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Kellogg, um MBA para se chegar mais longe

executivos em reunião

O paulistano Leonardo Byrro, de apenas 33 anos, está entre os cinco mais jovens presidentes de empresas listadas na Bovespa. Ele é CEO da Cremer, empresa referência em produtos de cuidados com a saúde e investida da Tarpon, uma das principais gestoras de recursos do Brasil. Para chegar tão cedo ao cargo, Leonardo conta a seguir em que pesou ter um MBA no currículo. Como bolsista da Fundação Estudar, ele passou dois anos na Kellogg School of Management, nos Estados Unidos.

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Descoberta
Leonardo entrou na faculdade aos 18 anos, para estudar Engenharia Eletrônica na Escola de Engenharia Mauá. Durante o curso, fez estágios em grandes empresas de tecnologia, como HP e Microsoft, onde trabalhava em área técnicas. Depois de um tempo, ele percebeu que não era bem aquilo de que mais gostava. “Consegui migrar, na própria Microsoft, para um setor de inteligência de mercado, onde lidava com números e estratégias. Vi que era esse o rumo que queria seguir”, conta.

Sao Paulo, 20/02/2008 Leonardo Byrro (Skol) Fotos: Fernando Cavalcanti
Para Leonardo, o MBA foi uma experiência completa: acadêmica, profissional e pessoal

Quando se formou, buscou complementar os estudos com uma pós em Marketing. Seu desejo era trabalhar em uma grande organização. Para tanto, candidatou-se a vários programas de trainee. Recebeu algumas ofertas e optou pela Ambev, onde permaneceu por quase cinco anos. Lá, passou por várias áreas: vendas, operações, marketing e administração. “Foi essencial ir para a rua, ver as coisas acontecerem na prática, para mais tarde conseguir tomar decisões estratégicas, propor mudanças para as marcas e entender melhor o impacto das minhas próprias sugestões. Foi uma fase de aprendizado riquíssima”, diz.

Enquanto estava na Ambev, a própria empresa promoveu cursos de curta duração fora do Brasil, em parceria com a Fundação Estudar. Leonardo foi um dos jovens talentos escolhidos para participar e passou algumas semanas em Kellogg. “Essa experiência me despertou a vontade de estudar nos EUA depois, porque conheci um modelo bem diferente de ensino. No Brasil, o professor dá uma palestra, e os alunos ouvem, mais do que participam. Lá, os alunos são incentivados a debater e precisam se preparar para cada aula”, lembra.

Dois anos depois do curso em Kellogg, Leonardo tinha conquistado um bom cargo na Ambev: assumiu a gerência de produtos da Skol. Mesmo assim, em determinado momento, sentiu que era a hora de voltar aos EUA e complementar os estudos com um MBA. “Não foi uma decisão fácil, mas, uma vez tomada, fiz um pacto comigo mesmo de que não mudaria de ideia . Era o momento de repensar a minha carreira”, diz. Ele reforça que decidir fazer um MBA fora deve ser um projeto de vida, e não pode ser motivado apenas por salário ou promoção. “É uma experiência completa: acadêmica, profissional e pessoal”, afirma.

Aposta
Quando planejava se inscrever no MBA, Leonardo conversou com o empresário Marcel Telles, um dos sócios da Ambev, e pediu algumas recomendações. “Ele me disse que, no momento em que estava, o sucesso poderia ser meu maior inimigo. Eu era novo, estava em uma posição bacana, em uma grande empresa. Que era bom que eu parasse um pouco para refletir sobre todas possibilidades profissionais para não me frustar em alguns anos ao ver que deixei passar alguma oportunidade”, aponta. Confiante de que tinha deixado as portas abertas na Ambev, ele até considerava a possibilidade de voltar para a empresa depois de fazer o MBA.

Antes de aplicar para o curso, Leonardo fez uma ampla pesquisa de possíveis escolas no mundo todo e foi aprovado em algumas delas. O que pesou na sua escolha pela Kellogg School of Management foi o fato de ser uma escola generalista, que forma profissionais menos especialistas em uma área, que era o que ele queria. Além disso, já conhecia o campus e tinha tido uma boa experiência por lá. Outro fator teve a ver com um projeto pessoal: ele se casou um pouco antes de prestar o MBA e, em Kellogg, sua esposa teria a vantagem de assistir às aulas na escola como observadora.

Leonardo acabou ganhando uma bolsa parcial da Fundação Estudar e financiou o restante do curso com a universidade americana. À época, ele tinha 28 anos – a média de idade de estrangeiros nos cursos de MBA americanos. “Ter de quatro a seis anos de experiência antes de fazer um MBA é o ideal. Quem vai muito cedo acaba perdendo a oportunidade de aproveitar os debates da melhor maneira. Geralmente, o jovem ainda não tem uma motivação concreta que o ajude a direcionar o aprendizado”, afirma.

Diversidade
Para Leonardo, o grande diferencial de fazer o MBA fora do Brasil não é o conteúdo, mas o formato das discussões durante as aulas. “Na década de 1970, quem ia fazer um MBA no exterior voltava com teorias nunca antes ouvidas aqui no Brasil. Com a internet, grande parte do conteúdo discutido nos MBAs pode ser acessado de qualquer lugar do mundo. A maior vantagem de estar lá é poder compartilhar seu ponto de vista e ouvir outros muito distintos. A forma como um indiano ou um israelense enxerga um problema é completamente diferente da visão do brasileiro. Eu jamais pensaria pelo mesmo lado!”

Durante o MBA, Leonardo também teve a oportunidade de fazer um intercâmbio em Singapura por três meses, que era optativo. “Foi uma grande experiência. Dificilmente eu conseguiria ter um acesso tão próximo às relações culturais e de negócios na Ásia. O MBA também me possibilitou fazer contatos com algumas empresas internacionais, para as quais eu e outros alunos de Kellogg trabalhamos em alguns projetos

Foco
Ao longo do curso, os objetivos de Leonardo também mudaram. “Antes, achava que passaria um tempo na China depois do MBA. Mas acabei vendo que a experiência que tive faria muita diferença para ajudar a transformar o Brasil, mais do que qualquer lugar do mundo. Meu sentimento empreendedor também voltou muito maior: eu queria deixar um legado. Não só fazer parte da história de uma empresa, mas ser o autor dela. Comecei a buscar alternativas, como montar meu próprio negócio. Cheguei a escrever vários planos, mas nada me fazia brilhar os olhos”, afirma.

No fim, a Tarpon abriu o caminho que ele buscava para ajudar a construir empresas com potencial de crescimento, com uma visão de longo prazo. “A empresa é formada por uma turma muito jovem, que pensa muito parecido. Acabei crescendo rápido e assumindo a presidência da Cremer porque estou no meio de pessoas que apostam umas nas outras”, destaca. “O MBA sozinho não faz uma trajetória se acelerar. Mas, se não fosse pelo curso – não pelo selo, mas pela experiência como um todo –, talvez não estivesse hoje exatamente no lugar em que eu gostaria de estar.”

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