Já ouviu falar de Oxbridge?
Por Renato Moraes
O termo Oxbridge provavelmente não traz nenhum significado para o ouvido brasileiro. No Reino Unido, porém, o vocábulo é bem comum e faz referência às Universidades de Oxford e Cambridge, e evoca algo que integra a essência do povo que habita aquele lado do Canal da Mancha: a tradição.
Não é exagero afirmar que as universidades tiveram influência decisiva no curso da história da humanidade
De fato, Oxford e Cambridge integram o grupo de instituições seculares – às vezes, milenares – que formam os pilares da sociedade britânica. Para se ver quão tradicionais as universidades são, basta verificar que elas foram fundadas, respectivamente, em 1096 e 1209, enquanto a Igreja Anglicana – a principal daquele país – se iniciou apenas em 1534, ocasião na qual Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica.
Como visto, Oxford foi fundada primeiro. Trata-se da terceira universidade criada em todo o planeta, ficando atrás apenas de Bolonha e Paris. Cambridge, por sua vez, é uma dissidência de sua coirmã, o que originou uma rivalidade – não apenas na esfera acadêmica, mas também no âmbito esportivo –, e que falarei em outras colunas.
Ao longo dos séculos, ambas as universidades acabaram se convertendo em fonte de ebulição do pensamento e da criatividade humana. Tantos são os fatos relevantes que podem ser atribuídos a essas instituições, que não é exagero afirmar que elas tiveram influência decisiva no curso da história da humanidade.
Oxford é responsável pela formação de 26 primeiros-ministros britânicos, incluindo o atual, David Cameron, além de Tony Blair e da controversa Margareth Thatcher. Por lá também passaram Bill Clinton e outros líderes mundiais, como Tony Abbott, atual primeiro-ministro da Austrália.
Oxford é responsável pela formação de 26 primeiros-ministros britânicos, incluindo o atual, David Cameron, além de Tony Blair e da controversa Margareth Thatcher
Já Cambridge teve em seus quadros Isaac Newton, que revolucionou o pensamento sobre a gravidade. Também constam de seu rol de estudantes e pesquisadores Charles Darwin e a teoria da evolução, Francis Crick e James Watson, que descreveram a estrutura do DNA, além de Stephen Hawking, e as explicações acerca da origem do universo. Este, aliás, fez a graduação em Oxford, mas cursou doutorado em Cambridge, onde posteriormente se tornou professor. O interessante filme que conta sua vida possui diversas cenas filmadas na cidade, e ilustra bem não apenas a beleza do local, como também o agitado cotidiano acadêmico e social da universidade.
Também foi em Cambridge que os estudantes passaram, em meados do século XIX, a se entreter disputando – ora com as mãos, ora com os pés – jogos que acabaram originando o futebol e o rúgbi, e que constituíram posteriormente a base do futebol americano nos Estados Unidos.
Essa efervescência inesgotável do pensamento originou até clássicas histórias infantis. Por mais surpreendente que seja, foi em Oxford que o então estudante de matemática Charles Lutwidge Dodgeson, posteriormente conhecido como Lewis Carroll, conheceu Alice Liddell, inspirando-se nela para escrever o conhecido Alice no País das Maravilhas.
Cambridge, também neste ponto, não fica atrás. A biblioteca Wren, do Trinity College, mantém, dentre outras obras raríssimas, os manuscritos dos primeiros livros do Ursinho Pooh, que se tornou posteriormente famoso ao redor do mundo.
Esses fatos ilustram bem o espírito de Oxbridge. Mais do que meras curiosidades, eles conferem uma ideia inicial sobre a atmosfera das duas mais conhecidas e tradicionais universidades britânicas, as quais – a par da inquestionável excelência acadêmica – constituem centro de incessante inovação e de desenvolvimento do raciocínio em todos os ramos do conhecimento.
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Este texto é assinado pelo advogado Renato Moraes, bolsista da Fundação Estudar, mestre pela Universidade de São Paulo (USP) e com LL.M. (mestrado em Direito) pela Universidade Cambridge.
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