Se é um fato que ter uma vivência de estudos fora do país é uma experiência enriquecedora independentemente da área, no caso da Medicina, as possibilidades se expandem ainda mais com a possibilidade de fazer residência médica no exterior. Porém, como a atividade envolve uma prática específica e sensível, o processo seletivo é composto por uma série de fases, que vão muito além de ter um bom currículo acadêmico.
As exigências, aliás, variam conforme o local escolhido. Neste post, falaremos mais sobre os componentes que envolvem a prática.
O que considerar antes de optar pela residência médica no exterior
Assim como em uma etapa de application ou em um processo para obter o visto, fazer residência médica em outro país exigirá bastante planejamento, sobretudo em termos de documentação.
Não estamos falando somente dos documentos pessoais, mas de itens que podem ser específicos desse procedimento, como os exames que costumam ser pedidos. Algumas instituições de ensino superior exigem que o candidato passe por um exame como forma de atestar conhecimentos.
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Depois de pensar nos componentes da checklist, é fundamental considerar alguns fatores mais relacionados ao destino pretendido. Será preciso conhecer o idioma local em um nível mais profundo, que vai além de textos acadêmicos e conversação. Em outras palavras, você vai precisar saber termos técnicos do dia a dia de um médico naquele contexto.
Por isso, como veremos mais adiante, um dos locais mais procurados por brasileiros é Portugal, justamente onde a barreira do idioma é mais fácil de transpor. A remuneração, entretanto, costuma ser maior nos Estados Unidos, apesar da necessidade de proficiência em inglês e de maior rigor (e demora) no processo seletivo. Isso porque, naturalmente, o salário é outro fator a ser levado em conta.
Destinos mais populares para fazer residência
Estados Unidos
Os médicos estrangeiros têm a mesma exigência dos residentes nos EUA para a residência: passar pela prova do United States Medical Licensing Examination (USMLE), dividida em três etapas. A primeira é uma avaliação dos conhecimentos mais básicos. No segundo passo, há uma simulação de atendimento, com o objetivo de verificar a prática clínica do médico. Já a terceira é uma avaliação comportamental.
Todas as etapas são pagas (em dólares), mas a vantagem é que geralmente há a possibilidade de fazê-las diretamente no Brasil. Após concluir a prova, o candidato precisa selecionar os hospitais em que deseja ser médico residente. Caso seja aprovado pelo centro de saúde, é então convocado.
Canadá
A residência médica no Canadá só está disponível para quem, de fato, vive no país. Por isso, é preciso ter obtido, antes da candidatura, um visto permanente.
O primeiro passo antes de considerar o Canadá como destino da residência médica é verificar se a faculdade onde cursa a graduação é registrada no World Directory of Medical Schools. Trata-se de um banco de dados público de instituições que oferecem educação médica. Se a universidade estiver listada, o candidato está apto a se inscrever no Physicians Apply (plataforma do Conselho de Medicina canadense).
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Há um prazo para resposta do órgão, que costuma ser de quatro meses. O interessado ainda precisará se submeter a um exame do órgão competente e pagar algumas taxas. Só após a aprovação em todos os passos o candidato estará apto a aplicar para uma vaga de residência.
Vale dizer que a concorrência é grande e há menos oportunidades para estrangeiros. Por esse motivo, muitos optam por segmentos menos concorridos da profissão, como Medicina da Família.
Portugal
Em geral, a residência médica em países europeus é menos burocrática em relação aos países norte-americanos. Em Portugal, o candidato precisa ser aprovado na Prova Nacional de Acesso (PNA), que é composta por questões de múltipla escolha sobre as grandes áreas da Medicina.
A experiência de residente tem duração de um ano – período durante o qual o médico tem contato com várias especialidades, a menos que já tenha mais de três anos de experiência profissional.
Inglaterra
A residência médica na Inglaterra é um pouco diferente, já que exige que o candidato internacional passe por um Foundation Year, também conhecido como ano de preparação para, só depois, considerar uma especialidade médica.
Esta é uma etapa de equivalência de conhecimentos em relação à formação no Brasil. Após o procedimento, normalmente há uma análise de currículo para verificar se o perfil tem aderência com a especialidade pretendida.
Outros países para considerar
Como já exemplificamos, cada país tem suas regras próprias para quem quer fazer residência médica no exterior. Já abordamos os principais, mas falaremos sobre outros destinos que também podem ser opções.
Na Espanha, o candidato precisa homologar o diploma e se submeter a um exame que é composto por 200 questões. Se aprovado, o estudante pode ter a experiência dentro de um hospital ligado ao Ministério da Saúde.
Na Alemanha, há uma prova teórica em alemão e uma prova oral, com caráter de entrevista. Os responsáveis pela seleção querem saber, principalmente, se o interessado consegue se comunicar bem no idioma, para além de atestar seus conhecimentos médicos.