Por Andrea Tissenbaum, do Blog da Tissen
Estudar fora depois de formado pode ser uma experiência transformadora, uma oportunidade única de aprender mais e mudar a sua vida. A seguir, a jornalista Danielle Yura, hoje mestranda em Ciências Humanas e Sociais na Universidade Federal do ABC (UFABC), conta como foi trabalhar e estudar nos EUA aos 23 anos:
“A decisão de fazer um intercâmbio foi tomada num momento de descontentamento profissional, em 2008. Comecei a trabalhar cedo na área em que me formei, Jornalismo, e, aos 23 anos, me vi muito cansada daquela rotina de 12 horas de trabalho, incluindo muitos finais de semana e feriados. O desgaste físico e mental acarretou um descontentamento com a profissão e cheguei a cogitar mudar de área.
Minhas experiências enquanto intercambista duraram apenas seis meses, mas sei que vou usar pra toda a vida o aprendizado que obtive em terras estrangeiras
Foi nesse período que decidi juntar todas as economias e apostar num sonho de adolescente: trabalhar na Disney. Não sabia sequer se era viável, pois nunca havia conhecido ninguém que tivesse feito isso. A primeira busca foi pela internet. Procurei agências que ofereciam pacotes de intercâmbio e li o máximo de relatos de experiências. Por desconfiança, confesso, fui pessoalmente à agência, na capital paulista.
Para minha surpresa o trâmite foi muito mais rápido do que imaginei. Foram dois meses e meio entre o primeiro contato e a viagem. Nesse período (julho a outubro de 2008) fui submetida a duas entrevistas bem informais em inglês. Tive que reunir documentos como currículo, passaporte e preencher diversas fichas nas quais identificava as minhas preferências de trabalho e também de estudo. Além de querer trabalhar em um dos parques da Disney World, o Magic Kingdom, eu queria fazer um curso de extensão universitária em Hospitalidade. Tinha planos de ser jornalista em uma revista de viagem quando retornasse ao Brasil.
É impossível descrever como apenas seis meses são capazes de mudar sua vida. O choque cultural me fez despertar para coisas que nunca haviam passado pela minha cabeça.
Assim que cheguei, percebi que o inglês que havia aprendido não era suficiente – eu não entendi nada na primeira palestra que assisti! Duas semanas depois meus ouvidos já estavam bem mais acostumados com o idioma e a comunicação foi se tornando cada vez mais fácil.
Em seguida fui para o apartamento que dividi com outras meninas. Éramos três brasileiras, duas taiwanesas e uma francesa. As primeiras semanas de convivência foram de ajustes. As diferenças culturais eram realmente enormes e o ganho dessa convivência foi espetacular.
Acredito que nunca é tarde para se ter uma experiência internacional. Aos 23 anos, tive a maturidade de absorver questões sociais que talvez não seria capaz de aprender se fosse mais nova
Na University of Central Florida, onde tinha aulas todos os sábados, enfrentei o desafio de apresentar atividades em inglês. No estágio, tive o privilégio de conhecer o sistema de trabalho da maior empresa de entretenimento do mundo. A organização, aliás, não deixa dúvidas de que você está num ambiente muito profissional. As relações entre nós, estagiários, e os superiores também me deixou bastante assustada, pois é muito diferente da hierarquia quase dogmática do Brasil.
O intercâmbio foi, sem dúvida, meu maior investimento cultural que, posteriormente, culminou num ganho profissional e acadêmico. Minhas “roomies” continuam sendo grandes amigas. Em 2012, passamos um mês juntas na casa da Elodie, a francesa, e fizemos um tour pela Europa. Em 2014, recebi a Elodie em casa. Assistimos juntas aos jogos da Copa do Mundo e viajamos pelo Brasil.
Minhas experiências enquanto intercambista duraram apenas seis meses, mas sei que vou usar pra toda a vida o aprendizado que obtive em terras estrangeiras. Na bagagem de volta trouxe um novo modo de enxergar o mundo, mais relax, mais tolerante e com muito mais vontade de contribuir para o desenvolvimento do meu país, importando o que aprendi de melhor na convivência com pessoas de diferentes partes do mundo.
Acredito que nunca é tarde para se ter uma experiência internacional. Aos 23 anos, tive a maturidade de absorver questões sociais que talvez não seria capaz de aprender se fosse mais nova. Hoje também vejo como foi importante ter escolhido uma empresa séria e já ter definidos trabalho, acomodação e universidade antes de embarcar. Quando cheguei lá, foi só colocar a mão na massa!”
Este texto foi originalmente publicado no Blog da Tissen
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