À medida que o mundo se torna mais interconectado, aumenta também a demanda por profissionais altamente qualificados, que precisam ter habilidades avançadas para competir em um mercado global sem fronteiras. No setor público, espera-se ainda que eles ofereçam soluções sofisticadas para criar e implementar políticas que de fato melhorem a vida das pessoas.
“Esse contexto reflete no aumento da oferta de MPAs e MPPs nos EUA e no mundo”, aponta Stuart Heiser, diretor de comunicação e assuntos públicos da NASPAA (Network of Schools of Public Policy, Affairs, and Administration) – que regulamenta cursos relacionados aos serviços públicos globais. A organização possui hoje 285 escolas membros, de 14 diferentes países.
Segundo Stuart, esses cursos têm recebido um número cada vez maior de candidatos estrangeiros interessados em se especializar nessas áreas. Além disso, com o aumento da mobilidade de estudantes pelo mundo, novos MPAs e MPPs estão se espalhando para vários países, como Inglaterra, Hungria, Rússia, China, México, Colômbia, entre outros.
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Cristin Siebert, diretora de assuntos estudantis no Yale Jackson Institute for Global Affairs e representante da APSIA (Association of Professional Schools of International Affairs), ressalta que, quanto mais pessoas forem treinadas para atuar em governos e ONGs, melhor as políticas públicas poderão funcionar.
“Precisamos de profissionais treinados para atuar como analistas ou líderes, que entendam os problemas de uma perspectiva multidisciplinar, que sejam capazes de abordar as questões em termos locais e globais, que saibam quem são os principais atores envolvidos na situação e qual a importância de cada um em determinado contexto, e que, por fim, consigam prever de que forma as políticas públicas vão impactar nesses vários grupos”, afirma.
Os programas afiliados à APSIA são dedicados a melhorar a educação profissional em assuntos internacionais e, dessa forma, contribuir com compreensão internacional, prosperidade, paz e segurança. Todas as escolas membros oferecem cursos multidisciplinares e interculturais com foco no desenvolvimento de carreira. “Estamos preparando profissionais para o mercado global”, diz Cristin.
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No Brasil
Para Sandra Inês Granja, especialista em Politicas Públicas da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) – órgão do governo do estado de São Paulo -, a sociedade cada vez mais exige do Estado transparência e serviços de qualidade, que só podem ser prestados por servidores preparados e capacitados. E os cursos de mestrado são essenciais para a formação de profissionais que podem influenciar na administração pública e nas políticas públicas. “Para o governo, é muito importante que haja cada vez mais cidadãos interessados em trabalhar com o setor público e contribuir para mudanças necessárias para que nossa sociedade seja mais justa e menos desigual”, diz.
Nesse contexto, surgiu a Fundap, que tem como proposta formar e aperfeiçoar os gestores públicos dos três níveis de governo no estado de São Paulo, através de parcerias com Universidades paulistas. “Também faz parte da nossa metodologia ampliar o diálogo entre a produção universitária e aplicação.” O governo, de sua parte, incentiva a qualificação dos seus profissionais através do pagamento de cursos para servidores e da garantia de progressão na carreira profissional àqueles que se qualificarem. Há também processos de certificação em que funcionários prestam concursos internos para se credenciar a assumir postos de gestão.
“Estamos numa fase de efervescência acadêmica e um clima de mudança no setor público. Os concursos públicos já não selecionam o profissional de que precisamos, moderno e inovador. O setor está percebendo essa inconsistência e exigindo de seus funcionários mais inteligência e qualificação”, afirma o economista Valdemir Pires, coordenador do curso de Administração Pública da Unesp. “Nossa sorte é que a juventude brasileira parece ter cada vez mais um espírito público – querem trabalhar no governo e com a missão de fazer a diferença para o país.”
Sandra destaca ainda a importância de profissionais inovadores no setor público. “A relação entre sociedade e Estado está mudando rapidamente. Se não houver profissionais atentos para capturar e modificar esses novos formatos de relacionamento, o Estado continuará dando baixas respostas à sociedade. As redes sociais são um indicativo dessa assincronia”, completa. “Servidores bem preparados conseguem encontrar formas alternativas mais econômicas e de maior qualidade para a entrega dos serviços à população.”