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“O mestrado em Harvard já teria valido a pena só pelo que aprendi com meus colegas”

Harvard Kennedy School of Government

O economista brasileiro João Moraes Abreu percebeu logo durante a graduação que faltava alguma coisa em sua formação. Apesar da escolha acertada ao cursar Economia na Universidade de São Paulo (USP), sentia falta de uma formação em ciência política e políticas públicas. Foi o primeiro passo para uma trajetória que o levou, em 2017, ao MPA em Harvard.

A princípio, para dar conta dessa lacuna, João optou por uma segunda graduação, na Fundação Getúlio Vargas, na área de Administração Pública. Quando iniciou o curso, encontrou um corpo docente formado por profissionais experientes do setor público e de empresas que trabalhavam em parceria com os governos. “Essas referências e a compreensão do dia a dia e dos desafios que eles enfrentavam me fez perceber que a minha maior motivação”, conta João. “Em termos de trajetória profissional, era atuar com impacto em larga escala”. Trabalhar no governo, portanto, era uma das opções válidas.

Foi quando o brasileiro somou à sua jornada diária um estágio profissional na SP Negócios, uma empresa de economia mista, vinculada à Secretaria Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico da cidade de São Paulo. A iniciativa tem como finalidade promover um crescimento econômico bem distribuído pela cidade, por meio de investimento privado.

Aprendizado na prática: SP Negócios

A experiência na SP Negócios durou cerca de dois anos. Começou como um estágio profissional e chegando a um cargo efetivo, possibilitado por meio do trainee da Vetor Brasil. Nas palavras de João Moraes Abreu, tratava-se de um “alinhamento de fatores extremamente favorável”.

Por um lado, a proposta da SP Negócios chamava atenção. “É, grosso modo, uma unidade de Parcerias Público-Privadas que apoia projetos do tipo em todas as áreas da Prefeitura de São Paulo”, descreve o brasileiro. Para atingir tal objetivo, reunia um time diverso, tecnicamente capacitado em várias frentes e com valores alinhados. “De ex-consultores da McKinsey a gestores públicos, passando por acadêmicos excepcionais, eu estava cercado por profissionais de altíssimo nível, tanto da esfera pública quanto privada”.

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Mesmo com um time motivado, João percebeu que iniciativas propostas demoravam a deslanchar. A combinação de barreiras políticas e burocráticas servia de obstáculo. “Tive a certeza de que compreender como os atores políticos e sociais influenciam a ação do poder público é tão importante quanto ter a capacidade técnica de desenhar políticas públicas benéficas para a sociedade”, aponta o brasileiro.

Rumo ao MPA em Harvard

Depois de quase dois anos trabalhando no governo paulistano, João decidiu que era hora de fazer as malas. Dessa vez, para um MPA em Harvard, focado em Desenvolvimento Internacional. “Queria conhecer as semelhanças e diferenças quanto aos desafios na área de desenvolvimento econômico e social”, explica ele, que desejava conhecer a experiência de outros países. De quebra, planejava aprender no MPA as habilidades para “apoiar esse processo de desenvolvimento”.

A experiência na SP Negócios serviu na hora da candidatura e nos momentos em sala de aula, quando João se mudou para os Estados Unidos. “Saber na prática os desafios do setor público em um país em desenvolvimento aprimora a capacidade de ter discussões relevantes e aplicáveis a diferentes contextos”, explica ele.

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Mas, afinal, quais as vantagens de um MPA em Harvard? Além do prestígio atribuído à universidade americana, a Harvard Kennedy School of Government oferecia um perfil alinhado com o perfil desejado pelo jovem economista. Nas palavras de João, havia, por um lado, o rigor analítico e a qualidade técnica e, por outro, as temáticas ligadas ao desenvolvimento e ao setor público.

Para além das aulas do MPA em Harvard, há diversas atividades possibilitadas pela instituição americana. “Todas as semanas temos eventos imperdíveis para todos os gostos, de presidentes de algum país até CEO de empresas que atuam com impacto em larga escala”, conta o brasileiro.

Vida de estudante

Em sala de aula, as matérias vão de aspectos da economia até estudos de casos práticos de desenvolvimento em larga escala em países em desenvolvimento. Mais do que professores já renomados em suas áreas de atuação, a universidade americana oferece um corpo discente invejável. São cerca de 70 alunos no MPA em Harvard, formado por estudantes de países variados. “E temos menos de dez americanos e europeus, somados”, complementa João.

“Não existe um dia no qual alguém não levante a mão e diga ‘como estamos falando deste caso no país X, e eu sou do país X e me envolvi nesse projeto, gostaria de complementar/discordar a respeito de…’”

Em outras palavras, não falta espaço para discutir os desafios e avanços de países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. “Não existe um dia no qual alguém não levante a mão e diga ‘como estamos falando deste caso no país X, e eu sou do país X e me envolvi nesse projeto, gostaria de complementar/discordar a respeito de…’”, conta o economista.

“Esse tipo de debate evita que prevaleça a mera idealização de modelos que funcionam em outros lugares, a serem replicados em ambientes totalmente diferentes”, explica João. Ou seja, soluções miraculosas e fórmulas batidas não encontram lugar em um MPA em Harvard – que prepara os alunos para desafios reais, que exigem estratégias adaptadas. “Mesmo que todo o resto estivesse abaixo das minhas expectativas – o que, sem dúvida, não é o caso – o mestrado teria valido a pena só pelo que aprendi com meus colegas de sala”, conclui João.

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