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Brasileira que fez graduação em 6 países conta sua experiência em Londres

Lara Bach

Universidade Minervaem parceria com a Fundação Estudar, está oferecendo uma bolsa de estudos, que, em conjunto com outros benefícios de apoio financeiro da universidade, pode cobrir todos os custos dos 4 anos do curso de graduação na instituição. A bolsa pode chegar a 40 mil dólares para estudantes aceitos para começar suas aulas em setembro de 2019. O benefício é destinado a estudantes brasileiros que demonstrem excelência acadêmica e comprovem que não têm condições de arcar com o valor da anuidade.

A candidatura para a universidade pode ser feita em rounds, e o próximo prazo se encerra em 15 de janeiro de 2019 – como as candidaturas serão processadas à medida que forem recebidas, quem se candidatar mais cedo tem mais chances de ser selecionado. inscreva-se através deste link, que indicará que você conheceu a Minerva através do Estudar Fora.

Já falamos bastante sobre a Universidade Minerva e sua metodologia diferente de ensino. Nesta publicação, a estudante Lara Bach, ex-aluna de Relações Internacionais da UFGRS e que agora integra a primeira turma da Minerva, fala sobre a sua experiência em Londres:

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Sempre ouvi falar que toda a cidade de Londres deveria ser patrimônio da humanidade, pois une o melhor da antiguidade, com prédios cheios de história e tradição, a construções modernas, sustentáveis, e inovadoras: uma mistura perfeita entre o velho e o novo, o melhor dos dois mundos.

Desde que entendi o conceito de “viajar” eu sempre tive destinos preferidos em mente, lugares em que eu sonhava morar ou visitar (aliás, nesse momento, é o Oriente Médio). Entre os 12-14 anos, foi Londres. Estava certa de que iria cursar alguma faculdade no Reino Unido, preferencialmente cursando drama, e já pesquisava as escolas que formaram meus atores preferido para poder me candidatar no futuro: King’s College, Royal Academy of Arts, Cambridge… sonhava em caminhar pelas cabines vermelhas, ver o Big Ben à distância, comer fish and chips na beira do Tâmisa. Sonhava em ver o passado e o futuro conectados na arquitetura da cidade e no modo de viver dos londrinos.

A cultura de Londres

No segundo semestre de 2018, eu fiz tudo isso – menos ver o Big Ben, pois está em reforma. Eu também não estudei teatro, nem estudei em uma tradicional universidade britânica. Como aluna da Minerva, vim passar meu penúltimo semestre na cidade da rainha, encerrando a rotação global que a universidade oferece depois de ter passado por São Francisco, Berlim, Buenos Aires, Seúl, e Hyderabad. Londres, é claro, foi como um refresco em um dia quente de
verão; tendo recém chegado de quase um ano na Ásia, foi muito confortável viver em uma cultura razoavelmente parecida com a minha.

O que eu não esperava é que essa cultura une fortemente valores que, na minha opinião, são ingredientes chaves para uma cidade global de sucesso. Em Londres, um atendente em um café podia ser uma mulher caucasiana, ou um
homem negro, ou uma mulher árabe, ou uma pessoa sem gênero definido, ou um cidadão local, ou um imigrante… Diferente de outras cidades, não havia um padrão homogêneo étnico e cultural. Cada um é único, e a beleza e peculiaridade de Londres era realçada pelos diferentes rostos que eu via na rua e diferentes línguas que eu ouvia em uma simples caminhada ao supermercado.

Estudo e amizades

Se minha experiência em Londres fosse um tradicional whisky inglês, eu a tomaria em três doses: vida acadêmica, oportunidades de integração, e dia-a-dia. Academicamente, foi um semestre desafiador – juntou a escrita da minha tese de conclusão de curso com outros projetos acadêmicos de peso, e Londres foi a anfitriã perfeita para acomodar minhas necessidades de aluna entrando no seu último ano de faculdade. As bibliotecas, em especial a British Library, são bem equipadas, espaçosas, gratuitas, e bem iluminadas. Os cafés geralmente têm wi-fi gratuito e não incomodam estudantes debruçados em cima dos seus laptops e livros, muitas vezes ficando abertos até tarde ou 24h por dia. A cidade é cheia de estudantes, e eu via gente em cima de laptops não só em bibliotecas e cafés, mas também em
bares, academias, trens, parques, monumentos… o lugar mais inusitado que estudei foi em um pub durante o happy hour.

