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Por dentro do MBA: Os estereótipos

Por Andréa Beer, aluna de MBA em Kellogg  

Parte da saga para entrar em um MBA é escolher a escola certa. Pode parecer besteira, afinal só o fato de entrar em uma das 10, 20 ou mesmo 30 melhores escolas de negócios do mundo já está de bom tamanho, mas a verdade é que cada escola tem um perfil. E aplicar para uma que não tem nada a ver com você pode significar até não ser aceito.

Portanto, não gaste seu tempo à toa. Converse com alunos, ex-alunos, funcionários, professores, ou seja, com todas as pessoas possíveis que tenham tido ou ainda têm algum tipo de experiência com a escola. A maioria delas organiza eventos presenciais no Brasil. É uma ótima oportunidade para entender melhor suas propostas. Um consultor também pode te ajudar, assim como a boa e velha internet, mas nada substitui o contato pessoal. Se puder, arrume as malas e vá visitá-las. Só não se esqueça de checar antes se sua viagem não coincide com o período de férias. Como comentei no post anterior, viajei justamente nas férias de verão em 2011 e a experiência não foi tão rica quanto às visitas que fiz nos anos seguintes.

Depois de escolher as escolas, também reflita sobre a quantidade de applications que está disposto a fazer. Eu fiz nove e não recomendo isso a ninguém. Muitas das escolas não tinham o meu perfil e, para piorar, na correria acabei tentando reutilizar alguns essays e fiz confusão. Em uma das redações para Insead, escrevi que adoraria fazer o estágio de verão numa área diferente da minha. O problema é que Insead dura 10 meses e não tem período de estágio para quem entra em setembro. A falha não me prejudicou, mas conheço muita gente que cometeu erros piores, como deixar o nome de uma escola no application de outra e se deu mal, por isso o melhor é evitar que coisas bobas como esta comprometam uma candidatura inteira. Uma das regras de ouro para um bom application é sempre ter em mente que as escolas querem acreditar que são sua primeira opção, mesmo sabendo que isso, muitas vezes, não é verdade.

Esta também é uma das principais dicas para as entrevistas. Com exceção de Kellogg, que entrevista todo mundo, as escolas de negócios fazem uma seleção prévia e escolhem apenas uma parte dos candidatos para entrevistar. A entrevista, ou no caso de Wharton, dinâmica de grupo, é uma espécie de segunda fase. Eu fui entrevistada por quatro escolas – Ross, Insead, Stanford e Kellogg. Em todas elas, foquei em convencer meus interlocutores que estava apaixonada pela escola. Nenhuma faculdade quer convidar um aluno que vai acabar indo para outra, pois elas são ranqueadas pelo número de alunos que aceitam seu convite.

Passada a entrevista, só nos resta esperar. A resposta vem dentro de um ou dois meses. Um período de ansiedade, controlado no meu caso com trabalho intenso para aplicar para outros MBAs. As escolas têm geralmente três períodos de application. A recomendação para estrangeiros é aplicar no primeiro ou no segundo round. O lado bom de dividir seus applications nestes dois rounds é que você pode se dedicar ao segundo round com mais tranquilidade, isso se você já tiver tido respostas positivas no primeiro. O ruim é que você já sabe que vai para o MBA, mas ainda não sabe para onde. Também pode ocorrer de você não passar em nenhuma das suas escolhas no primeiro round. Neste caso não fique inseguro, aprenda com os erros do primeiro e se esforce ainda mais no segundo.

Minha “maratona” de applications deu bons resultados. Eu fui aceita em três MBAs – Ross, Insead e Kellogg – e no Sloan de Stanford, curso mais curto que o MBA tradicional e voltado para executivos com mais de 10 anos de carreira. Ross foi a única resposta positiva no primeiro round. Depois, no segundo, vieram Stanford, Insead e por fim Kellogg. A decisão não foi difícil. Insead e Stanford tinham um ano de duração e eu queria dois para ter a oportunidade de conhecer outras áreas de negócio com mais profundidade. E, apesar de Kellogg e Ross terem um perfil parecido, Kellogg tem uma reputação mundial em marketing e construção de reputação, área em que atuo. Também me identifiquei muito com os alunos. São comunicativos e um tanto hiperativos. Aliás, uma das brincadeiras que ouvi outro dia de um aluno de Wharton, escola reconhecida por formar ótimos executivos para o mercado financeiro, é que meus colegas irão ouvir muito em Kellogg frases como: “matemática não é o meu forte.”

