Foi o professor de matemática de Beatriz Cunha no ensino fundamental, em Natal (RN), que despertou seu interesse por lógica e programação. Ele incentivava seus estudantes com bom desempenho a participar das Olimpíadas de matemática e informática, e a jovem se interessou pelo tema. “Comecei a estudar e consegui uma medalha. E quem consegue medalha vai para um curso de programação na Unicamp. Foi lá que eu aprendi a programar”, conta. Na época, ela tinha 13 anos.
A sensação de descobrir o que era programação é uma da qual ela lembra ainda hoje. “Pensei ‘meu Deus, eu consigo mandar num computador!'”, lembra. As Olimpíadas eram a principal maneira que ela conhecia de continuar a estudar programação, e por isso ela continuou participando. Quando estava no 9º ano do ensino fundamental, ela conquistou o primeiro lugar na Olimpíada Nacional de Programação, e com isso ganhou também uma bolsa para estudar no colégio Farias Brito, em Fortaleza.
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Nessa mesma época, Beatriz também se envolveu em um programa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o Talento Metrópole. O programa colocava jovens com interesse em tecnologia para realizar projetos com professores e pesquisadores da universidade, e foi determinante para a escolha de carreira da jovem. “Eu gostava muito de medicina, e queria explorar um pouco de neurologia, então meu orientador sugeriu fazer um projeto para tratar fobias com Realidade Virtual (RV)”, diz.
A participação nesse projeto ajudou Beatriz a ver a programação como algo além de uma série de problemas abstrados, mas como uma ferramenta para resolver problemas. “Descobri que tinha diversas aplicações para aqueles desafios que eu gostava de resolver”, comenta.
Novo ambiente de estudos
Quando começou a estudar em Fortaleza, a jovem encontrou um ambiente propício para os seus interesses. “Até então, eu estudava por conta própria. Como eu achava legal, eu procurava um pouco sobre [programação] na internet no fim de semana. Mas lá [no novo colégio] as pessoas levavam bem a sério as Olimpíadas”, lembra Beatriz. O contato com um grupo maior de pessoas interessadas e envolvidas nesses assuntos foi uma experiência que a ajudou a ampliar seus horizontes, e foi lá que ela começou a sonhar em estudar fora.
Isso aconteceu, em parte, porque o foco do Farias Brito em vestibulares a incomodava um pouco. “Ao mesmo tempo em que eu queria ir para uma universidade muito boa, eu me sentia incomodada de deixar de estudar para as Olimpíadas para estudar para o vestibular”, conta. Ao mesmo tempo, ela conta que muitos dos estudantes que participavam das Olimpíadas acabavam se candidatando para estudar fora. Isso porque como eles estudam bastante para as Olimpíadas, acabam não estudando outras disciplinas que caem no vestibular. As universidades estrangeiras, no entanto, conseguem acolher melhor esses estudantes porque têm um processo seletivo mais holístico, que não olha apenas o resultado de uma prova.
Mas ela conta que o principal fator que a incentivou a ir atrás desse sonho foi ter pessoas em torno de si que também estavam tentando. Um dos colegas que ela cita é Rogério Guimarães, que era dois anos mais velho que ela. “Quando ele passou para o MIT, eu pensei ‘poxa, uma pessoa com a trajetória tão parecida com a minha conseguiu, então talvez eu consiga'”, rememora.
A preparação
O contato com os estudantes mais velhos do colégio também foi o que apresentou Beatriz ao Prep Estudar Fora. Muitos de seus colegas se candidatavam ao Prep, e ela própria resolveu se candidatar também. Para ela, só a experiência de se candidatar já teria sido legal, porque “mesmo que você não passe, você já tá se iniciando nesse exercício de fazer um application”, diz.
Mas ela passou e foi aluna do Prep ao longo de 2018. Além da mentoria e orientação para estudar fora, ela conta que a experiência também lhe rendeu uma “família”. “No Prep é que você acha pessoas compartilhando os mesmos desafios, e essa coisa de suporte é muito importante”, argumenta.
Além disso, ela sentiu que o Prep ajudou em outro ponto importante da candidatura: a organização. “Como tem pessoas te cobrando e olhando o que vc tá fazendo, fica muito mais fácil de vc se manter em dia com tudo que vc precisa fazer ao longo do ano”, comenta.
Para ela, o maior desafio foram as provas padronizadas. “Eu escolhi estudar fora porque sabia que algo além da minha nota numa prova seria considerado. Mas mesmo assim, a minha nota numa prova ainda seria considerada”, conta. E ela acrescenta que provas como O SAT não têm tanto material disponível para estudos quanto o Enem, por exemplo. Mais recentemente, o Prep passou a oferecer mais aulas focadas nesses exames.
A experiência
De 2018 para 2019, Beatriz foi aprovada na Universidade Stanford com major declarado em Ciência da Computação. E desde setembro deste ano, ela está estudando lá. A experiência tem sido ainda melhor do que ela esperava.
“Na minha trajetória, eu sempre agarrava todas as oportunidades que surgiam. Mas aqui eu preciso mudar de mentalidade, porque são oportunidade demais”, comenta. Elas incluem grupos de estudos, aulas, clubes, estágios e até investidores que passeiam pelo campus. E o ambiente de estudos também oferece uma liberdade de escolha que ela acha essencia. “Tem um mínimo de liberal arts education que você precisa explorar, mas fora isso, eu posso pegar até aula de pós-graduação no próximo semestre se eu quiser”, diz.
Para quem pensa em se candidatar, a recomendação de Beatriz é que se lembre que o processo é definido por muitos fatores. Ela mesma conta que quase se esqueceu disso quando teve um resultado abaixo do esperado em um dos exames padronizados. “Foi muito importante ter pessoas ao meu redor para que eu não baixasse a cabeça com as outras coisas que eu tinha que fazer ainda, mesmo considerando que eu não tava satisfeita com a minha prova”, recorda.