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Esse pub é perto do escritório da Mendelian, uma empresa que trabalha com dados médicos e genéticos. Eu entrei em contato com o fundador da empresa, pois tinha dúvidas sobre a minha tese que eram relacionadas ao trabalho que a Mendelian faz. Uma breve troca de emails e, dias depois, eu estava conversando com ele durante o happy hour, revisando os rascunhos da minha tese. Cortesia de Londres: muitas empresas e start-ups estão localizadas por toda a cidade, e a cultura profissional é facilmente acessível por estudantes, que visitam sedes de empresas multinacionais, fazem workshops em ONGs, estagiam em estabelecimentos modernos e tradicionais, exploram eventos de networking… Mais uma vez, Londres se mostrou uma cidade global através de tantas oportunidades de se envolver com profissionais e pessoas de interesse.

Um grupo de colegas participava de um clube de jornalismo renomado. Uma amiga fazia aulas de dança em uma comunidade estudantil toda quinta-feira. Outra amiga participava de uma sociedade para pessoas fluentes e iniciantes em português. As possibilidades de se envolver com oportunidades locais eram infinitas e, na minha visão, alinhadas com a cultura londrina de inclusão, de juntar o antigo, o velho, o experiente com o novo, o vanguarda, o moderno.

Adaptando-se à cidade

Por último, Londres me acolheu e me fez adaptar a minha rotina às suas peculiaridades. Os clichês são todos verdadeiros – escurecia às três da tarde, mas o pôr-do-sol podia muito bem ter sido às onze da manhã pois uma camada grossa de nuvens sempre o cobria. Os preços de moradia e de comida são caros, e muitas gambiarras foram feitas para economizar dinheiro, desde compartilhar temperos com colegas até fazer um intricado sistema de trocas para aproveitar comida de quem não ia consumir.

As noites são muito bem aproveitadas, e a vida noturna atende a todos os gostos – em um fim de semana eu ia ao teatro, em outro eu ia em uma balada e dançava a noite toda, em outro eu saía para um pub com amigos, em outro eu ia na estreia de algum filme, em outro eu cozinhava em casa com minhas colegas de quarto… não havendo expectativas e julgamentos, Londres oferece um pouco de tudo a todas as tribos.

Conclusão

Todas as vezes que eu sentia que a cidade era gigante demais para mim, que tinha muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, que eu estava sempre com FOMO (o famoso “fear of missing out”, ou medo de ficar de fora) eu lembrava da Lara de 12-14 anos que sonhava com uma vida cinematográfica na capital britânica. A verdade é que, apesar de não ter sido perfeita, a minha vivência em Londres não decepcionou, e teria agradado muito a Lara pré-adolescente — afinal, ela sonhava em estudar drama, e nada poderia ser mais dramático do que os ingleses irritados com gente caminhando devagar, ou cruzando a rua no momento errado, ou furando a fila, ou não seguindo as convenções britânicas por falta de prática.

Mas nem isso me incomodou; ainda me senti parte da cidade, da comunidade londrina, independentemente da minha origem. Depois de anos falando sobre ser uma “cidadã do mundo”, eu finalmente entendi o que significa fazer parte de uma cidade global e a importância de um mundo sem barreiras.

Sobre a autora

Lara é ex-aluna de Relações Internacionais da UFRGS e atual membro da Inaugural Class da Minerva Schools at KGI. É parte da turma que se formará em 2019 e como aluna da Minerva, já morou em São Francisco, Berlim, Buenos Aires, Seul, Hyderabad e Londres. Apaixonada por ciência, governo, comunicação, e tudo que entrelaça os três, Lara atualmente estuda Ciências da Natureza e Ciência Política. Seu objetivo é resolver problemas pertinentes na sociedade atual que estejam relacionados com saúde e meio-ambiente, tomando decisões e ampliando a comunicação entre cientistas e público.

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Sobre o escritor

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