Por Carolina Campos
O intercâmbio de high school, em que o aluno cursa parte do ensino médio no exterior, é uma modalidade que não para de crescer. Dados da Belta (Brazilian Educational & Language Travel Association) mostram que, somente em 2013, 23 mil estudantes deixaram o Brasil para fazer high school em países como EUA, Canadá e Inglaterra. Tanta procura tem justificativa: estudar em escolas de excelência, conhecer um novo destino, conviver com pessoas do mundo todo e, claro, ganhar fluência em outro idioma. Mas você sabe como é, de fato, o high school? O que os alunos aprendem? Quais as diferenças para o ensino médio brasileiro?
Para responder a essas perguntas, o Estudar Fora conversou com Carolina Ramos, de 17 anos, que mora nos Estados Unidos há seis e está no 3o ano do high school lá; e Marina Schor, também de 17 anos, que fez um intercâmbio de seis meses em uma escola norte-americana quando estava no 1o ano do ensino médio.
Veja a seguir as principais vantagens do high school, na opinião delas:
O aluno pode focar mais nas matérias que gosta
O aluno escolhe o que quer estudar – Carolina explica que o modelo de ensino nos EUA é bastante flexível e que, por este motivo, os alunos têm liberdade para escolher disciplinas com as quais tenham mais afinidade. É possível, por exemplo, estudar antropologia, direto constitucional e astronomia.
“O aluno pode focar mais nas matérias que gosta. Tem disciplinas que são bastante específicas e vão muito além das tradicionais física, química e biologia. Às vezes, a gente tem a sensação de já estar na faculdade e eu acho isso muito interessante”, conta ela. Marina concorda: “No Brasil não há flexibilidade nenhuma no currículo. A gente passa o ano inteiro tendo de 6 a 12 disciplinas por dia, sendo que nenhuma delas foi opção nossa”, lamenta.
As turmas são pequenas – Já que os alunos têm a possibilidade de escolher as matérias que querem estudar, as turmas acabam sendo menores, o que facilita bastante o aprendizado. “O que mais me chocou no começo foi isso: o tamanho das salas. No Brasil cada turma tem, em média, de 40 a 45 alunos. Nos EUA são no máximo 20 pessoas”, conta Marina.
Não tem aquela coisa de palestra, em que o professor fala e todo mundo só escuta. Lembro de participar de vários debates de livros e de assuntos variados
Os estudantes participam muito mais das aulas – Marina considera que as aulas nas escolas norte-americanas são muito mais interativas e dinâmicas que nas brasileiras. Lá, o aluno é instigado a participar o tempo todo a expor sua opinião e participar de discussões. “Não tem aquela coisa de palestra, em que o professor fala e todo mundo só escuta. Lembro de participar de vários debates de livros e de assuntos variados, principalmente nas aulas de inglês”, relembra.
Há viagens constantes – Outro ponto muito positivo são as viagens para aprender na prática aquilo que se está estudando. Carolina, por exemplo, teve a oportunidade de participar de duas viagens temáticas, e adorou: “Fui para a China e para Galápagos. Na China, aprendi a criar a minha própria empresa; já em Galápagos aprendi de forma prática ciências e biologia e nadei com tartarugas”, explica.
Existem aulas com diferentes níveis de dificuldade – Outra diferença importante é que, nos EUA, as turmas de high school, em geral, são separadas em três níveis: CP (college prep. – nível mais baixo), Honors (nível intermediário) e o AP (advanced placement – nível mais avançado). “Cada turma tem aulas com graus de dificuldades diferentes. Por um lado, é muito bom porque cada aluno pode aprender melhor, dependendo da sua experiência e do seu conhecimento. Mas, por outro lado, isso causa muita separação nos grupos. Às vezes, o grupo de CP não conhece o grupo Honors, por exemplo”, pondera Carolina.
Os alunos podem integrar diversos grupos de artes, esportes e pesquisa (clubs) – Além de tudo isso, os high schools também oferecem os chamados clubs, que nada mais são do que grupos de alunos que têm interesse em um mesmo tema. A depender da escola, é possivel frequentar clubs de idiomas, esportes, artes, culinária, leitura, música, dentre outros. Na atual escola da Carolina e onde estudou Marina (sim, elas foram amigas!) há mais de 50 clubs. Dá para se divertir bastante jogando quadribol (o jogo do Harry Potter!), aprendendo mandarim, participando do coral ou aprendendo esportes náuticos.
Prepare-se para ver todos os tipos de credos, cores, raças, etnias e religiões
Há preparação intensa para ingresso na universidade – Assim como no Brasil, nos EUA o high school também tem a atribuição de preparar os alunos para entrarem na universidade. No entanto, diferentemente do Brasil, em que os alunos fazem apenas uma prova (vestibular). Lá, é preciso enviar à instituição de interesse uma espécie de dossiê pessoal, com cartas de recomendação, notas em provas, redações, currículo escolar de todo o ensino médio, etc (entenda aqui). Por isso, a preparação do aluno é totalmente diferente: “Acho que existe uma preocupação muito maior com um aprendizado completo e variado”, acredita Marina.
E mais: as escolas americanas também oferecem aplicativos e sites que podem ajudar os alunos a se preparar melhor para o processo de application (candidatura) às universidades. A escola das duas, por exemplo, trabalha com um site chamado Naviance, que ajuda o aluno a encontrar a melhor universidade de acordo com o seu perfil, além de oferecer dicas importantes. “Todo aluno tem uma conta no Naviance. Com o site a gente pode criar uma lista com as faculdades que desejamos aplicar. Basta colocar o GPA (média americana das notas obtidas na escola) e a sua nota no SAT (prova padronizada de ingresso) que o site mostra as chances que o candidato tem de ser aprovado naquelas escolas”, explica Carolina. Há uma preocupação real da escola com o sucesso dos alunos.
Você irá conviver com pessoas do mundo todo – Prepare-se para a diversidade: você estudará com pessoas de vários lugares do mundo. Marina define bem: “Prepare-se para ver todos os tipos de credos, cores, raças, etnias e religiões” resume.
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