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Conheça o Schwarzman Scholars, mestrado para formação de líderes mundiais

Programa Schwarzman Scholars

O cearense Ítalo Alves foi o primeiro brasileiro aprovado no Schwarzman Scholars – um programa de mestrado que assumiu a singela missão de “formar líderes globais”. Ele está na reta final do curso, realizado na Tsinghua University, na China. “O programa tem a intenção de criar uma nova geração de líderes no mundo, preparados para os desafios de hoje em dia”, explica Ítalo, que teve de demonstrar ter um perfil de liderança durante um extenso processo de seleção.

O caminho do brasileiro até Tsinghua foi longo, e incluiu outras experiências no exterior. Morando em Fortaleza, Ítalo sempre estudou em escolas públicas e chegou a iniciar a graduação no Instituto Federal do Ceará, em Engenharia Ambiental. Mas o sonho de estudar fora falou mais alto e, depois de um ano, Ítalo decidiu correr atrás dele. Com o apoio do programa Oportunidades Acadêmicas, ele se candidatou ao bacharelado em universidades americanas.

O “sim” veio da Quinnipiac University, no estado americano de Connecticut – mas veio com um porém logo em seguida. A princípio, ele teria de arcar com os custos da formação por lá. “Ficou por conta minha conquistar uma bolsa, provar que eu precisava dela. Depois de três meses, de trocar vários e-mails, eles me ofereceram uma bolsa integral”, conta ele. Ítalo embarcou para os Estados Unidos e se formou em Negócios Internacionais e Finanças, sempre envolvido com atividades na universidade e programas de estágio. Ao fim da graduação, Ítalo já tinha um emprego em vista, em Nova York.

Foi aí que ficou sabendo do programa Schwarzman Scholars, uma iniciativa ambiciosa do co-fundador da Blackstone, uma gigante do setor de private equity, Stephen Schwarzman. Quando viu a proposta do mestrado, Ítalo percebeu que tinha tudo a ver com suas expectativas na carreira. “Eu quero seguir carreira na política, e tornar a política no Brasil melhor e mais transparente”, resume ele.

Como funciona o Schwarzman Scholars?

A iniciativa parte da formação de líderes globais e do pressuposto de que, no cenário mundial, entender a China é um bom passo inicial. Por isso, a parceria com instituições chinesas do porte de Tsinghua, uma das melhores do mundo e localizada em Pequim. Os alunos estudam campos considerados essenciais, como Economia e Políticas Públicas. “O meu objetivo na China é entender o modelo de desenvolvimento econômico e social, e como eles conseguiram tirar mais de 400 milhões de pessoas da pobreza”, comenta Ítalo, que concluirá o curso em agosto deste ano.

Para garantir uma formação completa, o programa não se limita às salas de aula. “Nós fazemos várias viagens de imersão na cultura chinesa, estamos o tempo inteiro visitando empresas, escritórios do governo, organizações da sociedade civil…”, detalha. Por dia, os estudantes chegam a ter oito horas entre aulas e outras atividades, além de estágios em empresas e outras instituições chinesas. Em Tsinghua, alunos têm contato com professores visitantes e palestrantes de destaque, que vão do presidente do Peru ao vice-premier chinês.

Como é o processo seletivo do Schwarzman Scholars

Logo de cara, Ítalo admite que o processo de seleção para o Schwarzman Scholars é “bastante exaustivo”, já que são muitas etapas e documentos necessários. De início, os candidatos preenchem um formulário robusto, que contempla o histórico acadêmico e profissional. Além dessa ficha completa, são solicitadas três redações, com detalhes sobre experiências de liderança e textos sobre temas que não pertençam à área de especialização do candidato. “Eles também pedem quatro cartas de recomendação de pessoas que não só possam falar sobre quem você é, mas também das suas habilidades de liderança”, explica  Ítalo, que também teve de gravar um vídeo de um minuto sobre si mesmo.

A segunda etapa é um “super day”, com entrevistas presenciais em cidades como Nova York, Londres e Bangkok. É um almoço de networking com convidados de todas as partes do mundo. “Nesse dia, vão grandes líderes mundiais, gente do exército americano, presidentes de ONGs, representantes de universidades como Harvard e Oxford, além do próprio Stephen Schwarzman”, detalha o brasileiro. No começo, é apenas um bate-papo descontraído.

Eu estava lá contando a minha história e era como se eu estivesse de frente para o espelho

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Na etapa seguinte, os alunos devem realizar uma atividade em grupo de prototipagem com peças de LEGO. Só depois disso é que começa a etapa do  painel: de um lado da mesa, o candidato e de outro, entre oito e dez líderes convidados. “A partir daí, as perguntas não param, e você tem que interagir com todo mundo da bancada, para não deixar que o ritmo da entrevista caia”, conta Ítalo. No caso dele, foram questionamentos sobre a intenção de seguir carreira na política, a vontade de tratar de direitos LGBT e mesmo a paixão de Ítalo por música. “Eu estava lá contando a minha história e era como se eu estivesse de frente para o espelho”, descreve.

Ítalo deixou de lado o emprego em Nova York para embarcar para a China, e agora planeja voltar ao Brasil para executar seus planos. É uma recomendação que o cearense faz a quem, assim como ele, estuda fora ou pretende fazê-lo: voltar ao país. “Esteja de olhos abertos para o que acontece à sua volta nesses países, aprenda sobre isso e traga para o Brasil”, diz ele. Animado com a perspectiva de fazer a mudança em sua cidade-natal, Fortaleza, ele acredita que mais gente possa fazer o mesmo. “A gente precisa de muita gente qualificada, muita gente com brilho no olho e que queira transformar o país”.

 

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