Falar sobre a Universidade de Lisboa é falar sobre tradição acadêmica em Portugal. A instituição de ensino superior surge da fusão entre duas universidades que somam séculos de história na capital portuguesa onde está localizada – e que lhe dá nome. Ao mesmo tempo, o fato de a fusão ter ocorrido recentemente, em 2013, reforça um caráter moderno em meio a isso tudo. É considerada a segunda melhor universidade de Portugal pela Quacquarelli Symonds, ficando atrás apenas da Universidade do Porto no ranking de 2022 por região. Pelo da Times Higher Education, é a terceira melhor instituição de ensino superior portuguesa. Já em número de alunos, é a maior do país europeu.
A ULisboa recebe, anualmente, mais de mil estudantes internacionais e, no caso dos brasileiros, um dos destaques em relação à escolha pela instituição é a possibilidade de usar a nota do Exame Nacional do Ensino Médio para ingressar. A qualidade na investigação, inovação e cultura das escolas e unidades de investigação da ULisboa atrai um número crescente de talentos de várias partes do mundo para criar projetos de investigação de mais alto nível.
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História da Universidade de Lisboa
A ULisboa é pública e tem sua sede na Alameda da Universidade, em Alvalade, na capital portuguesa. A história da instituição começa em 1290, quando a bula pontifícia (em outras palavras, o alvará concedido pelo Papa) a reconheceu sob o nome de “Estudo Geral de Lisboa”.
Foi transferida nos anos 1.500 para Coimbra, mas, a partir do final do século XVIII, o ensino foi reestabelecido na capital, quando houve a criação de escolas e institutos que originaram duas instituições: Universidade de Lisboa e Universidade Técnica de Lisboa. Da fusão delas, surgiu, em 2013, a ULisboa nos moldes em que é conhecida hoje.
ULisboa em Números
A ULisboa é composta por 18 escolas, sendo 11 faculdades e 7 institutos, além de mais de 100 unidades de investigação. Seus 8 campi estão espalhados pela capital portuguesa.
De acordo com a própria instituição, a universidade tem 50 mil estudantes (dos quais cerca de 5 mil são bolsistas), 4 mil professores, 2,5 mil funcionários (não docentes) e mais de 400 cursos conferentes de grau. Há, ainda, 80 opções de licenciaturas, 206 programas de mestrado, 110 de doutorado e outros 131 cursos livres.
Em relação à posição em rankings que medem a qualidade do ensino a nível mundial, a ULisboa ocupa a 28ª posição no European Teaching Rankings do THE e está entre as 600 melhores do globo na classificação geral mais recente da Times Higher Education. Já pelo ranking QS, a universidade é considerada a 356ª melhor do mundo.
Principais programas da maior universidade de Portugal
Na ULisboa, 25% dos programas de mestrado e 35% dos doutorados (chamado de “doutoramentos”) são ministrados total ou parcialmente em inglês, o que contribui para a internacionalização da instituição. Em muitos outros, algumas unidades curriculares podem ser ministradas neste idioma, desde que existam estudantes internacionais no curso. Conheça as características das principais faculdades da universidade portuguesa:
Faculdade de Ciências
A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa tem mais de um século de história; foi criada por meio de um decreto em 19 de abril de 1911. Desde a sua inauguração e até 1985, ano em que ocorreu a transferência para as novas instalações do Campo Grande, a Faculdade de Ciências esteve sediada no edifício que anteriormente acolhia a Escola Politécnica. Com cerca de 40 cursos de mestrado e mais de 30 programas de doutorado, o departamento abriga mais de 5 mil alunos, em cursos como os de Química, Biologia, Matemática, Ciências da Terra e Engenharias Físicas.
Faculdade de Direito
Considerada a que tem o melhor curso de Direito de Portugal e o 29ª melhor da Europa pelo SCIMago Research em 2015, a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa foi fundada em junho de 1913. Destaca-se por ter sido onde estudaram quatro presidentes da república de Portugal (António Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Marcelo Rebelo de Sousa) e nove chefes do governo do país europeu.
Faculdade de Farmácia
Quando a Universidade de Lisboa foi constituída, a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa passou a se chamar Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, mas continuou a integrar a Escola de Farmácia. O movimento geral de reforma do ensino desencadeou alterações na estrutura curricular do curso de Ciências Farmacêuticas, que passou a ter a duração de oito semestres, dando direito ao título de Farmacêutico Químico.
