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O que é pós-doutorado: saiba tudo sobre essas oportunidades de pesquisa

Quando alguém quer continuar estudando depois de terminar a graduação, geralmente faz uma pós-graduação. E se quer continuar na pesquisa depois do mestrado e doutorado, faz um pós-doutorado. Mas o que afinal se estuda em um “pós-doc”? Saiba que essa etapa da vida acadêmica é, de maneira resumida, um trabalho de pesquisa em uma área depois de já ter conquistado o título de doutor.

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Mas o que faz, exatamente, uma pessoa que está no pós-doutorado? Ela precisa escrever uma tese? Ela tem aulas de pós-doutorado? Quanto tempo ela fica como pós-doutoranda? E no fim do trabalho, ela ganha um diploma de “pós-doutor”? Se você tem essas dúvidas, continue lendo!

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O que é pós-doutorado

De acordo com Luiza Teixeira-Costa, pesquisadora de pós-doutorado na Harvard University Herbaria, o pós-doutorado (ou “pós-doc”  é uma atividade de pesquisa científica que se faz após concluir o doutorado. Por isso, é uma atividade que o pesquisador pode tocar com mais liberdade. “Se espera de um pós-doc que já seja uma pessoa que tenha maturidade científica para conseguir tocar sua pesquisa de forma quase independente”, comenta.

O pós-doutorado, além disso, não é um título: ao fim dele, você não ganha um diploma de “pós-doutor”. Ele também não é um “curso” e não envolve assistir aulas, mas em alguns casos pode envolver dar aulas. Também por isso, ele não tem duração fixa: pode durar de alguns meses a alguns anos.

Leia também: O que é PhD? Entenda o significado de PhD e o conceito por trás do título

Além disso, você não precisa fazer uma tese para concluir um pós-doutorado. “Mas é uma oportunidade bacana para a gente conseguir publicar o máximo possível, para ganhar mais visibilidade e ter mais chances de conseguir uma colocação profissional um pouco mais permanente”, complementa Luiza.

E o que você faz, durante o pós-doutorado? Pesquisa científica! Mais especificamente, pesquisas dentro da sua área de atuação e da área da organização em que você está.

Segundo Luiza, você ainda tem bastante oportunidade para experimentar coisas novas, mas ela ainda precisa ter alguma relação com o que você faz. “No meu caso, eu estou seguindo perguntas que ficaram em aberto no meu doutorado e, ao mesmo tempo, ampliando meus interesses de pesquisa.

Tem orientador?

Orientador, propriamente, não. O pós-doutorando ainda precisa responder a um “supervisor” (e não a um “orientador”, como no mestrado ou no doutorado). Esse supervisor é um pesquisador com mais experiência e cargo mais fixo na instituição em que o pós-doutorado acontece. E segundo Luiza, a relação dele realmente é mais de “supervisionar” do que de “orientar” mesmo.

“Do meu ponto de vista, isso é porque no pós-doc a pessoa tem mais liberdade criativa de escolher os rumos da própria pesquisa, de explorar outras áreas que despertem interesse e de estabelecer parcerias com outras pessoas, mesmo não relacionadas ao seu supervisor”, considera. O papel do supervisor, nesse caso, é bem menos ativo e próximo que o de um orientador.

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Outro ponto interessante: em tese, você pode fazer um pós-doutorado sem ter concluído o doutorado. “A maioria dos editais que eu vejo diz que a pessoa precisa ter doutorado ou uma experiência acadêmica de igual relevância, de igual período de tempo”, aponta Luiza. Ela própria, no entanto, diz que nunca conheceu ninguém que tenha chegado ao pós-doutorado sem passar pelo doutorado antes.

Pós-doutorado e mercado de trabalho

Um ponto importante a se ter em mente sobre o pós-doutorado é que normalmente ele é voltado a pesquisadores que consquistaram seu doutorado há relativamente pouco tempo. “Relativamente” porque o prazo pode chegar a 10 anos, em alguns casos. Mas as bolsas de doutorado da FAPESP, por exemplo, só podem ser concedidas a pessoas que tenham obtido o título de doutor há 7 anos ou menos.

A ideia é que pesquisadores que tenham obtido o título há mais tempo já podem pleitear vagas mais fixas e de maior responsabilidade na academia — vagas que pesquisadores menos experientes não estariam aptos a preencher.

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Não há uma regra que determine quais postos devem ser preenchidos por cada pessoa, mas na visão de Luiza, “o cargo de professor sênior dificilmente vai ser ocupado por alguém que concluiu o doutorado há dois anos, da mesma forma que a bolsa de pós-doc não vai para alguém que concluiu há 15 anos”.

Também por esse motivo, Luiza considera que o pós-doutorado é uma espécie de “limbo” entre o doutorado e uma colocação mais fixa de trabalho ou pesquisa. “A minha impressão é que é algo que foi criado como oportunidade de trabalho para recém-doutores que estão buscando mais experiência e qualificação antes de se inserir no mercado de trabalho acadêmico de forma permanente”, diz.

Contratações

No Brasil, as oportunidades mais fixas são normalmente feitas por meio de concursos — seja de universidades ou instituições públicas de pesquisa, seja de organizações privadas. Nos Estados Unidos, onde Luiza está trabalhando atualmente, esses concursos não costumam acontecer.

Mas nos EUA e na Europa, segundo ela, é mais comum que empresas contratem profissionais durante (ou logo após) o pós-doutorado. “Tem várias pessoas que fazem pós-doc na área de biologia molecular, farmácia e esse tipo de coisa que acabam sendo contratadas durante o pós-doc por uma empresa farmacêutica, de biotecnologia, etc”, conta.

Na visão dela, isso é menos comum no Brasil porque, por aqui, as universidades têm uma ideia de formação acadêmica muito voltada para a auto-manutenção da academia. Nos EUA, segundo ela, é mais comum haver programas de pós-graduação (incluindo pós-doutorado) mais alinhados aos interesses do mercado de trabalho.

Inovação na ciência

Para os pesquisadores, portanto, o pós-doc é uma maneira de conseguir mais experiência e visibilidade enquanto trabalha. Para as empresas e instituições de pesquisa, é uma maneira de encontrar novos talentos e caminhos promissores para suas ideias. Mas Luiza também argumenta que o pós-doutorado é bom para a inovação científica como um todo.

“O pós-doc é um momento muito bacana da carreira acadêmica. Nele, as pessoas tem mais oportunidades de explorar novos caminhos, ideias, metodologias, e até se espera isso dela, antes de que ela se comprometa com uma área de pesquisa específica.”, avalia.

Em outras palavras, ela considera que esse é um momento rico para experimentação na carreira dos pesquisadores. Por isso, Luiza opina que “se a gente tivesse mais oportunidades de pós-doc no Brasil, a gente poderia ter mais inovação científica e mais parcerias sendo estabelecidas pelas universidades brasileiras”.

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