Sob pressão de universidades, Trump revoga medida que deportaria estudantes estrangeiros
O governo do presidente estadunidense Donald Trump voltou atrás e revogou nesta sema uma medida que poderia fazer com que estudantes estrangeiros fossem deportados. A medida obrigava pessoas matriculadas em cursos universitários dos EUA com carga de aulas 100% online a saírem do país ou transferirem seus estudos para cursos com aulas presenciais.
Com a revogação da medida, estudantes estrangeiros de universidades com Harvard — que pretendem manter o ensino virtual durante o segundo semestre de 2020 — poderão continuar nos Estados Unidos. No total, a medida que poderia deportar os alunos internacionais durou menos de uma semana.
Motivações
Como a BBC aponta, a revogação da medida aconteceu após o governo estadunidense ser processado por Harvard e pelo MIT por conta da medida. As duas instituições foram, mais tarde, apoiadas no processo por outras 200 universidades de 17 estados do país.
As escolas argumentavam que a medida colocava em risco as vidas dos estudantes estrangeiros, além de prejudicar financeiramente as universidades. Segundo estimativas do instituto de educação internacional dos EUA (IIE), 92% dos alunos estrangeiros continuaram no país após a suspensão das aulas presenciais.
Além disso, conforme as instituições citaram no processo, estima-se que estudantes estrangeiros movimentem cerca de US$ 45 bilhões por ano na economia dos Estados Unidos. As anuidades pagas por esses estudantes são, de fato, uma importante fonte de renda para as universidades do país.
Inicialmente, de acordo com a administração Trump, o objetivo da restrição a estudantes estrangeiros era impedir a permanência indevida de pessoas de outros países nos EUA. Com a revogação da medida, no entanto, o país voltará a uma política estabelecida em março que suspende, por causa da pandemia, os limites de aulas online para estudantes estrangeiros que já estão no país.
Resultado
Segundo o jornal estadunidense Star Tribune, o presidente de Harvard, Lawrence Bacow, considerou o resultado uma “vitória significativa” para as universidades. Na visão dele, mesmo que o governo tente impor outra medida semelhante, “nossos argumentos legais se mantêm firmes (…), o que permitiria que nós protegêssemos nossos estudantes internacionais se o governo agir novamente contra a lei”.
A sensação foi repercutida pelo presidente do MIT, L. Rafael Reif, que acredita que a situação deixou claro que medidas como essa podem ter impactos imensos sobre a vida dos alunos. “Precisamos abordar as políticas, especialmente agora, com mais humanidade e decência, não menos”, argumentou.
Por enquanto, portanto, alunos estrangeiros matriculados em universidades dos EUA com aulas 100% online poderão continuar no país. Os Estados Unidos, no entanto, ainda mantêm sua restrição de entrada para pessoas que tenham estado no Brasil nos últimos 14 dias. Procedimentos de emissão de vistos também estão interrompidos.