A faculdade de Farmácia antecede a unificação das universidades que deram origem à ULisboa e é uma das mais fortes da instituição. Além do mestrado integrado em Farmácia, oferece licenciatura em Nutrição e cursos de mestrado na área de Análises Clínicas, Ciências Biofarmacêuticas e Engenharia Farmacêutica. O doutorado abrange os cursos de Ciências da Sustentabilidade e Farmácia.
Faculdade de Letras
A Faculdade de Letras é a terceira maior das dezoito escolas da Universidade de Lisboa. Desde 1859 e até 1911 funcionava como Curso Superior de Letras, criado a partir de uma doação do rei Dom Pedro V. O ensino e a pesquisa estiveram inicialmente ligados às seguintes áreas de Humanidades: Estudos Literários, Filosofia, História e Linguística.
A configuração clássica deste departamento na Universidade de Lisboa teve, entre os alunos, o escritor português Fernando Pessoa e a dramaturga luso-brasileira Maria Adelaide Amaral. Já após a reconfiguração da Faculdade de Letras, em 1911, um dos nomes mais célebres entre a rede de alumni foi o da poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen. Hoje, a FLUL abriga 17 licenciaturas em áreas como História, Ciências da Linguagem e Estudos Clássicos e tem uma ampla oferta de mestrados e doutorados.
Como se candidatar – e usar o ENEM para entrar na ULisboa
A Universidade de Lisboa se baseia no modelo de ensino europeu, que divide os estudos de ensino superior em graus acadêmicos. O primeiro ciclo é o da Licenciatura e do Mestrado Integrado. O segundo período é o do Mestrado, de fato e o terceiro, o do doutorado.
A candidatura de estudantes internacionais é feita online, sendo que, no caso dos brasileiros, a vantagem é que a ULisboa é uma das 50 instituições de Portugal que aceitam a nota do ENEM. Isso acontece desde 2014, quando o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), ligado ao MEC (Ministério da Educação) passou a firmar acordos de cooperação com universidades e institutos portugueses.
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Para se candidatar, é necessário ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio no Brasil no ano da inscrição ou até 3 anos antes. Normalmente existem 3 fases para a candidatura: a primeira entre janeiro e fevereiro; a segunda, entre março e abril e a terceira, em maio, junho e julho, apenas se ainda restarem vagas. A documentação é como a de outros tipos de application, envolvendo documento de identificação com foto, diploma do ensino médio, carta de motivação e declaração dizendo que cumpre os requisitos necessários para aplicar.
Quanto custa estudar na ULisboa e quais os programas de mobilidade estudantil
Os convênios do MEC com universidades portuguesas não envolvem transferência de recursos ou financiamento estudantil por parte do governo brasileiro, já que o país europeu cobra taxa dos graduandos para estudar – e isso naturalmente se aplica à ULisboa. As mensalidades por lá são chamadas de “propinas” e os alunos internacionais pagam valores diferentes em relação aqueles que têm cidadania portuguesa.
De acordo com o próprio site da universidade, as propinas são fixadas pelo Conselho Geral e estão indicadas na página de cada curso. A mensalidade para licenciatura em administração, ciência política, educação e filosofia, por exemplo, é de 3.500 euros para o primeiro ano de estudos. Já para os cursos de design e tecnologia da informação, o valor é de 7.000 euros para o primeiro período, enquanto as licenciaturas em tecnologias da informação e design saem por 10.000 euros. Normalmente não há diferenciação entre os graus, o que significa que um mestrado pode custar o mesmo valor de uma licenciatura na ULisboa.
A universidade oferece bolsa de estudos por mérito, mas somente para quem tem nacionalidade portuguesa. Já para os estudantes estrangeiros que desejam fazer intercâmbio por meio de um programa de Mobilidade Internacional, cabe mencionar que a ULisboa é parceira de pelo menos quatro dessas iniciativas que, aí sim, concedem apoio financeiro: Erasmus+, Fullbright, SMILE e Athens.
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A ideia é que os estudantes vindos de outros países e matriculados em outras instituições estrangeiras frequentem a ULisboa durante um semestre ou um ano letivo, para adquirir experiência internacional. Além dos programas mundiais de mobilidade, três instituições brasileiras são parceiras da ULisboa: USP, Unicamp e UFRJ.