Um semestre em cada lugar: brasileira fala sobre estudar nos EUA, Argentina, Coreia do Sul e Alemanha
A Universidade Minerva, em parceria com a Fundação Estudar, está oferecendo uma bolsa de estudos integral, que cobre os 4 anos do curso de graduação na instituição. A bolsa inclui os custos de anuidade e moradia do estudante, podendo chegar a 40 mil dólares, para estudantes aceitos para começar suas aulas em setembro de 2018.
A candidatura para a universidade pode ser feita em rounds, e o próximo prazo se encerra em 15 de janeiro de 2018 – como as candidaturas serão processadas à medida que forem recebidas, quem se candidatar mais cedo tem mais chances de ser selecionado. Acesse aqui a página de inscrição.
Já falamos bastante sobre a Universidade Minerva e sua metodologia diferente de ensino. Nesta publicação, a estudante Laura Bach, ex-aluna de Relações Internacionais da UFGRS e que agora integra a primeira turma da Minerva, fala sobre a sua experiência em um campus itinerante:
Minha experiência no “campus itinerante” da Minerva
Muita gente da minha idade sonha em viajar pelo mundo. Quando eu estava no último ano do Ensino Médio, freneticamente pesquisando jeitos de estudar fora sem gastar muito, eu me deparei com uma oportunidade: uma “universidade dos sonhos” liderada por um ex-reitor de Harvard, Stephen Kosslyn, que permitia aos seus alunos viajarem para 7 países diferentes durante 4 anos de graduação, tendo aulas com professores de altíssima qualidade e tendo oportunidades de se envolver em projetos acadêmicos e profissionais em cada um desses lugares. Tudo isso por menos de um terço do que as universidades tradicionais americanas geralmente custam e não muito diferente do custo de algumas universidades privadas no Brasil.
Três anos e quatro cidades depois, a vontade de viajar pelo mundo continua, mas a perspectiva muda. Aqui na Minerva, a universidade que tanto sonhei em entrar, a única constante na nossa experiência é a mudança, tanto física quanto pessoal.
O primeiro ano: São Francisco
O primeiro ano foi em São Francisco, onde o escritório da Minerva está localizado. É uma cidade maravilhosa, localizada próximo ao Vale do Silício, o maior centro de inovação no mundo. Foi em São Francisco que aprendi como a minha universidade funciona e quem são as pessoas por trás dela. Eu me conectei com novos colegas que passarão os 4 anos ao meu lado, interagi com Reitores e Professores que me abriram portas e participei de muitas atividades que realçaram nossa personalidade como a primeira turma da Minerva.
São Francisco é uma cidade relativamente pequena, compacta, mas agitada, fervente, com mil oportunidades – assim como o início da experiência na Minerva. Toda semana, às sextas-feiras, tínhamos eventos com organizações da cidade que compartilhavam o trabalho delas conosco. Conheci cantores da Ópera de San Francisco, empreendedores do Vale do Silício, o pessoal do Departamento Urbano da Prefeitura… Foram eventos em que aprendemos como a resolução de problemas, o foco do nosso currículo, é aplicado em diferentes áreas.
Em São Francisco, esses eventos na cidade eram próximos da gente e aconteciam com frequência, e por passar um ano inteiro lá, a adaptação foi tranquila. Morando sozinha pela primeira vez, os meus desafios foram mais pessoais: separo a roupa por cor para lavar? Como fast food mais uma vez ou cozinho algo saudável? Passeio ou assisto mais um episódio no Netflix? Foi lá que amadureci e me vi pronta para me virar sozinha.
Segundo ano: Berlim e Buenos Aires
Depois de um ano nos EUA e um inverno no Brasil de volta em casa, começou a verdadeira volta ao mundo. Se o foco em São Francisco foi em atividades que duravam uma tarde com start-ups e o pessoal do Vale do Silício, Berlim foi na direção contrária: tivemos parceiros de longo prazo pela primeira vez, e os eventos foram mais culturais e históricos, representando a essência alemã.
Participei de uma parceria com a Kiron, uma rede online que oferece educação a refugiados, e trabalhar diretamente com organizações relacionadas a refugiados me deu outra dimensão dos conflitos e intempéries que aquela região do mundo está passando. As atividades semanais não cessaram; de visitas a monumentos honrando as vítimas da Segunda Guerra a passeios por bairros históricos, como o bairro que serviu de inspiração ao musical Cabaret, Berlim mostrou como a humanidade lida com sua história e sua cultura. Lá entendi a importância de lutar por justiça depois de ver o horror do holocausto e a esperança dos refugiados.