Conhece-te a ti mesmo

Sei que todas estas brincadeiras são apenas estereótipos, mas pelo pouco que vi até agora, as escolas erram muito pouco na escolha dos admitidos. Por isso, um bom caminho para você que está começando é conhecer muito bem o seu próprio perfil e destacar em todo o seu material – essays, currículo, entrevista – os atributos e histórias que mostrem seu fit com a escola. Você pode começar tentando imaginar suas respostas para as perguntas abaixo. Apesar do tom irônico, a sátira diz muito sobre estilo das escolas de negócios.

Harvard: Of which Fortune 1000 company are you going to become the CEO and why would you pick that company?

Wharton: Of which Fortune 1000 company are you going to become the CFO and why would you pick that company?

MIT: Draw an ASCII picture of your favorite Lord of the Rings character and describe three lessons that today’s business leaders can learn from Lord Of The Rings.

Stanford: Why? (100,000 words recommended)

Chicago Booth: Provide a detailed statistical analysis of why Chicago-Booth is #1 in BWeek and never higher than #3 in USNews. Do the math in your head.

NYU: How badly do you need a vacation from your ibanking job, and what makes you think you will be able to get back into ibanking upon graduation?

Yale SOM: Which nonprofit organization do you plan to run, and what about running a nonprofit makes you feel important?

Columbia: In your opinion, what is the best way to sabotage the Whartonian CFO of your company and become CFO?

UC Berkeley Haas: What makes a hippie like you think you can succeed in business? Use the words ‘sustainable’ and ‘green’ at least twice in your response.

Cornell Johnson: Describe how awesome being an Ivy Leaguer would make you feel.

UVA Darden: How badly do you want your ass to be kicked by our professors on a scale of 9 to 10?

Notre Dame: Describe how awesome Irish Football is, and list ten ways we can make our MBA program as well-known as our NFL training program.

London Business School: Answer NYU’s essay and use the find/replace function to replace all ‘NYU’ with ‘LBS’, ‘New York’ with ‘London’ and ‘program’ with ‘programme’.

Wash U Olin: How early are you willing to wake up to serve coffee to our medical students?

UNC Kenan-Flagler: See Notre Dame but replace Irish Football with Tar Heel basketball, and NFL with NBA.

U of Phx (pick 2 of 4): When your boss finds out you have enrolled here, how loudly will he/she laugh? Have you ever wasted a lot of money on something useless before? Would you be willing to appear on a billboard or would you rather keep your enrollment a secret? What is 5+8?

Tuck: Do you remember summer camp? How amazing was that!?!? Don’t you wish you could go to camp for 21 months? Attach a letter you wrote to your parents in fifth grade summer camp explaining how awesome it was.

UMich Ross: What was the craziest thing you did while tailgating during undergrad, and are you prepared to tailgate like a pro again? In your essaym try to include the words moonshine, goat, and anus.

Kellogg: Explain why you think good quantitative skills are not required in business and discuss the importance of teamwork in situations in which no one is skilled enough to do the job by himself?

UCLA Anderson: Have you seen that show “The Hills?” Isn’t it amazing? Discuss your strategies for getting into clubs to party with the cast of “The Hills” so you can feel important.

Duke Fuqua: What are your short-term and long-term career goals? Begin your essay with the sentence, “My career goal is to provide investment and business advice to the much more successful graduates of the Duke Law and Medical Schools.”

Carnegie Mellon Tepper: Draw an ASCII picture of your favorite MIT student and list three things that business leaders can learn from MIT.

INSEAD: List the number of languages in which you are fluent, and explain how knowing a bunch of languages and studying in one of the world’s slowest economies for ten months will make you an effective business leader.

CEIBS: Would you rather be upper middle class in the US, or rich in China? Pleeeeeeeease say rich in China!

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Andréa Beer – Colunista sobre a experiência de cursar um MBA no exterior

AndreaAndréa Beer, colunista do Estudar Fora,  é jornalista de formação e Relações Públicas por opção. Apaixonada por boas histórias, teve a oportunidade de contar algumas delas na rádio BandNews FM, como repórter, e depois de participar de outras como consultora de Relações Públicas no Grupo Máquina PR. Formada em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina, com pós-graduação em finanças pela USP, Andréa também presidiu por dois anos o Ação Jovem do Mercado Financeiro e de Capitais, entidade que reúne jovens investidores do mercado financeiro. Aluna do MBA de Kellogg, colabora com o Estudar Fora contando detalhes da rotina de um MBA internacional. Seu lema é simples: todos os dias são uma oportunidade de fazer a diferença. Com seus posts, espera continuar conectando ideias e pessoas.

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