Por https://www.estudarfora.org.br/wp-content/uploads/2017/06/mariaeduarda-prep-1.png Bellini
Não passar de primeira é um desmotivador para muita gente, mas para o engenheiro Paulo Monteiro foi um chacoalhão que o motivou refletir sobre sua própria trajetória. Enquanto ainda cursava engenharia de produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Paulo soube do Programa de Bolsas da Fundação Estudar por indicação de um amigo. Logo de cara, a Comunidade de Líderes Estudar – rede de talentos composta pelos bolsistas e ex-bolsistas da Fundação – saltou aos olhos e fez com que ele cogitasse se candidatar. “O que me atraiu foi a possibilidade de fazer parte dessa comunidade de pessoas muito boas, em que eu teria gente me motivando e me puxando pra cima”, conta o carioca.
Paulo resolveu apostar na ideia e se candidatou ao programa. Depois de avançar em quatro das etapas do processo seletivo, entretanto, não passou na quinta etapa. Na época, foi entrevistado por uma diretora da Fundação e sentiu que não impressionou, “por não ter uma história de alto impacto”.
Não passar de primeira foi um ponto de virada
Em vez de encarar a recusa como uma falha, Paulo decidiu aproveitar a oportunidade. “O fato de não ter passado me fez refletir muito e pensar ‘caramba, então eu posso ser melhor’”, conta ele.
O plano de ação traçado a partir disso incluía uma medida simples: fazer mais, tirar projetos do papel, criar coisas novas. Depois do primeiro “não”, entendeu que deveria focar nos desafios futuros. “Essa é a primeira dica: o resultado do processo nada mais é do que o resultado daquilo que você fez antes, então não tem mágica ali”, explica ele. Em outras palavras, resta ao candidato se aperfeiçoar nos meses seguintes.
“O foco é ser mais exigente em coisas novas, em como você pode mudar o mundo”
“O foco é ser mais exigente em coisas novas, em como você pode mudar o mundo”, sintetiza o engenheiro. No caso dele, a oportunidade veio com um projeto para ajudar comunidades em Santa Catarina. O desafio, no caso de Paulo, foi organizar uma equipe de quarenta pessoas no Rio de Janeiro que topassem o desafio.
“Tentei procurar coisas que estavam fora do caminho comum”
Estágio, iniciação científica, empresa júnior… Tudo isso faz parte do que Paulo chama de caminho comum para um estudante de graduação. Para ele, só foi possível girar a chave – e conseguir a bolsa da Fundação Estudar na segunda tentativa – procurando trajetórias alternativas.
Na mesma época em que recebeu o ‘não’ da Fundação Estudar, Paulo também planejava um intercâmbio acadêmico para a França. Na segunda rodada de candidaturas em que participou na Fundação Estudar, já tinha o intercâmbio na França assegurado e até mesmo uma bolsa da École de Mines de Douai. Assim, além de apresentar a futura experiência no exterior como diferencial, ele pôde usar a bolsa da Fundação Estudar como complementar para as suas despesas no país.
Para quem está numa situação semelhante, a indicação do engenheiro carioca segue a mesma linha: se desafiar e se questionar sobre o que pode ser melhor. “Não adianta se candidatar de novo com a mesma história, tendo feito as mesmas coisas, só que um ano mais velho”, destaca ele.
Depois da mudança para a segunda tentativa no processo seletivo, resta saber recontar essa história. Isso porque uma parcela considerável da seleção tem a ver com autoconhecimento e com formas de mostrar à Fundação quais foram suas conquistas e quais são seus planos. “O que você quer fazer no futuro tem que estar coerente com o que você está fazendo, e com o que você já fez”, explica Paulo Monteiro.
Mesmo quem mudou de área ou pretende fazê-lo tem que levar o princípio a sério, e apresentar uma narrativa que faça sentido, do início ao fim. “O melhor jeito de ser coerente é esse: construir o seu sonho, fazer o que você precisa hoje”, resume o engenheiro de produção, que fundou a start-up Responde Aí. “Mesmo sem a Fundação, você tem que saber se virar sozinho e se manter uma pessoa determinada”.
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