandarim: saiba tudo sobre a língua milenar que avança no ocidente

Pessoa escrevendo em mandarim com tinta e pincel

Você já deve ter ouvido falar da importância da China para o mundo atual. Afinal, com mais de 9 milhões de quilômetros quadrados de área, mais de 1,4 bilhão de habitantes e o segundo maior PIB do mundo, o país não pode ser ignorado no cenário internacional. No entanto, qual é a importância do mandarim — sua língua oficial — para esse cenário? E, especificamente, para o Brasil?

De acordo com Luiz Antonio Paulino, diretor do Instituto Confúcio na Universidade Estadual Paulista (UNESP), essa importância é cada vez maior. O instituto, que conta com unidades nas 13 cidades em que a UNESP tem sede (como a capital paulista, Assis, Marília e Franca), tem visto seus números de alunos crescerem.

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Esses alunos se matriculam para aulas de mandarim — a língua oficial da China. Não é, no entanto, a única língua do país. “A China tem muitos dialetos locais, como o cantonês e o xangaiês, e abriga 55 etnias diferentes. Mas o mandarim é a língua oficial. Inicialmente ele era o dialeto de Pequim, e por isso acabou sendo adotada como língua padrão, ensinada em todas as escolas”, explica Paulino.

Há, segundo Paulino, mais de 600 institutos semelhantes em mais de 140 países do mundo. Todos eles são frutos de parcerias entre universidades locais (que oferecem a infraestrutura) e universidades chinesas (que enviam recursos e professores). No Brasil, o instituto é fruto de uma parceria entre a UNESP e a Universidade de Hubei, localzada na cidade de Wuhan, na China. E é ele que vem recebendo essa demanda crescente.

Importância do mandarim para a carreira

“Eu acredito que isso seja relacionado com a própria projeção da China no mundo, com a intensificação dos negócios entre empresas brasileiras e chinesas, e com o grande volume de investimento chinês no Brasil”, comenta Paulino. Anualmente, o instituto organiza uma feira de recrutamento para empresas chinesas interessadas em brasileiros com conhecimento da língua local, e segundo ele, “o aumento da procura tem sido constante”.

De acordo com Paulino, “há uma procura muito grande de estudantes brasileiros por cursos de pós-graduação na China”, graças à projeção e qualidade que as universidades do país vêm conquistando. De fato, no mais recente ranking mundial da QS, o país emplacou quatro instituições entre as 50 melhores universidades do mundo. São elas a Tsinghua University, a Peking University, a Zhejiang University e a Fudan University.

A importância do mandarim se reflete nessas perspectivas de estudo. O próprio Instituto Confúcio oferece bolsas de estudo para brasileiros interessados em universidades chinesas. “É uma oportunidade importante, e um dos requisitos comuns é que o aluno tenha um domínio mínimo da língua chinesa”, comenta Paulino.

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Ele acredita também que a guerra comercial que China e Estados Unidos travam atualmente, com cada país aumentando as tarifas para as exportações do outro, pode acabar trazendo ainda mais oportunidades para brasileiros que falem chinês. “A China diante desse quatro de disputa precisa procurar parceiros mais confiáveis, com quem possa ter relações mais estáveis. Então eu acredito que desde que o Brasil adote uma política correta, a tendência é que a China também veja no Brasil um parceiro mais confiável”, defende.

Perfil dos estudantes

No caso do inglês, há vários fatores culturais que contribuem para atrair estudantes. Músicas, filmes, séries e até mesmo empresas estadunidenses acabam levando pessoas a querer estudar a língua — além, é claro, das oportunidades de estudo e trabalho. No caso do chinês, Paulino reconhece que esses fatores não pesam tanto, embora ressalte que “há uma parcela considerável de pessoas que querem aprender o chinês por questões de afinidades culturais, como artes marciais ou tai chi chuan”.

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Além disso, o fato do instituto funcionar em parceria com a universidade também contribui para que boa parte de seus alunos venha dessa comunidade acadêmica, que percebe a importância do mandarim para suas carreiras. Eles encaram, no entanto, alguns desafios. Afinal, a língua é escrita com ideogramas (desenhos que representam ideias) sem muita relação com seu som. Com isso, o aluno precisa aprender a ler e a falar simultaneamente.

Proximidade crescente

Embora o mandarim ainda esteja longe de dominar as rádios e a Netflix como o inglês domina atualmente, Paulino acredita que Brasil e China devem se aproximar bastante nos próximos anos — e não apenas por causa de brasileiros interessados em aprender chinês.

