Considerada uma das cientistas mais injustiçadas da história, a pesquisadora inglesa Rosalind Franklin foi fundamental para a descoberta do formato da molécula de DNA. Porém, o reconhecimento de sua pesquisa em torno do tema só ocorreu depois de sua morte. Foi um trio de cientistas homens quem levou os louros pela pesquisa e conquistou o Prêmio Nobel. Entenda a história a seguir:
Infância e juventude Rosalind Franklin
Rosalind Franklin nasceu em Londres em 1920, no seio de uma família judaica. O gosto pela área científica veio cedo, estimulado pela escola onde estudou – uma das poucas instituições para garotas que, na época, contavam com ensino de física e química.
Em 1941, ela se formou em Ciências Naturais pelo Newham College, ligado à Universidade de Cambridge. Um ano depois, começou a pesquisar a estrutura física de materiais carbonizados, a partir de raio-x.
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O estudo sobre carvão lhe rendeu o cargo de pesquisadora da British Coal Utilisation Research Association e, em 1945, a conquista do Ph.D. Já em 1947, ela se mudou para Paris para a pesquisa de pós-doutorado no Laboratoire Central des Services Chimiques de l’Etat, onde aprofundou o contato com raios-x.
Autoria e descoberta do DNA
No começo dos anos 1950, Rosalind voltou à Inglaterra e se juntou à equipe de pesquisadores do King’s College Medical Research Council. Naquela época, as mulheres eram por vezes excluídas da academia. Não raro, algumas universidades simplesmente proibiam as pesquisadoras de utilizar determinadas dependências do campus.
O contexto é importante para situar o machismo do qual Rosalind foi vítima. Isso porque a cientista avançou em seus estudos com difração do raio-x para avaliar a estrutura da molécula de DNA. Foram as observações dela que levaram os bioquímicos James Dewey Watson e Francis Crick, ao lado de Maurice Wilkins (chefe da dupla) a ganhar o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, em 1962.
Basicamente, foi a cientista inglesa quem encabeçou um estudo que viabilizou a observação do formato helicoidal do DNA. Ela foi a autora da chamada “fotografia 51”, um registro com boa definição da molécula. Apesar de conseguir uma imagem importante, ela não percebeu que se tratava de um formato helicoidal.
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Porém, a fotografia foi compartilhada sem sua autorização e levou Crick e Watson a chegarem à conclusão sobre a estrutura. Com isso, Rosalind não só não recebeu os devidos créditos na ocasião do Nobel, como foi chamada de “bruxa” em tom ofensivo em uma carta pelos colegas que, de fato, receberam a honraria.
Morte e homenagens póstumas de Rosalind Franklin
O último trabalho de Rosalind Franklin, ainda sobre as estruturas do carvão, foi publicado em 1958. Ela já sabia que estava com câncer de ovário naquele ano, quando morreu vítima da doença aos 37 anos. A pesquisadora faleceu sem saber que parte de seus relatórios sobre o DNA tinha sido analisada.
O reconhecimento por sua descoberta só se deu no final dos anos 1960. Em 1968, James Watson citou o nome dela em sua autobiografia intitulada A dupla hélice: Como descobri a estrutura do DNA. Rosalind passou a ser conhecida como “a dama sombria” e a “mãe injustiçada” do DNA. Em 2013, o Google a homenageou através do Doodle. Já em 2015, ela foi retratada na peça Fotografia 51, protagonizada pela aclamada atriz Nicole Kidman.