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O próximo destino foi, na minha experiência, o ponto alto na Minerva: Buenos Aires. A cidade encantou a todos os meus colegas – e a mim também. Os argentinos estavam curiosos com os viajantes mundiais recém chegados, e tivemos atividades na cidade que nos permitiram expandir interesses profissionais. Dessa vez, ao invés de passar as tarde de sexta-feira em atividades diferentes, tivemos projetos que duraram o semestre inteiro e que permitiram uma interação profissional maior, além da possibilidade de entregar um projeto completo no final.
Meus colegas fizeram projetos com o Ministério de Educação da Argentina, com empresas como Microsoft, Globant, Telefônica e Mercado Libre, com fotógrafos de eventos musicais e revistas de moda, com pesquisadores sociais… Os contatos que fizemos na Argentina foram incríveis, e o pessoal acrescentou muita coisa ao portfólio e ao currículo profissional. Não foi apenas trabalho – Buenos Aires foi a cidade mais amigável para passear, já que era verão, e para explorar a vida noturna; uma cidade que incentiva ida a bares com amigos, festas dançantes, e caminhadas preguiçosas nos parques aos domingos. Foi lá que amadureci como uma profissional que precisava cumprir prazos trabalhando com os novos parceiros, mas que sabia que também tinha momentos para se divertir e curtir a vida.
Terceiro ano: Coreia do Sul e Índia
Nesse momento, escrevo esse texto olhando para o skyline de Seul, na Coreia do Sul. Percebo que não só eu cresci nessa jornada, mas que a Minerva também cresceu – fomos de eventos pontuais em São Francisco para parceiros de longo prazo nas outras cidades.
Organizações e empresas começaram a confiar em alunos da Minerva a ponto de nos deixar criar e explorar projetos durante todo o semestre junto a eles. Isso foi uma reflexão do currículo acadêmico, estruturado para ensinar práticas e habilidades usadas na vida real, no mundo lá fora, e não apenas conteúdo memorizado, além de uma reflexão de que nosso modelo de universidade, construído do zero por nós, está dando frutos.
Em Seul, meus colegas trabalharam com empresas como a SAP, Naver, Amazon e Google, grupos de finanças, laboratórios de ciência e tecnologia, entre diversas outras oportunidades. Eu me foquei no meu lado artístico, trabalhando com Artisan, uma start-up desenvolvendo uma “experiência de mistério” em Seul, e fui responsável pela criação do roteiro e história do projeto deles.
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O que mais me impressionou, porém, foi a cultura. O impacto cultural nunca foi tão grande – desde interações com esses parceiros profissionais a códigos de respeito e conduta, o jeito de pensar oriental difere muito do ocidental, e aprender as nuances da cultura coreana me fez ver interações humanas de outra forma. O respeito aos mais velhos, o apego às tradições (a ponto de ser notificada quando bebi uma bebida direto da garrafa, e não do copo, por ser desrespeitoso à cultura), a valorização do estético e da sociedade como comunidade, sem individualidades, me surpreendeu e me fez ver que não existe um “jeito certo” de se viver ou “algo correto” de se valorizar. Aqui, tive a chance não só de apreciar a cultura, mas de abrir a mente ao imergir nela e ver o mundo sob a perspectiva de um povo que passou pelo que eu não passei.
Foram 3 anos de viagem intensa, e ainda não acabou – Hyderabad, na Índia, é meu próximo destino. Daqui a 3 semanas embarco para meu sexto semestre na terra do Ghandi, e já estou ansiosa pelas mudanças culturais drásticas que ocorrerão por lá; Hyderabad é uma cidade muçulmana, e vai ser interessante ver o papel da religião numa sociedade tão espiritual historicamente.
… e o que vem pela frente
Viajar pelo mundo é muito interessante, mas também requer esforço. A Minerva não é para todo mundo. Certamente, esta necessidade de adaptação a diferentes culturas e de conhecer como as pessoas pensam de formas diferentes será muito útil para minha formação pessoal e profissional.
Aprendi a estabelecer prioridades, pois não é possível fazer tudo o que se quer em cada uma das cidades. É preciso aprender a selecionar dentre tantas opções atraentes, aquilo que nos interessa mais. Sentimos falta dos nossos familiares e amigos, mas construímos amizades para toda a vida na nossa turma da Minerva – além do suporte da equipe da minerva, presente em todas as cidades.
São esses desafios de encarar o desconhecido, entender o incompreensível, e precisar se virar em regiões tão diferentes, com uma comunidade para te apoiar nos momentos difíceis, que fazem da Minerva uma experiência especial. Quero alavancar pelo menos um pouquinho do que vivenciei e aprendi em cada país para contribuir com o futuro do meu próprio país.