Por https://www.estudarfora.org.br/wp-content/uploads/2017/06/mariaeduarda-prep-1.png Bellini
Na área de Economia, um dos níveis mais altos de reconhecimento vem do Prêmio Nobel. Verdade seja dita, poucas premiações em âmbito acadêmico podem competir. Como em outros campos do conhecimento, ser laureado com um Nobel em Economia significa chegar ao topo. É de espantar que, desde 1901, a honraria tenha sido atribuída apenas a uma mulher – a americana Elinor Ostrom.
Este não é o único termômetro para medir a representatividade feminina na Economia e suas numerosas subdivisões. Um dos traços mais marcantes da desigualdade na área vem justamente da percepção sobre ela por parte das mulheres. Segundo uma pesquisa da American University, em 2006, a ala feminina se afastava do campo de estudo por concebê-la como algo “voltado aos negócios”, que “prioriza conceitos matemáticos” e “enfatiza a busca por dinheiro”. Como, desde muito cedo, meninas têm menor confiança nas Exatas, natural que se afastem de uma graduação em Economia.
Os números de mulheres economistas podem ser menos gritantes do que em salas de engenharia ou de ciências biológicas. Ainda assim, apenas 29% dos estudantes que fazem seu major em economia são mulheres. E, olhando mais atentamente, é possível identificar que, mesmo estes 30% raramente chegam ao nível de PhD – o que resulta que menos de 20% dos professores de economia nas 10 melhores universidades dos Estados Unidos sejam mulheres.
Em uma reunião, quando 80% das pessoas são homens, quem mais fala são eles e elas têm receio de se posicionar
Como explica a economista paranaense Gabriela Gugelmin, mesmo dentro da Economia, as mulheres acabam reféns das mesmas subdivisões. A princípio, enquanto fazia a graduação na Columbia University, ela percebia um índice de “uns 30%” de mulheres no corpo discente. Quando começou a trabalhar com Finanças em gigantes como JP Morgan, Gabriela percebeu que as mulheres economistas “trabalhavam no RH, mas não no desenvolvimento de produtos, nem na mesa de negociação”. “Em uma reunião, quando 80% das pessoas são homens, quem mais fala são eles e elas têm receio de se posicionar”, exemplifica a brasileira. São padrões comuns nas carreiras de Economia, ainda que empresas tenham passado a discutir o tema com maior frequência.
Dentro da Economia, como a experiência de Gabriela indica e os números apontam, as mulheres tendem a estudar assuntos mais voltadas aos aspectos sociais, como economia do trabalho. A matemática mais “pesada” é cunhada desde cedo como masculina, e conta com menos representantes mulheres.
Encarando o problema
A saída encontrada por universidades estrangeiras foi investir em grupos de estudantes, conferências e programas de mentoria voltados às garotas. É um processo semelhante ao que acontece em outros cursos majoritariamente frequentados por homens, como ciência e engenharias.
É o caso do projeto Undergraduate Women in Economics, idealizado pela professora Claudia Goldin na Universidade Harvard. A iniciativa reúne 20 instituições americanas – a exemplo da Brown University e de Yale – e consolida o compromisso em aumentar a representatividade feminina no curso. Uma vez estudantes dessas escolas, alunas têm acesso a mentoras, participam de eventos e podem fazer estágios de verão na área.
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