Em março, devido à pandemia da COVID-19, universidades do mundo todo orientaram seus alunos a voltarem às suas casas e, em muitos casos, fecharam seus campi. Agora, três meses depois, embora ainda não haja um consenso sobre quando as universidades vão reabrir, várias instituições de ponta já têm planos para os próximos semestres.
Em alguns casos, as aulas até o fim de 2020 serão majoritariamente online até segunda ordem. Em outros, as instituições já pensam em retomar as aulas presenciais em agosto, adotando uma série de medidas de segurança para evitar a disseminação da doença.
Mas em todos os casos, a preocupação com a saúde dos alunos, professores e funcionários fica em primeiro plano — à frente até mesmo da missão educativa das instituições. Confira a seguir algumas das abordagens:
Online até segunda ordem
A Universidade de Cambridge anunciou em 20 de maio que estava suspendendo todas as lectures do seu próximo ano acadêmico. Ou seja: alunos que começarão seus estudos no segundo semestre de 2020 não terão aulas presenciais com grandes números de colegas até a segunda metade de 2021 — ou, ao menos, é o que a universidade planeja por ora.
De acordo com o site ABC News, essas aulas continuarão a ser ministradas, mas serão transmitidas online. A decisão, no entanto, se refere às lectures: aulas ministradas para grandes números de estudantes ao mesmo tempo. Segundo a universidade, existe a possibilidade de que aulas em grupos pequenos aconteçam ao longo do próximo ano letivo, mas elas serão analisadas caso-a-caso.
Ainda de acordo com o site de notícias, a medida foi adotaa por outras instituições britânicas, como a Universidade de Edimburgo. Por lá, as aulas que colocariam grandes números de estudantes numa sala de aula serão inicialmente suspensas, e os professores passarão a considerar possibilidades de realizar encontros com poucos alunos por vez.
Vai / não vai
Em Harvard, por enquanto, ainda não há muita clareza sobre os planos para o próximo semestre letivo. “Todas as escolas e unidades estão desenvolvendo planos para trazer de volta estudantes, professores e funcionários com segurança de volta ao campus tão cendo quanto as condições permitirem”, disse a instituição num comunicado de maio.
O comunicado foi motivado pelo plano de reabertura do estado de Massachusetts, onde a instituição se encontra.O plano não diz nada sobre quando as universidades vão reabrir, mas a instituição começou a retomar trabalhos em seus laboratórios no dia 25 de maio, para que algumas atividades de pesquisa pudessem ter continuidade.
As decisões sobre as aulas, no entanto, estão sendo tomadas individualmente pelas escolas que compõem a universidade. Algumas, como a Kennedy School of Government e a Harvard Law School, já anunciaram que pretendem manter as aulas online durante o próximo semestre. Outras, como a Harvard College (onde funcionam os cursos de graduação) ainda não se pronunciaram.
O MIT, que também fica em Massachusetts, é outra instituição de ponta que ainda não tem clareza sobre quando pretende retomar suas aulas presenciais. Na mais recente reunião geral da direção do instituto, considerou-se que mais informações sobre essa reabertura deveriam aparecer no fim de junho ou começo de julho.
“Quando as pessoas começarem a voltar para o campus, será, quase certamente, em um processo gradual, em fases”, diz a página de notícias da universidade. Enquanto não se decide quando as universidades vão reabrir, os alunos do MIT pelo menos têm uma versão digital do campus que eles podem frequentar.
Rodízio de alunos
Em Stanford, por sua vez, há uma ideia interessante que permitiria retomar as aulas presenciais mais cedo, com menos risco para os estudantes. A ideia consiste em realizar quatro trimestres letivos durante o próximo ano letivo (em vez de três, já que normalmente o verão do hemisfério norte marca as “férias” da universidade).
Os alunos seriam divididos em turmas, e cada turma faria dois semestres presenciais e um semestre online. Calouros teriam preferência para fazer presencialmente seu primeiro semestre, a fim de conhecer o campus, e estudantes do último ano poderiam se despedir da universidade fazendo presencialmente seu trimestre final por lá também.
A ideia é criar uma espécie de “rodízio de alunos” para que haja, a cada momento, menos pessoas no campus. No entanto, segundo um comunicado da universidade datado de 3 de junho, “ainda precisamos pensar no ensino online como a opção padrão para 2020-2021, a ser suplementada por aulas presenciais tanto quanto for seguro e factível para alunos e professores presentes no campus”.
Voltar já em agosto
Uma das universidades que já delinearam planos para retomar as aulas presenciais em agosto foi a Notre Dame University. Conforme a instituição informou num comunicado datado de 18 de maio, as aulas começarão presencialmente no dia 10 de agosto com a intenção de concluir o semestre antes do feriado de Ação de Graças, no fim de novembro. A instituição também não terá o tradicional feriado de uma semana em outubro.
Segundo Thais Pires, diretora-assistente do São Paulo Global Center da universidade, a decisão foi tomada após muito debate com especialistas de saúde. E para isso, serão tomadas uma série de medidas para garantir a segurança dos estudantes, detalhadas nesta carta do presidente da universidade.
Cada aluno receberá, da universidade, três máscaras de proteção, que eles deverão usar sempre que estiverem em aula. Também serão orientados a manter dois metros de distância de outras pessoas sempre que possível, além de seguir outros protocolos de segurança que a universidade comunicará ao longo do semestre.
Além disso, a instituição pretende oferecer amplo apoio de saúde aos seus estudantes. Eles poderão testar para COVID-19 e caso algum aluno teste positivo, ele deverá seguir medidas de isolamento social. Nesse caso, poderá acompanhar as aulas virtualmente, já que o plano é que elas sejam ministradas presencialmente e transmitidas online também.
Ainda no caso de um teste positivo, a instituição fará o rastreamento das pessoas com quem o aluno que testou positivo teve contato nos dias anteriores. Essas pessoas também serão orientadas a adotar medidas de quarentena. Segundo a universidade, haverá espaços físicos reservados para alunos que precisem adotar essas medidas.
Apoio aos estudantes
De acordo com Thais, a decisão de retomar os encontros presenciais em agosto foi motivada pelo entendimento de que a missão educativa da universidade vai além das aulas. “Todos os alunos falam que os 4 anos de convivência com estudantes de vários lugares do mundo é uma experiência que não tem substituição. Então todo esse empenho de Notre Dame para abrir é para continuar proporcionando essa experiência”, explica.
Para os estudantes brasileiros de Notre Dame, outra dificuldade é o fato de que o governo estadunidense dificultou a entrada de brasileiros no país, o que pode atrasar a volta deles à universidade. Thais diz que tem prestado auxílio a esse grupo de alunos, ajudando-os, por exemplo, a encontrar programas de estágio de verão por aqui.