Recentemente, a faculdade abriu as admissões para mulheres nascidas homens e para pessoas não binárias
Depois de um semestre em Bryn Mawr College, uma faculdade só de mulheres, resolvi refletir sobre tudo que mudou nesses últimos meses. Eu não escolhi estudar aqui porque era uma faculdade só para mulheres, pelo contrário, tive muitas dúvidas em relação a isso. No entanto, chance de estudar numa all-women’s me fez entender os imensos benefícios de uma educação direcionada para mulheres e, inevitavelmente, me conectou muito mais às questões de gênero.
Aqui, apesar de termos sim a presença masculina nas aulas e em todos os lugares do campus, o crescimento acadêmico e pessoal feminino é o foco. Até hoje nunca testemunhei alguém tratando uma mulher de forma desrespeitosa, julgando pela aparência ou duvidando de sua capacidade. Pelo contrário, vi diversas mulheres se destacando em áreas predominantemente masculinas (como as exatas) e evoluindo muitíssimo.
O ambiente aqui é de camaradagem e acolhimento. Por exemplo, na Lantern Night, um dos eventos mais tradicionais da faculdade, as novas alunas recebem uma lanterna que representa a “luz da sabedoria”, passada de geração em geração. O mais incrível para mim foi ver que a lanterna vinha com várias cartinhas de alunas do campus inteiro te desejando “Happy Lantern Night”, sucesso na jornada aqui e falando sobre como você é bem-vinda nessa grande irmandade. Não tem como não se sentir confortável em um local assim!
Fora isso, aqui tive exemplos reais de que, se as pessoas se mobilizarem para a mudança, esta é possível. O caso mais claro aconteceu recentemente, quando a faculdade abriu as admissões para mulheres nascidas homens e para pessoas não binárias (que não se identificam nem como homem e nem como mulher). Essa reinvindicação vinha sendo feita há tempos por alunas e ex-alunas, e resultou em vários debates sobre o tema que, finalmente, levaram à decisão final de deixar a política de admissão mais inclusiva. Bryn Mawr de novo afirmou sua missão: educar todas as mulheres!
É muito gratificante para mim ver que a faculdade está sempre aberta para debates e disposta a fazer mudanças ao longo dos séculos. Basicamente, considero Bryn Mawr um pequeno paraíso de igualdade e respeito e não só em questões de gênero, mas de raça, credo, etc. Não ficarei aqui para sempre. Mas, quando sair, saberei que, com engajamento, é possível fazer mudanças!
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