O MIT anunciou recentemente que pretende parar de aceitar as provas padronizadas SAT Subject Tests em seus processos de admissão de novos alunos. Daqui para a frente, a universidade não só não pedirá mais as provas aos estudantes que queiram uma vaga em seus programas de graduação como também não aceitará os resultados de alunos que os enviarem em sua application.
Os SAT Subject Tests são provas padronizadas especializada que, em algumas situações, são solicitadas junto com o SAT Reasoning (a prova à qual a sigla SAT normalmente se refere). O objetivo dos “Subjects” é avaliar de maneira mais detalhada os conhecimentos dos candidatos em disciplinas específicas, como matemática, biologia ou história.
O MIT costumava pedir pelo menos dois “Subject Tests”, além do SAT Reasoning, para os candidatos que queriam se candidatar à graduação. Mesmo nos casos em que as provas não eram exigidas, os candidatos ainda podiam enviá-las se achassem que isso aumentaria suas chances de serem admitidos à universidade.
Com a mudança, no entanto, a universidade deixará de exigir os Subject Tests. Mesmo alunos que já fizeram as provas não poderão enviar suas notas, já que a instituição considera que seria injusto considerar apenas as pontuações de quem foi bem. Em todos os casos, no entanto, a universidade continua a exigir o SAT Reasoning.
Motivo da mudança
Segundo Stu Schmill, o reitor de admissões da universidade (e autor do anúncio sobre a mudança), essa alteração visa “permitir que os alunos foquem mais nas coisas que importam para eles”. Ao mesmo tempo, a exclusão da exigência do SAT Subjects deve, na visão de Schmill, “preservar nossa capacidade de avaliar o preparo acadêmico de cada candidato”.
O reitor de admissões do MIT diz que a universidade continuará a solicitar o SAT Reasoning, no entanto, por sua capacidade de avaliar o conhecimento acadêmico de jovens com experiências de ensino muito distintas. “Embora saibamos que as provas não são perfeitas, elas oferecem uma medida informativa e consistente do potencial acadêmico dos candidatos”, considera.
Além disso, de acordo com Schmill, a mudança, embora tenha sido anunciada durante a crise causada pela pandemia do COVID-19, não tem relação com ela. “Já estavamos planejando essa mudança”, diz o reitor no anúncio, “e decidimos anunciá-la o quanto antes para garantir que ninguém gastaria mais tempo ou energia estudando para provas que não precisariam fazer por nós”.
O que isso significa para estudantes estrangeiros?
Na visão de Juliana Kagami, coordenadora do Prep Estudar Fora, essa medida democratiza um pouco mais o acesso de brasileiros ao MIT. Um dos motivos para isso é o preço das provas. “No Brasil, fazer três ‘Subjects’ custa cerca de 130 dólares”, comenta. Com a alta do dólar, esse valor elevado se torna proibitivo para muitos estudantes brasileiros. Deixar de exigir os Subject Tests torna o valor mais acessível.
Além disso, outra vantagem é que a universidade deixa de exigir uma prova para a qual não havia alternativa. “No caso do SAT Reasoning, o aluno tem opção. Ele pode fazer o SAT ou o ACT. Mas o Subjects não dá alternativa”. Por isso, alunos que se saíssem particularmente mal em provas no modelo dos Subject Tests não tinham como se esquivar.
Isso era especialmente problemático para estudantes de países em que a prova não era realizada. No Brasil, a College Board realiza os Subject Tests também, com alguma regularidade. Mas em outros países, a exigência desses exames significava que os estudantes precisavam viajar para realizá-los — o que evidentemente excluía aqueles alunos que não podiam arcar com esses custos.
Tendências
Segundo Juliana, há uma espécie de tendência de universidades dos EUA em deixar de exigir o SAT Reasoning — a prova mais tradicionalmente exigida pelas instituições estadunidenses. “Tem gente que já deixa a prova como opcional há bastante tempo, e tem gente que está deixando de aceitar. É importante entrar no site de cada universidade para conferir”, reforça.
Essa mudança tem, de acordo com ela, dois motivos principais. O primeiro é decorrente da dificuldade de se realizar a prova — não só para os alunos, mas também para a organização. É difícil garantir que alunos de todas as partes do país possam realizar o exame em condições iguais, e isso tem gerado “problemas cada vez mais comuns” à organização, segundo a coordenadora do Prep.
Outro motivador dessa tendência é a ideia de fazer um processo holístico de seleção de alunos, que avalie os candidatos como um todo, e não apenas segundo sua pontuação em uma prova. “A ideia é que as universidades considerem também outras coisas que você fez ao longo da vida em vez de dar muito peso a uma prova que você fez um dia”, comenta.
Ainda assim, Juliana recomenda a brasileiros que queiram estudar fora que façam o SAT Reasoning, se puderem arcar com os custos e acharem que podem tirar uma boa nota.
Primeiro, porque ela ainda é exigida por diversas universidades. “Pensando em alunos internacionais, é impossível a universidade conhecer todas as escolas do mundo para tentar nivelar o que significa um 10 nessa escola e um 10 naquela escola, então o teste ajuda a colocar todos os candidatos na mesma régua”, explica.
Mesmo nos casos em que a universidade não exige as notas do teste, também pode ser interessante realizá-lo. Uma boa nota nele pode ser usada, por exemplo, para compensar notas ruins no histórico escolar do aluno, ou tornar sua candidatura mais atrativa de outra forma.