Mestrado no México: veja como é a candidatura e quais são as bolsas disponíveis
Por Jéssica Ribeiro
Único país latino-americano da América do Norte, o México oferece vários atrativos para estudantes estrangeiros: O país é o berço de civilizações antigas, tem uma cultura rica e original, além de possuir paisagens que vão desde o Oceano Pacífico até os desertos do norte. Soma-se a isso a possibilidade de aprender espanhol e a diversidade de cursos oferecidos – para quem deseja fazer uma pós-graduação, por exemplo, são mais de 1800 opções entre mestrado, doutorado e especialização credenciados pelo PNPC, o programa nacional de qualidade de ensino.
O mestrado no México é um diferencial, pois aqui tenho contato direto com a cultura, com a língua, e com materiais de difícil acesso no Brasil
Na liderança do ranking das melhores universidades mexicanas está a Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM), a sexta melhor da América Latina e com um campus central que é Patrimônio Cultural da Unesco. Em segundo e terceiro lugar, respectivamente estão o Tecnológico de Monterrey e o Instituto Politécnico Nacional (IPN).
Foi por ver o México como uma forte influência dentro da América Latina que a brasileira Marcela Vieira se mudou para o país no início de 2015. Após se formar em Letras, ela conseguiu um intercâmbio para dar aulas de português em uma instituição mexicana. O projeto teve duração de 6 meses, mas Marcela decidiu permanecer no país e começar seu mestrado.
Para o processo seletivo, ela participou das mesmas etapas que os estudantes mexicanos: “Preenchi a inscrição e paguei a taxa requerida, depois fiz uma prova de conhecimentos gerais, como um vestibular no Brasil, na qual é exigida uma pontuação mínima para ser aceito no mestrado. Enviei um pré-projeto à comissão de avaliação juntamente com uma carta de motivação, duas cartas de recomendação, currículo e os documentos obrigatórios”, explica.
“Eles levam essa diversidade para a sala de aula”
Marcela faz mestrado em Investigações Humanísticas e Educativas na Universidade Autônoma de Zacatecas e conta que a estrutura do curso é parecida com a das universidades brasileiras. Há as linhas de pesquisa dentro do programa e cada aluno possui um professor orientador. A avaliação final de cada semestre é chamada de “seminário tese”, em que o estudante expõe seus avanços na dissertação até a presente data.
Sobre a experiência do mestrado, Marcela afirma estar em um processo de mudança como pessoa e profissional da educação. “Tenho aprendido a respeitar mais as diferenças e a entender antes de julgar. Os mexicanos têm uma formação da cultura nacional em partes igual à dos brasileiros, mas é justamente nas exceções que me vejo em situações difíceis, nas quais precisei lidar melhor com a tolerância. Por isso mesmo, admiro a história do México e estou percebendo que existem outras formas de levar a vida”, explica.
Segundo a estudante, outra vantagem dessa experiência é o fato de que o país é muito aberto aos brasileiros: “O México é um país riquíssimo e diverso em paisagens e cultura. Vejo que os cidadãos levam essa diversidade também para a sala de aula, o que sempre gera ótimas discussões e diferentes formas de aprendizado”. Para quem deseja fazer uma pós-graduação no país, Marcela aconselha pesquisar os órgãos mexicanos que oferecem bolsa, conhecer as universidades e até mesmo entrar em contato com os professores, pois podem ajudar na carta de recomendação ou tirar dúvidas em relação ao curso desejado.
Quando terminar o mestrado, Marcela pretende retornar ao Brasil e destaca a importância dos seus estudos para os projetos futuros: “Além do título ser exigido em muitos concursos para instituições públicas, o mestrado no México é um diferencial, pois aqui tenho contato direto com a cultura, com a língua e com materiais de difícil acesso no Brasil”. Ela, que ao retornar também deseja dar aulas de espanhol, explica que será preciso ter o mestrado validado pelo MEC. Para isso, é necessário solicitar a revalidação do diploma em uma instituição brasileira que ofereça o mesmo curso em área equivalente.
Confira órgãos que oferecem bolsa de estudo no México
AmexCid – Agência Mexicana de Cooperação Internacional para o desenvolvimento
Seus setores prioritários são meio ambiente, educação, infraestrutura, ciência e tecnologia. Por meio de cooperações internacionais, visa promover a erradicação da pobreza, a diminuição do desemprego, dentre outras ações.
Conacyt – Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia
Proporciona bolsas de pós graduação para estudantes estrangeiros em todas as áreas de conhecimento.
SRE – Secretaria de Relações Exteriores
Oferece bolsas de estudo juntamente com a AmexCid e o Conacyt. Informa e contribui para que o estudante estrangeiro esteja com as documentações corretas para estudar no México.
SEP – Secretaria de educação pública do México
A direção geral de Relações Internacionais (DGRI) do Ministério de Educação Pública (SEP) possui parceria com instituições mexicanas de ensino superior e oferece bolsas para estudantes estrangeiros.
OEA – Organização dos Estados Americanos
A OEA reúne os 35 estados independentes das Américas. O Programa de Bolsas Acadêmicas da OEA, criado em 1958, oferece anualmente bolsas de pós-graduação para diversas áreas e instituições.OEA – Organização dos Estados Americanos
É uma organização mexicana privada, sem fins lucrativos, que contribui para o desenvolvimento da América Latina, apoiando jovens e ajudando a custear a educação. A fundação também tem acordos de colaboração com instituições de crédito e outras empresas com as quais é possível complementar a bolsa de estudos.
* Foto: Marcela em uma plantação de agave, patrimônio da humanidade na cidade de Tequila, México / Crédito: acervo pessoal
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