O carioca Luiz Fernando Gomes, de 20 anos, gosta de dizer que a sua vida se divide entre antes e depois de 2007, ano em que um tio o convidou para assistir um espetáculo de manobras aéreas na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro. “Eu só havia visto aviões pela TV e fiquei muito impressionado. Era tudo tão lindo que eu não conseguia ter reação. Saí do evento determinado a ser piloto”, conta.goosepjsjacka
Assista ao vídeo do Luiz e ajude-o a estudar no Flórida Institute of Technology
Meu mundo caiu pela primeira vez. Tinha decorado tudo o que era necessário para ser piloto e tinha certeza que não poderia ser míope
Concluído o ensino fundamental, decidiu que não iria fazer o ensino médio regular, mas sim estudar para o concurso da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), destinada a jovens que querem ser pilotos militares. “A taxa de admissão da escola é uma das mais baixas no Brasil e eu estudava de domingo a domingo, mais de 12 horas por dia, para passar”, lembra.
Dois meses antes da prova, no entanto, Luiz foi diagnosticado com miopia . “Meu mundo caiu pela primeira vez. Tinha decorado tudo o que era necessário para ser piloto e tinha certeza que não poderia ser míope”, conta. Ainda assim, ele fez a prova e quase foi aprovado.
Jovens fazem ‘vaquinha’ para estudar nas melhores universidades do mundo
Convenceu os pais — com muito sacrifício, diga-se — que precisava de mais um ano de cursinho preparatório e que, se fosse aprovado na prova escrita desta vez, faria uma cirurgia a laser para corrigir a deficiência visual. Tudo por um sonho. A primeira parte do plano saiu como o planejado, já a segunda… “Passei na fase escrita e comecei a procurar oftalmologistas para realizar a cirurgia a tempo da avaliação física. Fui em três médicos e todos me disseram a mesma coisa: ‘Você é novo demais, sua miopia não está estabilizada, e não podemos operá-lo'”, narra. “Meu chão desabou pela 2ª vez. Fiquei sem rumo.”
Quer saber como o Luiz superou os traumas, deu a volta por cima e agora vai estudar Engenharia Aeroespacial no Instituto Tecnológico da Flórida, nos Estados Unidos? Leia a entrevista a seguir:
Achava que fazer a graduação fora era coisa para gênios e gente milionária
Depois desses dois anos de muita dedicação e de grandes decepções, como você deu a volta por cima?
Depois de muito lamentar, comecei o ensino médio no Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (CEFET-RJ), afinal, já estava dois anos atrasado. Logo no 1º ano descobri as olimpíadas científicas e ganhei medalha de ouro na área de astronomia. Isso reacendeu aquela vontade de estudar o céu…
Mas você ainda não pensava em estudar nos Estados Unidos…
Não exatamente. Sempre fui um bom aluno, mas não o mais estudioso da sala. Achava que fazer a graduação fora era coisa para gênios e gente milionária. E isso é bem diferente da minha realidade: meu pai é professor de educação física e minha mãe é recepcionista. Temos uma vida modesta! Comecei a considerar essa possibilidade somente depois de conhecer pela internet alguns brasileiros que estavam em Harvard. Percebi que não era algo impossível.
O que foi mais difícil no processo de application (candidatura)?
Um desafio grande foi aprender inglês. Até entrar no CEFET eu não sabia praticamente nada e meus pais não tinham condições de me pagar um curso. Tive que aprender sozinho em pouco mais de dois anos para poder realizar o SAT (uma das principais provas de admissão). Eu acordava mais cedo todos os dias só para ouvir rádio em inglês, assistia filmes repetidos — uma vez em português e outra em inglês —, e devorava gramáticas.
Meu pai é professor e minha mãe recepcionista. Não temos condições de bancar o custo da universidade
Depois de todo esse esforço, qual a sensação de ter sido aprovado no curso de Engenharia Aeroespacial no Florida Institute of Technology? Desistiu de ser piloto?
Acho que estudando engenharia aeroespacial poderei contribuir muito mais com o Brasil do que sendo piloto. Foi muito gratificante ter sido selecionado por uma das melhores universidades do mundo e isso me mostrou que todas as vezes que deixei de sair e acordei mais cedo para estudar valeram a pena. Não é preciso ser gênio para ser aprovado (risos). Com muito esforço e dedicação, a gente chega lá.
Dentre os 17 participantes do Crowdfunding Estudar Fora, você é um dos que tem a meta de arrecadação mais alta (R$29.945). Agora o desafio maior é monetário?
Sim. O custo da anuidade na universidade é de US$ 37.240,00. Felizmente, consegui uma bolsa de US$ 19.000. Minha família, com muito esforço, conseguirá me ajudar com cerca de R$ 10.000 por ano. Ainda faltam, porém, os custos com moradia e alimentação. Por isso, peço ajuda de quem puder colaborar. Estou em busca também de patrocínios e parcerias com empresas.
A história de Luiz Fernando já foi destaque em diversos veículos de mídia: O Globo, UOL, G1, Band, ESPBR