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Sem Fronteiras: O que é Aprendizagem Intercultural

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Por Lucas Hackradt, especialista em Aprendizagem Intercultural

Quase todo mundo tem ou já ouviu uma história de algum estrangeiro fazendo algo engraçado no Brasil (ou de um brasileiro tirando sarro de algo que pessoas de fora fazem em seus países). Mas você já parou pra se perguntar o que está por trás dessas histórias? E mais: já ouviu falar em interculturalidade? E em Aprendizagem Intercultural? Quem se propõe a estudar fora deve começar a se preocupar com essas questões, pois compreender o que é interculturalidade não só ajuda a ter uma experiência muito mais enriquecedora no exterior, agregando valor ao currículo, como também forma verdadeiros cidadãos do mundo.

Todas as sociedades, todas as pessoas existentes no mundo de hoje são fruto de alguma cultura. E entender sua própria cultura, assim como a dos outros, é também caminhar no sentido de um mundo mais justo e pacífico, em que não haja conflitos e onde as pessoas possam conviver e respeitar suas diferenças.

“A Filosofia Intercultural se encontra em uma terra de ninguém, em lugar virgem que ainda não foi ocupado, pois se assim não fosse, já não seria mais intercultural, mas pertenceria a alguma cultura”.  Essa frase, cunhada pelo teólogo espanhol Raimon Panikkar, é um excelente resumo daquilo que se entende por Interculturalidade.

A Interculturalidade é o campo de estudos que, ao mesmo tempo que pertence a todos, não pertence a ninguém. Daí a enorme dificuldade em defini-lo. Ajuda-nos a compreender melhor a nós e aos outros, sem poder ser definida por apenas uma perspectiva, se não por todos os envolvido em um processo intercultural – portanto, processo de aprendizagem intercultural mútua.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), competências culturais adquiridas por um processo de aprendizagem intercultural tornam-se importantes mecanismos que “permitem às pessoas navegar adequadamente por ambientes complexos marcados por uma crescente diversidade de pessoas, culturas e estilos de vida”. São, portanto, competências essenciais ao homem moderno.

Aspectos fundamentais da aprendizagem intercultural

Quando então, voltando ao exemplo dado lá em cima, rimos de um estrangeiro que se veste diferente ou faz algo diferente de nós, estamos observando aquele comportamento através de nossas próprias lentes culturais. É como se, naturalmente, acreditássemos que os valores comportamentais brasileiros fossem os corretos, e como esses estrangeiros não agem como nós, aquilo causa graça. Mas, quando se fala de cultura, nada é natural.

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A necessidade de se ensinar e de se construir massa crítica intercultural já vem desde quase o início da História, quando o primeiro homem resolveu cercar seu território e separou-se do resto, assumindo sua própria identidade e começando, aí, sua própria tribo. A Aprendizagem Intercultural é o processo pelo qual as pessoas justamente buscam derrubar suas cercas e olhar para o outro não como seu inimigo, mas apenas como alguém diferente. É através dessa aprendizagem que nos tornamos não tolerantes, mas respeitosos frente ao outro e aprendemos não só a conviver com a diferença, mas a aceitá-la como parte integrante de nossas vidas em sociedade.

Compreender o que é Interculturalidade, então, é um processo de autoconhecimento e de conhecimento do próximo; aprender sobre isso é aprender a lidar com pessoas de diferentes criações e com costumes outros e, assim, chegar a um estado do Sistema em que não haja mais ameaças ou confrontos. Simplesmente um estado de paz concreta em que duas partes convivem com suas diferenças, aceitando-as e entendendo que essas diferenças são benéficas para o funcionamento do homem na sociedade. Afinal, o ditado é popular, mas é sábio: se todo o mundo fosse igual, o mundo seria um lugar bem menos interessante.

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Lucas Hackradt – Colunista sobre a aprendizagem em experiências de intercâmbio

Sou formado em Comunicação Social, mas trabalho na área de educação intercultural desde 2007, quando me tornei voluntário do AFS Intercultura Brasil. Trabalhei na Globo, GloboNews e na Editora Globo como repórter da Revista ÉPOCA, e desde março deste ano integro o quadro de funcionários do AFS no Brasil como Especialista em Aprendizagem Intercultural, ligado à área de Desenvolvimento Organizacional da ONG. Já passei por diversos treinamentos e capacitações na área de educação intercultural, gerenciamento de conflitos culturais e estudos de comunicação intercultural. Já morei em quatro países, o mais recente dos quais Moçambique, na África, aonde desenvolvi projetos de desenvolvimento social sempre atrelados à questão da Interculturalidade. Me guio por uma frase simples: no mundo, nada é pior, nada é melhor, tudo é simplesmente diferente. E ser diferente é legal!

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