“Hoje na China tem mais de 30 universidades oferecendo cursos de graduação em português. Isso é mais do que o número de universidades brasileiras oferecendo graduação em mandarim”, conta. O crescimento dos investimentos chineses no Brasil é um dos motivos por trás desse interesse.

Também há a oportunidade de que o nosso país mire no mercado consumidor chinês quanto a turismo. A cada ano, mais de 150 milhões de chineses saem do país para viajar a lazer, e uma parcela ainda muito pequena deles vem ao Brasil. Com o crescimento do poder aquisitivo dessa população, atraí-los para o país pode gerar bastante dinheiro. Diante dessa oportunidade, a importância do mandarim fica ainda maior.

Aprender mandarim

Apesar do crescimento do país, ainda há bem menos recursos gratuitos para aprender mandarim do que para inglês, por exemplo. O fato de ser um idioma mais distante do nosso, quando comparado com o Inglês ou Espanhol, e utilizar os caracteres chinês, um dos sistemas de escrita em uso mais antigos do mundo, são alguns dos motivos para ainda ser pouco aprendido pelos brasileiros. O Mandarim é uma língua tonal, o que significa que a entonação das sílabas pode alterar o seu sentido. Veja abaixo alguns recursos que podem te ajudar:

Clube de Chinês/Pula Muralha

Brasileiros interessados em aprender mandarim precisam conhecer o Clube de Chinês, criado a partir do Pula Muralha, o maior canal do YouTube dedicado ao ensino do idioma da China para brasileiros. Criados pela Si Liao (ou Si Si, para os conhecedores), chinesa radicada no Brasil, tanto o site quanto o canal não fica só no ensino da língua, mas também fala sobre as diferenças culturais entre o Brasil e a China.

Mas há também vídeos dedicados a questões mais focadas na língua e que são uma ótima introdução para quem ainda está dando os primeiros passos no mandarim. Além de ser uma boa ferramenta de aprendizado do idioma, o Pula Muralha também acaba sendo uma excelente janela para brasileiros a uma cultura que, embora esteja cada vez mais presente no mundo, ainda é distante da nossa realidade e, por isso, acaba frequentemente sendo mal representada.

Chineasy

O Chineasy é um aplicativo de estudo de idiomas voltado especialmente para quem quer aprender mandarim e ainda não sabe nada do idioma. Ele usa desenhos fofinhos para ajudar o estudante a memorizar o significado de alguns dos principais ideogramas, e oferece uma séride de jogos por meio dos quais os usuários podem praticar a língua.

Além de ajudar a reconhecer algumas das principais palavras na língua, o app também tem um recurso de reconhecimento de fala que permite que você treine a sua pronúncia. O aplicativo oferece também uma modalidade premium, na qual o usuário precisa pagar num modelo de assinatura, mas a versão gratuita já tem recursos suficientes para você começar.

Memrise

O Memrise é um app semelhante ao Duolingo (que aliás também permite aprender mandarim de graça), mas ele também tem um site por meio do qual é possível estudar online. Suas aulas misturam perguntas de identificação de ideogramas com compreensão auditiva. Algumas delas até trazem vídeos curtinhos de falantes nativos e pedem que você identifique o que eles estão falando (e essas vão desde palavras bem simples até frases mais complexas).

Mas se você quiser, também pode baixar o aplicativo no celular e continuar estudando por lá do mesmo ponto em que parou. Ele tem um controle que permite desativar perguntas de áudio, o que é bem útil caso você esteja sem fone de ouvido em algum lugar público. E também tem alguns recursos de interação social por meio dos quais você pode comparar o seu aprendizado com o de outros amigos que usem o app.

Skritter

Aprender a identificar ideogramas, pronunciar palavras e entender o que as pessoas estão falando em mandarim é importante. Mas e se você quiser treinar para escrever os caracteres chineses você mesmo? Nesse caso, um aplicativo como o Skritter vai ser muito útil. Ele funciona, aliás, tanto para quem quer aprender mandarim quanto para quem estuda japonês, uma vez que os ideogramas são os mesmos, ainda que com significados diferentes.

Além de aulas incluídas no próprio aplicativo, ele permite que o estudante treine a escrita dos caracteres usando o dedo para desenhar na tela do celular. Uma vez que essa técnica é necessária para quem pretende fazer os exames de proficiência de mandarim da HKS, ele também permite que você treine com exercícios tirados diretamente de exames passados. E para quem tem um bom conhecimento de inglês, a empresa por trás do app também tem um canal bem interessante no YouTube.

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