Depoimento de Diego Werneck, brasileiro que fez mestrado em Yale, a Ana Pinho
É interessante ver que países têm tradições diferentes. O que me atraía nos Estados Unidos era o foco nos problemas: lá você pode ter discussões bastante abstratas, mas há um compromisso com a construção de uma agenda de problemas concretos de políticas públicas, seja no desenvolvimento de regras ou na aplicação delas. Esse estilo e essa concepção do papel do pesquisador me empolgavam bastante.
Por que escolher o mestrado em Yale
Embora Yale sempre tenha sido minha primeira opção quando apliquei, aos 25 anos, enviei minha candidatura para várias universidades. Enfatizo que, se não tivesse sido aceito em Yale, teria ido para uma das outras porque aquele era o momento certo. Era o tempo para uma reinvenção. Estava na passagem entre o mestrado e o doutorado, que é um compromisso de muitos anos com um tema, e não queria estudar no Rio de Janeiro a vida inteira. Acabei fazendo ambos em Yale – onde estive de 2007 a 2011 e como bolsista da Fundação Estudar durante o LL.M. –, sempre escrevendo sobre o Brasil.
Antes de mais nada, o mestrado em Yale mudou o jeito que eu me via. É como se, até aquele momento, eu estava tão imerso em certas ideias e hábitos que nem os reconhecia mais como parte de mim. Quais ideias que eu trouxe eram típicas, quais deveriam ser repensadas, quais eram interessantes? Enraizar-se em um lugar com pessoas e preocupações de diversas partes do mundo me faz repensar tudo, tanto pessoal quanto profissionalmente.
Volta ao Brasil
A recepção na volta foi boa. A área do Direito, no entanto, ainda é muito conservadora no Brasil. Alguns segmentos valorizam esse tipo de experiência, mas outros ainda associam estudar fora – seja na Itália, na França, na Alemanha – com ir para lugares onde há 80 anos foram escritos os livros que formaram as gerações de juristas.
Em Yale, por exemplo, estudei com um dos maiores constitucionalistas americanos, mas não foi para isso que eu fui. Fui para aprender a fazer pesquisa de maneiras que me interessavam e aprender um estilo para enfrentar meus desafios.
Meu sonho é o sonho grande do acadêmico: poder contribuir com ideias que façam a diferença. Retornei ao posto de professor na Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio, e estou aqui tentando mudar as coisas que não gosto e aproveitando aquelas de que gosto. A carreira acadêmica é uma maratona de duas ou três décadas e estou em busca do meu espaço. Quero mostrar que sou capaz de escrever de maneira criativa e útil sobre os problemas brasileiros.
Sobre Diego Werneck
Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, Diego Werneck é formado em Direito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e cursou LL.M. pela Yale Law School, em 2007. É bolsista da Fundação Estudar.
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