Algumas instituições de ensino, em especial em países como os Estados Unidos, são mais pautadas em atividades práticas que outras. Mesmo que uma parcela das entidades aposte mais nesse aspecto, uma tendência prevalece em todas: oportunidades para colocar a mão na massa fazem bem no processo educativo.
O contato com situações que chegam ao campo da realidade, em vez de estarem voltadas à teoria, pode vir nas abordagens caso-a-caso em um MBA, ou mesmo nos estágios oferecidos em organizações mais experientes em setores sociais. No caso de instituições de ensino como a Universidade da Califórnia, Berkeley, programas como o mestrado em Development Practice motivam os alunos não só a se dedicar às bases teóricas do desenvolvimento sustentável, como também a encarar atividades em campo. Isso inclui trabalhar durante o verão em organizações comunitárias no interior do México, ou mesmo desenvolver novas formas de empregabilidade para mulheres em um estado da Índia.
É a chance de adquirir mais experiências no currículo, mas também de expor a desafios que não apareceriam espontaneamente em uma sala de aula. No caso de áreas de inovação ligadas a setores sociais, esses desafios representam a chance de melhorar — ou mesmo resolver — um contexto problemático.
Empreendedorismo Social através de atividades práticas
Para a Duke University, ter a vivência de uma questão social vale pontos extras no processo educativo. Para a assistente de programas do Center for the Advancement of Social Entrepreneurship, Patricia Massard, o conjunto de atividades práticas e extra-classe que a instituição oferece é o tipo de projeto “win-win”. “Por um lado, os alunos ganham mais experiência na prática e, por outro, as entidades recebem novas contribuições de gente que está começando no setor”, explica Patricia.
O CASE, que foca especificamente no empreendedorismo social, é uma das entidades que passou a oferecer os “loan forgiveness awards” (o perdão da dívida dos alunos), para quem se dedicasse a trabalhar em ONGs e determinadas agências governamentais. Além disso, faz parte das iniciativas oferecidas pelo CASE dar aconselhamento profissional aos alunos que trilham essa carreira, e indicar uma série de atividades para os que desejam “testar” o setor antes de apostar nele.
O objetivo é fazer com que a paixão pela mudança social se converta em passos certeiros na trajetória acadêmica e profissional. “Os estudantes devem estar preparados para qualquer setor – eles podem criar empreendimentos sociais próprios, podem optar por áreas de consultoria, ou mesmo trabalhar em organizações sem fins lucrativos. Os líderes que formamos têm de saber mirar os problemas globais e pensar em soluções com base nos princípios de negócios”, explica Massard.
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Na lista de iniciativas, está a Fuqua on Board, que encaminha os estudantes de MBA focados em empreendedorismo social para entidades em Durham, cidade onde fica a Duke University. Com o programa, eles se tornam “board members” nas reuniões dessas organizações e acompanham as atividades durante um ano. Nesse período, também participam de treinamentos na área e são orientados individualmente por outros membros da organização.
Outros programas voltados para os estudantes em negócios como um todo, a exemplo do Fuqua Client Consulting Practicum (FCCP), também apresentam sua versão social. É possível, no caso do FCCP, trabalhar como consultor em organizações sem fins lucrativos (nos Estados Unidos ou fora do país) e ajudar a resolver os desafios que surgem.
As vantagens para a carreira, obtidas na prática, não são o único ponto positivo. Por outro lado, o contato direto permite humanizar o conceito desenvolvido em um projeto social, em uma ONG ou em uma start-up. Afinal, uma coisa é pensar o passo-a-passo de uma iniciativa de dentro de um escritório, outra é ver com os próprios olhos os efeitos positivos dessa ação.