Por Carolina Campos
Foram dois dias que agitaram Harvard. Pelos corredores da Law School, a tradicional escola de Direito da universidade, a língua que mais se escutava era o português. Jovens que já estão mudando o Brasil trabalhavam em ritmo frenético, em um esforço conjunto para que tudo desse certo. E deu! Assim foi a Brazil Conference, a primeira conferência em Harvard totalmente dedicada ao Brasil.
Para celebrar os 30 anos da redemocratização no país, debater o passado, entender o presente e sugerir avanços para o futuro, personalidades de destaque como o ex-chanceler Celso Amorim, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso e o senador José Serra se uniram a professores de Harvard, bem como a alunos e pesquisadores da universidade, além de figuras de peso como o deputado federal Alessandro Molon e o diretor da FGV Direito Rio, Joaquim Falcão.
A conferência se centrou em três eixos: instituições, educação e economia. O primeiro abordou temas espinhosos como o marco civil da internet e governança municipal. Em educação, foram apresentados casos de sucesso como o da cidade de Sobral, no Ceará, e do estado de Goiás, mostrando que, com vontade política e bom planejamento, é possível melhorar em pouco tempo os índices de aprendizagem nos ensinos fundamental e médio. Por fim, em economia, temas atuais como inovação, empreendedorismo e infraestrutura foram discutidos.
O Brasil tem potencial de estar mais presente em estudos, pesquisas e debates
Mas não foi só. O evento também tratou do legado democrático no país, com palestras inspiradoras dos professores de Harvard Frances Hagopian, David Trubeck e Carl Meacham.
No painel sobre reforma política, Luis Roberto Barroso, Joaquim Falcão e o professor brasileiro de Harvard Filipe Campante enfatizaram a necessidade de mudança do atual sistema de financiamento de campanhas.
Os organizadores da Conferência atuaram tanto como moderadores quanto como convidados especiais. O presidente do evento e bolsista da Fundação Estudar, José Frederico Lyra Netto, estudante de mestrado em Políticas Públicas, ressaltou que a Brazil Conference foi especialmente importante por três motivos: “O primeiro é que nós, alunos, devemos promover mais e mais discussões sobre o Brasil, tanto aqui em Harvard quanto na comunidade internacional. Já há ótimas iniciativas, mas o Brasil tem potencial de estar mais presente em estudos, pesquisas e debates. O segundo ponto é que a Brazil Conference tentou contribuir para o debate trazendo perspectivas e uma discussão franca sobre a nossa democracia. Por fim, 30 anos de redemocratização não poderiam passar batidos – nem mesmo fora do Brasil! E essa foi a nossa forma de celebrar o momento”.
Outros dois bolsistas da Fundação Estudar também estiveram à frente do evento: Renan Ferreirinha, colunista do Estudar Fora, e Tábata do Amaral coordenaram os trabalhos dos painéis de educação.
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