Como funciona e quanto custa um mestrado na Europa
Para fazer um mestrado na Europa é necessário ponderar uma série de questões, entre elas quais são as expectativas em relação ao que deseja estudar, quais objetivos quer alcançar com essa formação e quanto custa essa experiência.
De um modo geral, no Brasil temos duas opções que configuram um título de mestre: o mestrado acadêmico ou o profissional (regulamentado em 2009), reconhecidos como cursos stricto sensu e duração de dois a dois anos e meio. Outras certificações, como um MBA, por exemplo, são considerados especialização em pós-graduação.
Na União Europeia, cada país do bloco tem autonomia para oferecer especializações como MBAs e eventuais cursos à distância, mas todos os programas considerados ciclo do ensino superior são unificados e construídos a partir das regras estabelecidas pelo Tratado de Bolonha.
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Entre as regras principais do tratado, está uma que estabelece que em todos os níveis do ensino superior o aluno recebe um “apanhado” de matérias na grade curricular ao início do curso, para depois decidir qual caminho de especialização seguirá. Após concluir essa etapa, o estudante direciona os objetivos conforme a afinidade com determinado assunto.
Como funcionam os mestrados na Europa
O Tratado de Bolonha padronizou o sistema de ensino superior europeu e reorganizou a formação após a graduação. Algumas diretrizes do tratado considera que o aluno deve ter as próprias competências e a aprendizagem ao longo do curso avaliadas por palestras e trabalhos, além das tradicionais provas. Geralmente, além dos exames que finalizam determinada etapa, são aplicados testes gerais ao final de cada ciclo para certificar que o mestrando pode seguir adiante.
Tratado de Bolonha
De projeto iniciado em 1999, o Tratado de Bolonha ou (também processo ou declaração de Bolonha) surgiu como uma iniciativa de unificar o sistema de ensino superior ao longo de todo o bloco europeu, promovendo assim a mobilidade e um continente mais competitivo, abrangente, transparente e acessível à todos que lá residem.
Assinado inicialmente por 29 países (incluindo o Reino Unido), o tratado atualmente consiste em 48 nações integrantes, mais a Comissão Europeia. O ensino superior tornou-se muito mais simplificado, permitindo a universitários e docentes a adaptação menos burocrática ao migrar para outra localidade durante o programa. Esse tratado beneficia muito os mestrados na europa, já que um título obtido em um país da união será facilmente reconhecido pelos demais.
A reforma foi dada tendo como base valores-chave – como liberdade de expressão, autonomia para as instituições, grupos independentes de estudantes, liberdade acadêmica, livre movimentação de estudantes e funcionários.
Os Três Ciclos de Formação
Outro tópico bastante discutido sobre essa declaração tem relação com o chamado “Sistema dos Três Ciclos”, que padroniza a duração e a metodologia de ensino de todo o ensino superior na Europa – podendo ser levemente alterada de acordo com cada país. Com essa determinação, os cursos de licenciatura, que antes tomavam de quatro a cinco anos dos universitários, foram enxugados para três ou quatro. Além disso, muitos mestrados adquiriram um tom mais profissionalizante do que acadêmico, mudança muito criticada entre a comunidade acadêmica que teme que a mudança prejudique a qualidade das pesquisas científicas.
Os ciclos funcionam desse jeito:
1º Ciclo:
Equivalente ao bacharelado, o primeiro ciclo direciona à qualificação, a qual é obtida ao completar um programa de estudos de 180 a 240 ECTS (Sistema Europeu de Transferência e Acumulação de Créditos). O curso geralmente tem duração entre seis e oito semestres;
2º Ciclo:
Contendo entre 90 e 120 ECTS, o diploma de mestrado é obtido a partir do cumprimento de período mínimo de três a quatro semestres. Excepcionalmente, pode ser realizado dentro de um total de 60 créditos e duração de dois semestres, desde que a duração corresponda a uma prática estável e consolidada internacionalmente em determinada especialidade;
3º Ciclo:
Estipulado após 2003 (até então, o segundo ciclo incluía o mestrado e/ou doutorado), terceiro ciclo diz respeito ao doutorado com duração de cerca de 180 créditos, o que inclui ainda a elaboração de tese original e feita especificamente para este fim. O ciclo de estudos integrados conducente ao grau de mestre inclui de 300 a 360 créditos, bem como de 10 a 12 semestres curriculares.
Por fim, fazem parte do Tratado de Bolonha – e portanto aderentes ao sistema apresentado – os países: Albânia, Andorra, Armênia, Áustria, Azerbaijão, Belarus, Bósnia Herzegovina, Bulgária, Croácia, Chipre, República Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Geórgia, Grécia, Hungria, Vaticano, Islândia, Irlanda, Itália, Cazaquistão, Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Moldávia, Montenegro, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Rússia, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça, Sérvia, Macedônia, Turquia, Ucrânia e Reino Unido.
Quanto custa?
Os custos de um mestrado na Europa podem variar, pois o valor final pode mudar muito dependendo do país de destino escolhido. Os gastos, no geral, incluem custo de vida, despesas do dia a dia, mensalidades, material, taxas eventuais, vistos, equivalências etc. Já em relação às mensalidades dos programas, os cursos geralmente custam entre 8,000 EUR e 20.000 EUR por ano. Para calcular os custos de vida além das mensalidades, existe um site que calcula custo de vida pelo mundo e lista as cidades mais caras e mais baratas – confira neste link (disponível aqui).
Se a universidade em questão está em um país caro e que não oferece acordos bilaterais com o Brasil, procure por bolsas de estudos ou auxílios financeiros diretamente com a instituição para obter algum benefício ou ajuda de custo para mestrados na Europa.
Por último, é preciso se informar sobre a equivalência do diploma de graduação no país desejado, uma vez que o Brasil não faz parte do Tratado de Bolonha. No caso dos que pretendem estudar em Portugal, a universidades consideram automaticamente equivalentes diplomas de mestrado e doutorado, mas não de graduação, devendo o candidato brasileiro solicitar a equivalência ou reconhecimento de diplomas ao abrigo do Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a República Federal do Brasil.
* Este artigo utiliza informações do blog parceiro Já Fez as Malas.