O que as pessoas do mercado financeiro vão estudar no exterior
A primeira imagem que vem à cabeça de muita gente, ao pensar no mercado financeiro, tem a ver com a compra e venda de ações. Mas o cenário é muito mais complexo do que isso. Quando se fala em mercado financeiro, devem ser incluídos no assunto bancos de investimento, seguradoras, gestoras e bancos de varejo.
E, com um contexto tão diverso, a área oferece uma gama ampla de oportunidades a diferentes perfis de profissionais. Quem se sente atraído pela adrenalina da bolsa de valores, por exemplo, pode trabalhar em corretoras que acompanham o mercado minuto a minuto para saber o melhor momento de comprar e vender ações. Os interessados em administração de empresas, por sua vez, podem buscar bancos de investimento que trabalham com processos de reestruturação de companhias ou até mesmo aquisição de startups.
Só que, para quem se interessa em mercado financeiro, qual a formação ideal? Não faltam engenheiros, administradores e economistas na área, a princípio. E, para aperfeiçoar os conhecimentos nesse campo, há quem invista em cursos no exterior, sejam MBAs em universidades estrangeiras ou outras opções de pós-graduação.
Afinal, o que profissionais do mercado financeiro estudam no exterior?
Depende do candidato, de seus interesses dentro do setor e dos objetivos buscados com o período no exterior. Com tantas variáveis em jogo para quem dá os primeiros passos na carreira, vale refletir sobre quais áreas são mais atraentes – sejam discussões macroeconômicas, sejam investimentos em tecnologia.
“O melhor caminho é entender quais sãos as opções disponíveis dentro do mercado financeiro e ‘testar’ uma ou duas delas, para ver qual interessa mais”, aconselha o engenheiro mecânico Eduardo Vasconcellos, que fez seu MBA na Stanford Graduate School of Business. Hoje, ele trabalha como investment associate do Capricorn Investment Group, empresa americana que atua em investimentos de impacto.
Vale reunir informações sobre as aulas na universidade de interesse, bem como detalhes sobre as disciplinas disponíveis. As instituições que lideram os rankings universitários, em geral, oferecem bons programas de MBA — mas a forma como o conteúdo é apresentado pode se adequar melhor a um perfil de candidato ou outro.
Outro caminho para saber quais cursos no exterior serviriam melhor aos objetivos do candidato, dentro no mercado financeiro, é conversar com profissionais da área. “As pessoas são solícitas a ajudar quem tem iniciativa, estão dispostas a conversar, nem que seja por vinte minutos”, explica Eduardo, que destaca a importância de “gastar sola de sapato” para aprender mais sobre o mercado. “Quem com 15 anos decide que quer fazer investimento em ações?”, brinca Eduardo. Conversas com mentores, bate-papos com gente da área e cursos sobre o setor financeiro servem de base para quem deseja estudar fora.
Quais as vantagens de estudar no exterior, então?
Logo de cara, a formação em universidades estrangeiras oferece vantagens como networking e conhecimento técnico na área. “Eu não conseguiria ter acesso às oportunidades que às quais fui apresentado, se não fosse pelo MBA”, conta Eduardo. O job board das universidades, por exemplo, recebe vagas exclusivas para seus alunos.
Quanto aos aspectos técnicos, o brasileiro explica que, mesmo para os novatos no setor, as disciplinas do MBA ajudam muito. Não só por apresentar a teoria sobre finanças, mas também por dar noções sobre a “vida real” de quem atua nesse campo. “O aluno é exposto a investimentos reais, a como a matéria se aplica de verdade, e sai um pouco da parte teórica”, sintetiza Eduardo, que buscou também no MBA conhecimentos em contabilidade.
Professores especialistas no assunto também contam como diferenciais. Em uma mesma aula de Stanford sobre Fusões e Aquisições, os estudantes aprendiam tanto com um professor especialista em pesquisa na área, quanto com o CEO da Oracle. Entram em cena conceitos técnicos e, claro, histórias sobre negociações e exemplos do dia a dia no setor.
Para estudar fora e ter acesso a esse tipo de oportunidade, a chave é planejamento. Separar dois anos para se preparar, reunir as habilidades necessárias no currículo para ser um candidato competitivo. “O MBA é um projeto de longo prazo”, conclui Eduardo.