Brasileiros de todas as idades e com todos os níveis de escolaridade que têm interesse em monitorar e aprender sobre o espaço e astronomia são o público alvo do programa Caça Asteroides, desenvolvido pela NASA em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, do Governo Federal (MCTI). Para participar não é necessário ter conhecimento prévio sobre astronomia.
Todos os inscritos têm acesso a um treinamento para aprender a identificar os corpos celestes antes de botar a mão na massa. As inscrições pora a edição de 2022 do programa estão abertas e podem ser feitas através deste link (disponível aqui). A participação é gratuita.
O departamento da NASA responsável por levar a iniciativa para diversos países, incluindo o Brasil, é o International Astronomical Search Collaboration (Colaboração Internacional de Pesquisa Astronômica), ou IASC. Por aqui, o programa acontece desde 2020 e atualmente está na 3ª edição.
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Identificar possíveis ameaças
Apesar de o objetivo principal da iniciativa ser popularizar a ciência e astronomia entre pessoas de todas as idades e nacionalidades, ela também tem um segundo – e não menos importante – benefício: através dos esforços colaborativos de pessoas em todo o mundo, são identificados centenas de novos asteroides anualmente que podem, eventualmente, oferecer alguma ameaça à Terra.
Foi um desses corpos celestes cuja rota pode colidir com nosso planeta que a estudante de medicina da USP, Verena Paccola, encontrou enquanto participava do programa em 2020. “Descobri um asteroide que é classificado como raro, que normalmente quando cai aqui na terra é fraco”, conta. Desde que começou a participar da iniciativa, há dois anos, ela já encontrou mais de 25 asteroides e chegou a ser premiada em Brasília, na 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que aconteceu em dezembro de 2021.
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Sobre a possibilidade de encontrar algo muito diferente ou perigoso para a vida na Terra, ela conta que não tem medo e, na verdade “acho um alívio”. Encontrar asteroides desse tipo ajuda a “dar tempo de impedirem” uma possível colisão. “Se alguém não tivesse descoberto, aí seria um problema, porque nos pegaria de surpresa”, explica.
Como funciona o Caça Asteroides
Todos que participam do programa aprendem a acessar e usar uma plataforma do IASC, da NASA, que recebe imagens do Telescópio NASA Infrared Telescope Facility, localizado no Havaí. “Qualquer um pode se inscrever, só é necessário ter um computador e internet”, explica Verena.
Podem participar equipes de até 5 integrantes ou pessoas individualmente, como foi o caso da estudante. Após inscritos, os selecionados devem escolher uma das campanhas mensais de caça, que ficam abertas no site oficial do programa no Brasil (disponível aqui).
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As equipes então participam de um treinamento online em que especialistas ensinam como usar o software da NASA para detectar os asteroides, fazer a programação e analisar os números encontrados. No treinamento, também são apresentadas questões básicas de astronomia. De acordo com Verena, qualquer cidadão, de qualquer formação e idade, consegue acompanhar o treinamento e participar do programa.
“Toda pessoa pode aprender, só precisa ter vontade e tempo”, porque as análises de imagem demandam dedicação. “Há até crianças aqui no Brasil que descobriram asteroides”. Ao participar do programa, além de aprender a usar o software da NASA, os participantes entram em contato com “uma comunidade muito legal de astrônomos profissionais e amadores que estão sempre compartilhando dados e informações”.
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Durante as análises de imagens, os inscritos recebem sequências de registros feitos pelo telescópio Facility e, com o treinamento, conseguem identificar quais movimentos são característicos de um asteroide. Cada equipe ou participante recebe uma quantidade de registros para serem analisados e, semanalmente, o programa envia um relatório com as descobertas da semana.
Para encontrar novos asteroides, entretando, é necessário empenho e um pouquinho de sorte porque a quantidade de material analisado é grande. Sobre ter descoberto mais de 25 asteroides, Verena conta que enviou para o programa “muitas imagens, muitos relatórios, foram bem mais que 25”.
Oportunidade de aprender ciência na prática e fazer grandes descobertas
Quando viu a oportunidade de trabalhar em parceria com a NASA, Verena percebeu que “era a chance de fazer alguma coisa que me interessava mais, que me motivava, e que sentia que estava fazendo algo a mais pela ciência”. Ela se inscreveu já na primeira edição do programa no Brasil, em 2020, enquanto estudava para o vestibular, antes de entrar no curso de medicina da USP.
Apesar de estar se formando em outra área, ela conta que astronomia é algo que sempre lhe chamou muito atenção, e a oportunidade de participar do Caça Asteroides foi ótima para “poder exercitar um pouco essa curiosidade”. A estudante afirma que começou a gostar ainda mais de astronomia depois que participou do programa. “estou tendo muito estímulo”.
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Com o sucesso das descobertas feitas ao participar das últimas edições do programa, o incentivo para a pesquisa foi tanto que Verena está planejando montar uma equipe de caça asteroides para a próxima edição do programa. A chamada para a equipe acontecerá no perfil do instagram da estudante (disponível aqui).
Ao encontrar um novo asteroide, a pessoa responsável pela descoberta tem a possibilidade de nomear o corpo celeste. O processo de nomeação dura meses e, até o momento, Verena ainda não concluiu o processo de nomeação de um dos asteroides que encontrou – que receberá o nome de Rochele, uma homenagem à avó da estudante.
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