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Questões para você refletir antes de decidir o seu país de intercâmbio

país de intercâmbio

Queridos,

No texto passado sugeri alguns questionamentos para que vocês viajassem em direção a si mesmos e se fortalecessem para a jornada lá fora. Hoje ressalto algumas questões que acho importante o estudante se perguntar antes de bater o martelo em relação ao país de destino.

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É importante adequar algumas expectativas e verificar se os seus objetivos casam com a realidade do país. Por exemplo, que idioma você já tem uma boa base? Ou qual você gostaria de aperfeiçoar? Certamente já ser capaz de se comunicar no idioma desde o começo facilita (e muito!) a adaptação inicial, a qualidade do bem-estar e a autoconfiança. Quem chega com baixa capacidade de comunicação pode ter condições de triunfar sim. Mas terá que ter tolerância à frustração e à sensação de impotência, além de saber que precisará investir mais energia e ter bom humor e paciência.

Para pensar:
1. Quais são os valores principais que orientam o comportamento das pessoas do país que quero ir?
2. De que forma eles lidam com o tempo? Se comunicam direta ou indiretamente?
3. É uma sociedade hierárquica ou igualitária? Individualista ou coletivista?

Não é possível controlar todas as variáveis de adaptação e nem sempre dá para levar um planejamento ao pé da letra (…) Mas nada de cair de paraquedas em um local que não faz sentido para vocês

Quer estudar nos EUA? Beleza! Mas saiba que as chances de enfrentar um comportamento mais individualista por parte de seus colegas, de ter professores mais rígidos com prazos, e relações mais impessoais são bem maiores do que se você for estudar em uma universidade mexicana, por exemplo. Estou generalizando, se atentem apenas à reflexão. E aqui não há certo ou errado, nem melhor ou pior. O que importa é o que cada um está disposto a viver e levar da experiência. Saber a tendência no comportamento “deles” lhes dará a chance de melhor compreender o encontro intercultural, as principais diferenças em relação a vocês, assim como as melhores estratégias para não gerar conflitos desnecessários. Lembro de uma intercambista baiana que estudava em uma universidade alemã e, em certo momento, precisava de ajuda com um trabalho. Ela ficou abismada quando foi pedir suporte para a colega alemã e esta disse que não poderia ajudá-la, pois já tinha as suas tarefas para fazer. Então a querida brasileirinha me escreve dizendo: “Como ela pode ser tão egoísta Gabriela?! Minhas amigas de Salvador jamais me negariam ajuda! Eu sabia que ela não gostava de mim. Ô gente fria…”. Aqui está uma grande questão intercultural.

Nesse momento vocês podem entender que alemães são mais individualistas e privados (e sabiam que isso poderia acontecer) e tal postura tem a ver com isso, e não com desafetos pessoais ou uma simples má vontade. O primeiro approach constrói ponte. O segundo, uma bela barreira. Pense também: Quais são as religiões predominantes? É um país mulçumano, ou uma região mórmon? Claro que as crenças que acompanham tais doutrinas refletem na forma de viver da população local. E o clima? Uma amiga minha de Florianópolis, que adorava pegar onda, entrou em pane durante o inverno britânico depois de semanas sem ver um raiozinho de sol. Se não suporta o frio, apresenta um terrível mal humor e alergias quando em temperaturas baixas, para que enfrentar as negativas de Winnipeg no Canadá? E por cinco anos?! E por aí vamos amigos!

As perguntas podem ser muitas. Façam quantas forem necessárias para estreitar os laços com seu destinos. Não é possível controlar todas as variáveis de adaptação e nem sempre dá para levar um planejamento ao pé da letra: surpresas boas e outras chatinhas sempre aparecem no caminho. Mas nada de cair de paraquedas em um local que não faz sentido para vocês. Os desafios serão muitos, anyway. Facilitem suas vidas naquilo que for possível.

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Gabriela Ribeiro – Colunista sobre Psicologia e Educação Intercultural GabrielaGabriela é psicóloga com formação na PUCRS, em Porto Alegre. Recebeu profunda formação na metodologia Intercultural Training®, desenvolvida por Andréa Sebben através de sua longa trajetória de estudos e trabalhos na Europa e Brasil. Fez intercâmbio na Inglaterra e Nova Zelândia e já esteve em 30 países. Participou de cursos de formação nas Ciências Interculturais em países como o Chile, Argentina, Venezuela, Costa Rica, Colômbia e Inglaterra. Há 8 anos ministra palestras e treinamentos interculturais em todo Brasil, em diversos idiomas, e é membro da IAIE – International Association for Intercultural Education.

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