Você foi aceito no MBA dos seus sonhos e já começou a se preparar para em pouco tempo iniciar essa nova fase. Os preparativos são muitos, mas o processo é bem mais simples do que o imaginado. Entrar com o pedido de visto de estudante, por exemplo, leva algumas horas e a universidade te ajuda em todo o processo. No caso de Kellogg, e pelo o que sei das outras escolas também, o site de apoio tem até uma to-do-list com todos os passos e prazos para você não se perder. Como me disse outro dia uma futura colega, é só seguir as instruções e fazer tudo no automático. Mesmo escolher onde morar, que é complicado até quando a mudança é de bairro e não de país, fica mais fácil com a ajuda dos grupos de amigos que se formam no facebook. A maioria das escolas também oferece moradia subsidiada. Você precisa se candidatar e os critérios variam, mas as informações são bem claras nos sites de cada uma delas.
Além de toda a burocracia da mudança, o período entre saber que você foi admitido e o início das aulas em si envolve ainda outras definições: Aplico para bolsas de estudos ou faço um financiamento? Quando paro de trabalhar? Saio de férias antes e aproveito para fazer um mochilão? Como grana é importante, especialmente quando você vai ficar por dois anos sem receber um salário, minha sugestão é começar respondendo à primeira pergunta. Um curso de MBA em escolas norte-americanas e europeias custa em torno de US$60 mil por ano e têm duração de um ou dois anos, dependendo da escola. A esse valor devem ser somados os valores de moradia, alimentação, seguro, entre outras despesas cotidianas. O custo total pode chegar a US$100 mil anuais.
Se antigamente este tipo de curso era restrito a alguns poucos brasileiros financiados por seu próprio empregador, hoje há outras opções. O financiamento estudantil, por exemplo, é muito comum nos Estados Unidos e a taxa é bem mais baixa do que os juros que estamos acostumados aqui no Brasil. Em média, está entre 6% e 7% ao ano e você começa a pagar as prestações seis meses após o término do curso. O procedimento para aplicar para o financiamento é simples. Basta preencher um formulário e, em alguns casos, é preciso enviar a cópia do extrato bancário.
Outra opção são as bolsas de estudo. Quase todas as escolas de negócios americanas possuem um sistema de bolsas de estudos em seus programas de educação executiva. Geralmente os incentivos são parciais, mas ajudam a cobrir parte dos custos. Segundo um levantamento da Bloomberg, dos alunos que estavam fazendo um MBA em Harvard em 2012, por exemplo, 47% tiveram algum tipo de incentivo financeiro oferecido pela instituição. Este ano, Ross, a escola de negócios da Universidade de Michigan, concedeu bolsas de 30% a grande parte dos brasileiros admitidos. No caso de Michigan, não é necessário aplicar para a bolsa. Em outras escolas, você precisa se candidatar e nesta hora um bom GMAT, um histórico de sucesso e a comprovação de que você não tem recursos para pagar pelo curso são necessários. Entidades como a Fundação Estudar e o Instituto Ling também são boas opções.
Depois de definir como você pagará pelo curso, está na hora de decidir quando irá se mudar. O curso de verão para estrangeiros é obrigatório em algumas escolas, como no MIT, mas em outras é opcional, que é o caso de Kellogg. Se escolher fazer o curso, provavelmente você começará um mês antes da turma regular que tem início em julho. Na minha turma, somos apenas quatro brasileiros em uma turma de 35 alunos. Os outros admitidos ou estão mochilando pelo mundo ou ainda não conseguiram parar de trabalhar. Na realidade, grande parte dos alunos de MBAs aproveitam os meses que antecedem o início das aulas para viajar por um longo período de tempo. A Ásia é um dos destinos favoritos. A ideia é relaxar antes de iniciar a nova fase. Quando soube deste “costume” quase cancelei minha matrícula no ACE (sigla para o curso de verão de Kellogg). Mas mudei de ideia quando vi que este não era o único momento que conseguiria conhecer outros países e outras culturas.
Todas as escolas oferecem possibilidade de intercâmbio por um semestre, todas elas possuem aulas sobre a cultura de negócios de outros países que incluem viagens de 15 dias para determinada região e, ao término do curso, você pode negociar com seu novo empregador um início tardio. Isto é bastante comum em consultoria. Um dos meus amigos decidiu passar três meses viajando pelo mundo antes de voltar ao “real world”. O curso acabou em maio e ele só começará a trabalhar em outubro.
Mas antes de concluir que o MBA pode ser um sabático de qualidade, lembre-se: há custos altos envolvidos e é necessário um certo nível de dedicação para se dar bem depois do curso. E, como minha mãe costuma me lembrar, o objetivo final não são as viagens em si, mas conviver intensamente com pessoas com backgrounds bem diferentes do meu, ter uma vivência internacional de qualidade, buscar soluções para problemas concretos e testar teorias na sala de aula e depois aplicá-las no meu dia de dia como gestora. Bom, nesta quinta, dia 18, embarco para Chicago. As aulas do curso de verão começam na quarta e você poderá acompanhar por aqui se a realidade está correspondendo às minhas tão altas expectativas. Wish me luck!
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Andréa Beer – Colunista sobre a experiência de cursar um MBA no exterior
Andréa Beer, colunista do Estudar Fora, é jornalista de formação e Relações Públicas por opção. Apaixonada por boas histórias, teve a oportunidade de contar algumas delas na rádio BandNews FM, como repórter, e depois de participar de outras como consultora de Relações Públicas no Grupo Máquina PR. Formada em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina, com pós-graduação em finanças pela USP, Andréa também presidiu por dois anos o Ação Jovem do Mercado Financeiro e de Capitais, entidade que reúne jovens investidores do mercado financeiro. Aluna do MBA de Kellogg, colabora com o Estudar Fora contando detalhes da rotina de um MBA internacional. Seu lema é simples: todos os dias são uma oportunidade de fazer a diferença. Com seus posts, espera continuar conectando ideias e pessoas.