Pandemia trouxe novo olhar para cursos online e recursos digitais na educação
O uso de recursos digitais e o aumento do oferecimento de aulas e eventos online foram alguns dos maiores aprendizados que a pandemia de COVID-19 deixou para o setor da educação. Ambos os modelos, online e presencial, possuem vantagens e desvantagens, entretanto, após dois anos de universidades fechadas, professores das diferentes áreas foram impelidos a aprender como melhor aproveitar cada um destes formatos.
Os chamadas REA, sigla para Recursos Educacionais Abertos, que vão desde plataformas como a Creative Commons até os famosos MOOCs (sigla para Massive Open Online Course, ou Curso Online Aberto e Massivo), são alguns exemplos de como o bom uso das tecnologias digitais pode ser um forte aliado para tornar a educação mais acessível.
Aumento do uso de REA e procura por cursos online
Uma pesquisa realizada pela Bay View Analytics sobre uso das REA no sistema de educação superior dos Estados Unidos apontou que a proporção de instrutores que exigem o uso desses recursos subiu de 15% para 22% entre 2020 e 2022. Já a proporção de professores que incluem estes materiais digitais no currículo dos programas passou de 8% para 19% no mesmo período. “Parece que houve uma grande mudança de 2020 a 2021 na maneira como os professores pensam sobre ensino e aprendizagem”, contou Jeff Seaman, diretor da Bay View Analytics, para o portal Inside Higher Education.
No Brasil, a procura por cursos digitais cresceu significativamente durante a pandemia. De acordo com a última pesquisa do Censo da Educação a Distância, realizada pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), a busca por essa modalidade de aulas aumentou, pelo menos, 50% de 2020 para o início de 2021.
Recursos mais acessíveis para pessoas com deficiência
De acordo com o Censo da Educação Básica de 2021, nas escolas brasileiras há um deficit significativo do oferecimento de infraestrutura e equipamentos tecnológicos que facilitam o aprendizado de pessoas com deficiência (PCDs). Nesse cenário, a evolução tecnológica aplicada à aprendizagem se torna um forte aliado.
Cursos online e recursos digitais que operam em conjunto com aplicativos e softwares especializados no público PCD tendem a ser mais acessíveis e a dar maior autonomia aos estudantes, quando comparados com modelos mais tradicionais de ensino. Tais recursos incluem o uso de legendas, gravadores de áudio, teclados especiais, softwares de voz, conversão de texto e fala em linguagem de sinais, entre outros.
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Maior variedade de recursos disponíveis
A variedade de recursos tecnológicos educacionais disponíveis é tanta que chega a ser difícil elencar todas elas. Entre as opções gratuitas favoritas do público do Estudar Fora, por exemplo, estão os famosos cursos online oferecidos por inúmeras universidades, incluindo algumas renomadas, como Harvard, Oxford, MIT e por aí vai. Todos têm legendas e muitos as oferecem em mais de um idioma, incluindo o português.
A maior parte dessas aulas são oferecidas tanto gratuitamente quanto de forma paga, para quem deseja obter certificado. O ponto positivo é que os valores desses programas são muito abaixo do que custaria uma aula presencial em qualquer uma dessas universidades.
A plataforma edX, criada em 2012 pelo MIT e pela Universidade de Harvard como uma plataforma MOOC, atualmente disponibiliza gratuitamente disciplinas de graduação de 71 áreas do conhecimento. Hoje, as parcerias da plataforma incluem aulas de universidades como Berkeley, Georgia Tech, Columbia, Oxford, IBM, entre outras.
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Já estudantes de idiomas são alguns dos maiores beneficiados do crescimento do setor de educação online. Hoje, é possível aprender e chegar a níveis bons de fluência em idiomas como inglês e alemão apenas utilizando aulas, materiais e recursos disponíveis gratuitamente na internet.
Seminários, palestras, conferências e debates ocuparam plataformas de vídeo como o Youtube e permitem que estudantes de qualquer lugar interajam com professores, especialistas e pesquisadores, também de qualquer lugar. No Brasil, nos últimos dois anos, se tornou comum receber professores estrangeiros em seminários online abertos, gratuitos e focados nos estudantes brasileiros.
Outras iniciativas, como o Santander Universidades, frequentemente oferece programas de bolsas de estudo para cursos online variados e oferecidos por universidades de diversos países. Bibliotecas digitais e museus online se multiplicaram nos últimos anos, além de aplicativos voltados para aprendizagem e estudantes.