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Programa de estágio internacional leva brasileiros à Palestina

voluntariado na palestina

O nome do país não costuma aparecer nas aulas de História, e nas universidades é pouco citado. O território da Palestina, localizado no Oriente Médio e pouco menor do que a região metropolitana de São Paulo, ainda não é reconhecido por todo o mundo – os Estados Unidos, por exemplo, relutam em aceitá-lo como legítimo. O Brasil, por outro lado, reconhece a Palestina desde 2010, definindo-a pelos chamados “territórios de 67”, que designam a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.

Por trás dessa demora em ser reconhecido pelo mundo como um país independente, está um conflito que remonta aos meados do século XIX e que ganhou força com a ocupação do território, com a criação do Estado de Israel, em 1948.

Todo esse processo histórico, que não consegue ser resumido em dois parágrafos, virou pauta de debates numerosos sobre direitos humanos, direito internacional e conflitos armados. Organizações como a Rede Educacional pelos Direitos Humanos em Palestina/Israel (a FFIPP, em atividade há mais de duas décadas na Europa e nos Estados Unidos) se debruçam sobre o tema e trazem os debates para os brasileiros. Foi dessa proposta de diálogo que surgiu em 2013 o programa de estágios da FFIPP no Brasil, que leva os interessados para estagiar por cinco semanas em organizações não-governamentais na região e passar por orientações e palestras sobre o conflito.

O objetivo é desconstruir o senso comum sobre a situação em Israel e na Palestina e promover os direitos humanos. “Muitas informações que nos chegam no Brasil tratam a região como um lugar incompreensível para a racionalidade ocidental, como se desde sempre as populações de lá vivessem de forma conflituosa”, explica a historiadora Mariane Gennari, que faz parte da FFIPP e ajuda na organização das viagens.

Trazemos responsabilidade ativa para o público brasileiro, como parte da comunidade internacional interessada em denunciar violações de direitos humanos

Para possibilitar um entendimento mais completo, o programa separa os primeiros 10 dias para atividades como palestras, tours e conversas com membros da sociedade civil no território israelense e na Palestina Ocupada. Já as outras quatro semanas destinam-se ao desenvolvimento de projetos do participante junto às organizações parceiras. O estagiário pode, por exemplo, ajudar na produção de relatórios, ou até conhecer de perto os aspectos legais na Palestina, que está sob ocupação há 68 anos.

A escolha da organização receptora se adéqua ao perfil do participante e seus principais interesses. Para Helena Cunha, estudante de Relações Internacionais que estagiou este ano em Ramallah, capital da Autoridade Palestina, a experiência abriu as portas para uma visão mais empática sobre o que acontece por lá. No caso dela, o foco era trabalhar com mulheres. “Cheguei lá e vi algo totalmente diferente. Mulheres em território ocupado passam por questões muito maiores, diferentes das nossas, e foi uma experiência de bastante aprendizado”, resume a estudante, que trabalhou na PWWSD (Palestinian Working Women Society for Development). As organizações receptoras abrangem várias temáticas: educação, questão de moradia e da água, arte e cultura, questões de gênero e LGBTQ, economia e, também, a questão dos refugiados.

A experiência com a questão palestina, como destacam os organizadores, não se limita ao intercâmbio. Muitos dos participantes, ao retornar ao Brasil, se aprofundam no tema e acabam se engajando em outras atividades relacionadas – ligadas à ONG ou não. “Trazemos responsabilidade ativa para o público brasileiro, como parte da comunidade internacional interessada em denunciar violações de direitos humanos”, aponta Mariane, que atua na FFIPP-Brasil desde 2014.

O processo seletivo considera o currículo acadêmico e profissional do candidato, além de um formulário de dados básicos e informações sobre o interesse da pessoa na questão palestina. Para se inscrever, é necessário pagar uma taxa de 35 reais não-reembolsáveis. Já na segunda fase da seleção, os membros da FFIPP entrevistam os pré-selecionados em inglês e em português. Depois da divulgação dos aprovados, quem é chamado para o programa tem de passar por um fim de semana de preparação para a viagem, com informações sobre a situação por lá e o histórico do conflito.

Na edição de 2017, o programa, que sai inicialmente por 1700 dólares, contará com bolsas parciais e totais. O candidato deve arcar, ainda, com a passagem aérea, o seguro saúde obrigatório, além das despesas de alimentação e transporte nas semanas de estágio. Isso porque o valor do programa em si cobre as palestras oferecidas com organizações da sociedade civil, hospedagem, transporte e alimentação na Semana de Orientação, além da moradia durante o período de trabalho.

As inscrições para o programa vão até o dia 20 de agosto e os candidatos devem ter, no mínimo, 18 anos de idade, além de um nível bom de conversação em inglês.

Saiba mais no site da FFIPP.

* Foto: Turma de Estagiários de 2016 em Old Jaffa, Tel Aviv / Crédito: FFIPP Brasil

 

 

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