O curriculo Lattes é importante para quem procura por bolsas para estudar fora?

Quem está procurando emprego normalmente monta um currículo, ou CV. Para quem está procurando por oportunidades de pesquisa, no entanto, outro recurso que muitas vezes é utilizado é o currículo Lattes, o perfil do pesquisador na plataforma de mesmo nome.
Criada e mantida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq), a plataforma Lattes permite que pesquisadores registrem seu histórico de estudos, pesquisas e trabalhos acadêmicos. Ela acaba funcionando como CV, perfil do LinkedIn ou até portfólio do pesquisador.
Mas para quem procura por bolsas de estudo ou pesquisa no exterior, o currículo Lattes é importante? Conversamos com dois pesquisadores que já trabalharam (ou estão trabalhando) com pesquisas no exterior para descobrir. A resposta é um pouco mais complicada do que simplesmente “sim” ou “não”. Confira!
Está buscando uma bolsa de estudos para 2024? Pré-inscrições abertas para o Programa de Bolsas Líderes Estudar!
Vale a pena ter
Luiza Teixeira-Costa, pesquisadora de pós-doutorado em botânica no Harvard University Herbaria (HUH), diz que, a princípio, ter um perfil no Lattes não importa muito quando você está procurando por bolsas fora do Brasil. “As pessoas nem sabem o que é”, comenta.
Gabriel Liguori, CEO da TissueLabs, que fez um período de seu doutorado na Universidade de Groningen, na Alemanha, concorda. “Na verdade o Lattes não vale muito fora do Brasil não”, avalia. Tanto ele como Luiza, no entanto, defendem a importância de ter um perfil na plataforma, mesmo que pretenda estudar fora.
“É uma ótima plataforma para você ir construindo seu CV e, quando precisar fazer um para o exterior, ter como referência”, diz Gabriel. Ele destaca que a plataforma permite também inserir todos os tipos de atividades profissionais. “É a plataforma de CV mais completa que eu conheço!”, afirma.
Luiza, mesmo estando fora do Brasil, também considera importante manter o seu currículo Lattes atualizado. “É uma forma de visibilidade. E eu acho que é muito colonialista da nossa parte querer ter visibilidade só fora do Brasil, e não dentro também”, complementa. Ela também conta que em muitas ocasiões precisou mandar um CV para oportunidades de bolsa, e como ela tem o hábito de manter o Lattes atualizado, “eu só copiei e colei”.https://youtu.be/YRI0H4fQ8kY
Alternativas ao currículo Lattes
Para quem procura por uma plataforma semelhante ao Lattes mas com reconhecimento internacional, há opções também. Luiza e Gabriel citam sites como o Publons, o Google Scholar e o ORCID. “Esse último é mais um registro global de pesquisadores”, comenta Gabriel.
De fato, o ORCID afirma, em seu site, que dá a cada pesquisador cadastrado um identificador único (chamado de ORCID iD). O pesquisador pode associá-lo a publicações, prêmios e outras conquistas que receber, e pode compartilhá-lo junto com suas qualificações profissionais.
Mas eles destacam o ResearchGate como a principal dentre essas redes. A plataforma conta com mais de 17 milhões de membros, segundo seu próprio site. “Funciona como uma rede social para pesquisadores. Lá você pode colocar seus trabalhos, abrir discussões em fóruns e até procurar emprego”, explica. “É como se fosse um LinkedIn, mas acadêmico”, complementa, acrescentando que a plataforma também divulga oportunidades de bolsas no exterior.
Luiza também diz já ter tido contato com essas plataformas, mas comenta que elas não têm, lá fora, exatamente o mesmo papel que o Lattes tem na comunidade científica do Brasil. “Em toda seleção de bolsas da qual eu já participei fora do Brasil, eu tive que mandar um arquivo separado com o meu CV”, conta. E, nessa hora, foi do Lattes que ela pegou os dados para colocar no documento.
Métodos diferentes
Na experiência de Luiza, o envio de CV é o método mais comum para oportunidades de bolsa no exterior. Gabriel concorda: “Acredito que quem avalia os candidatos avalia o CV que eles mandam e não fica procurando muito nessas plataformas”, diz.
Mas Luiza conta que algo muito comum que ela viu em sua experiência de pesquisa nos Estados Unidos é que pesquisadores tenham seu próprio site. “Desde o aluno que tá começando na pós-graduação, passando pelo pós-doc, pesquisador, todo mundo tem um site para divulgar a sua pesquisa”, comenta.
Em alguns casos, ela diz que esses sites são vinculados à universidade, laboratório ou instituto em que o pesquisador trabalha, mas não é regra. “Muita gente usa ferramentas tipo Wix ou até blog mesmo para fazer um site pessoal”, narra. A ideia é que o site apareça quando o nome do pesquisador for digitado em plataformas de busca como o Google.