Por Camila Pati, de Exame.com
Com o câmbio nas alturas, investir em um curso de MBA no exterior pode ter saído da lista de objetivos de muita gente. Assumir um custo alto, deixar o emprego em tempos de incertezas no mercado de trabalho e sair do país para encarar dois anos de curso em tempo integral podem entrar no hall de razões para procrastinar ou até desistir deste tipo de pós-graduação.
Mas, se o dinheiro é o principal o balizador desta decisão, Franz Heukamp, vice-reitor da IESE Business School – escola de origem espanhola há 5 anos (consecutivos) presente no ranking das 10 melhores do mundo do jornal Financial Times – tem informações concretas e argumentos que podem fazer até o mais determinado profissional a voltar a pensar neste projeto, mesmo que ele seja bem caro.
Durante a conversa com Exame.com, ele falou sobre retorno financeiro, ampliação de perspectivas de carreira e deu exemplos práticos dos benefícios de estar conectado à rede de ex-alunos de uma escola de negócios reconhecida mundialmente. Confira os principais trechos da entrevista:
Qual o valor de um MBA para a carreira?
Franz Heukamp: Olhando para programas de MBA em todos os seus formatos (integral e nas modalidades executivas), percebemos que têm um forte impacto nas carreiras dos profissionais. Há uma coisa imediata e fácil de medir que é valor financeiro. Há um valor geral, ligado à perspectiva profissional, porque os alunos criam mais opções de carreira, o que traz maior satisfação profissional. E há, ainda, o valor para o indivíduo, relacionado a estar mais qualificado, ser uma pessoa melhor, que sabe mais sobre si mesmo e é um líder melhor e isso também resulta e satisfação e felicidade.
Há dados concretos sobre novas perspectivas de carreira alcançadas pelos formados?
Franz Heukamp: Nós pesquisamos na nossa base de ex-alunos para entender o que eles estão fazendo após cinco ou 10 anos da formatura e vemos que, além de obviamente terem avançado em termos financeiros durante este período (o salário aumenta 112%, após 3 anos de formado), avançaram em um sentido mais amplo de carreira. Passaram a ter mais responsabilidades, puderam mudar de setor – se era o que queriam – porque o MBA deu a eles esta habilidade de ser capaz de mudar, de participar de projetos em outros setores, o que antes seria inalcançável. Nesse sentido, acho que há evidências claras de que o MBA dá acesso a nova perspectivas de carreira.
Ampliar as perspectivas de carreira é um dos principais motivadores para fazer um MBA entre os alunos?
Franz Heukamp: Sim. Muitos fazem um MBA porque atingiram um nível nas empresas para que trabalham em que entendem ser necessário saber mais sobre negócios, para avançar e aceitar mais responsabilidades. Isso acontece com pessoas de áreas técnicas transferidas para área de gestão. E isso também é verdade quando olhamos para os programas de MBA executivo. Geralmente, são pessoas que estão com mais de 30 anos, já têm experiência e querem fazer transição para gestão. Percebem que precisam ter uma compreensão mais ampla dos negócios. Têm muitas pessoas, por exemplo, que sabem muito sobre marketing ou sobre finanças ou sobre operação, mas é algo totalmente diferente saber de gestão, que é a integração de todas essas disciplinas. E este é um grande valor trazido pelo MBA.
O empreendedorismo também é um caminho trilhado por alunos?
Franz Heukamp: Nossas estatísticas mostram que um terço dos nossos formados em programas full-time (integrais) começam, em até cinco anos pós a formatura, suas próprias empresas ou se associam a empresas novas. Isso, na maioria das vezes, corresponde à busca de satisfação, à perseguição do sonho de ser independente e prestar um serviço que ainda não existe ou ainda sem oferta em determinada e específica qualidade.
MBA é um curso caro, este dinheiro investido será reconquistado após a formatura?
Franz Heukamp: O valor que o MBA traz é muito maior, como eu disse, mas se você focar apenas na questão financeira o retorno também é muito bom. Em quatro anos, você reconquista o dinheiro investido em um curso integral de MBA de dois anos. Em relação, aos alunos de MBA executivo, os dados são menos transparentes porque eles não deixam seus empregos para fazer o curso, então não é tão fácil de calcular. Mas, em geral, os alunos são promovidos depois de fazerem MBA executivo ou mesmo durante o curso. Muitos ainda conseguem até ajuda de seus empregadores para pagar o curso, porque são vistos como profissionais de alto potencial.
Então o retorno sobre o investimento é concreto?
Franz Heukamp: A pergunta crítica não é tanto em relação à reconquista do dinheiro investido, porque o retorno é bom, mas, sim, como ter o dinheiro, de antemão, para pagar o curso. Esta é uma preocupação da IESE, por isso, temos acordo com instituição financeira que oferece crédito para todos os alunos. Isso significa que, mesmo que o profissional não tenha esse dinheiro agora, ele poderá fazer o curso, porque acreditamos que o seu potencial é muito importante.
Muito se fala nos benefícios de fazer MBA para a ampliação da rede de contatos. O que efetivamente o curso de MBA traz em termos de networking?
Franz Heukamp: Os alunos fazem amigos durante o programa. Conhecem bem seus colegas porque passam 20 meses com eles, criam vínculos. Além disso, quando vão à escola de negócios se conectam à rede ex-alunos. Por serem pessoas de uma mesma escola, já se cria, instantaneamente, uma relação de confiança, mesmo que estas pessoas não tenham se conhecido pessoalmente durante o curso. Se o processo de seleção da escola é bom e há valores consistentes sendo transmitidos, ensinados e aplicados pela instituição, os alunos sabem que podem confiar nos profissionais que, como eles, frequentaram a escola. Em relação à IESE, a rede tem no Brasil mil ex-alunos. No mundo inteiro, são 40 mil, em 100 países diferentes.
E em que esta rede pode ajudar, objetivamente? Pode dar exemplos?
Franz Heukamp: Hoje com a tecnologia, esta rede de contatos ficou muito mais fácil de operar. É muito fácil, por exemplo, um ex-aluno que esteja planejando fazer negócios em Singapura, procurar na base de ex-alunos quem mais está lá. Anos atrás isto era mais difícil de fazer. Hoje é simples e quando eu falo em networking eu não me refiro a favores injustificados, e sim à possibilidade de um profissional que vá fazer negócios em um país que conhece pouco, imediatamente ter acesso a um grande grupo de pessoas para entrar em contato, conversar e aprender com elas. O fato de serem pessoas da mesma escola dá mais proximidade e isto é um forte ativo. O ex-aluno é parte desta comunidade para o resto da sua vida.
Este texto foi originalmente publicado em Exame.com
*Foto: Franz Heukamp / Crédito: Divulgação IESE Business School
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