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Tudo sobre a vacina contra COVID-19 de Oxford que está sendo testada no Brasil

Diagrama do coronavírus, vacina contra COVID-19 de Oxford

Em 20 de julho, pesquisadores do Reino Unido publicaram um artigo no periódico científico The Lancet confirmando a eficácia da vacina contra COVID-19 que está sendo testada no Brasil. Segundo o estudo, os testes da vacina (desenvolvida pela Universidade de Oxford) em 1.077 pacientes mostraram que ela “apresentou um perfil de segurança aceitável” e gerou imunização contra no novo coronavírus entre aqueles que a receberam.

A Anvisa autorizou os testes dessa vacina de Oxford no Brasil no começo de junho. A vacina, de acordo com a OMS, é a que está em fase mais avançada de desenvolvimento, e pode vir a ser distribuída no Brasil ainda em 2020.

Embora o Brasil já tenha autorizado, desde então, o teste de mais uma possível vacina (produzida pela empresa chinesa Sinovac Biotech), a vacina de Oxford segue sendo a que tem mais chances de ser a primeira a estar disponível no nosso território. Por isso, confira a seguir tudo que você precisa saber sobre ela!

Como funciona a vacina contra COVID-19?

A vacina da Universidade de Oxford recebeu o nome de ChAdOx1 nCoV-19. Esse nome vem do fato de que ela é desenvolvida a partir de um vírus chamado ChAdOx1. Trata-se de uma versão enfraquecida do vírus da gripe comum que causa infecção em macacos, e que foi geneticamente modificada para tornar impossível o seu desenvolvimento em humanos.

Além disso, o vírus foi modificado geneticamente para criar proteínas presentes no vírus SARS-CoV-2 (o vírus que causa a doença conhecida como COVID-19). Quando o vírus da vacina entra nas células dos pacientes, as células começam a reproduzir essas proteínas.

O corpo então produz anticorpos para se defender delas, e ao fazer isso aprende também a se defender do SARS-CoV-2. Com isso, os pacientes devem tornar-se imunes ao COVID-19 (a doença causada pelo vírus). Assim, se o paciente for infectado pelo vírus depois de receber a vacina, o seu sistema imunológico já saberá como se defender contra ele.

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Esse mesmo método já foi usado pela universidade para desenvolver uma vacina contra a síndrome respiratória do Oriente Médio (conhecida como Mers). A doença também é causada por um coronavírus, embora não seja o mesmo que cause a COVID-19. O sucesso dessa vacina anterior indica aos pesquisadores que esse método deve ser eficaz na prevenção contra o SARS-CoV-2.

Como é o teste da vacina de Oxford?

O objetivo dos testes é verificar se a vacina funciona, de fato, para imunizar pacientes contra o COVID-19. Além disso, os testes também deverão indicar se ela tem algum efeito colateral indesejável. Atualmente, a vacina de Oxford está na fase três de testes clínicos — ela foi a primeira vacina contra COVID-19 a chegar nessa fase, que é a última antes dela ser aprovada para produção.

Na primeira fase, a universidade recrutou inicialmente cerca de 1.100 voluntários do Reino Unido (pessoas com idade entre 18 e 55 anos, em boas condições de saúde, que nunca tiveram contato com o vírus) para esses testes.

Por lá, metade dos voluntários recebeu a nova vacina contra o COVID-19 e a outra metade recebeu uma vacina comum contra meningite. A definição de qual pessoa receberá cada uma é feita por sorteiro, e os voluntários não sabem qual das duas receberam, mas os pesquisadores saberão qual delas cada um recebeu.

Essa medida é tomada para criar um “grupo de controle”. Comparando a imunização contra COVID-19 entre os dois grupos (as pessoas que receberam a nova vacina e as que receberam a vacina contra meningite), os pesquisadores poderão aferir se a nova vacina faz, de fato, diferença. O sorteio é importante para tentar fazer com que os dois grupos sejam compostos pela maior diversidade possível de pessoas (entre idade, gênero, etc.).

Se a taxa de imunização fosse igual entre os dois grupos, isso mostraria que a vacina não teve sucesso. No entanto, essa primeira fase mostrou que a imunização contra COVID-19 foi maior entre o grupo que recebeu a nova vacina, e por isso ela seguiu para a fase dois, com mais pessoas no Reino Unido.

Os testes no Brasil fazem parte da fase três, que é semelhante às anteriores, mas com mais pessoas. São cerca de cinco mil brasileiros participando dos testes. Além de testar a eficácia da vacina, essa fase também pretende verificar se ela geral efeitos colaterais indesejáveis.

O que os voluntários devem fazer?

Depois de receber as vacinas, os voluntários receberam um diário eletrônico. Lá, eles deverão registrar como se sentem nos 7 dias após receber a vacina. E se sentirem qualquer coisa estranha nas três semanas seguintes, também poderão anotar no diário eletrônico.

Após receber a vacina, os voluntários fazem uma série de retornos com os pesquisadores. Nesses encontros, os cientistas colhem amostras de sangue para avaliar como eles estão respondendo à vacina. Se em qualquer momento os voluntários tiverem problemas de saúde, poderão recorrer a uma rede de médicos disponibilizada pela universidade.

Por que o Brasil está participando dos testes primeiro?

O elevado nível de contágio da COVID-19 no Brasil é um dos motivos pelos quais a Universidade de Oxford optou por testar aqui sua vacina. Um dos motivos para isso, evidentemente, é o fato de que uma vacina eficaz pdoeria salvar mais vidas em países em que a taxa de transmissão é mais elevada.

Mas fora isso, há também motivos científicos para se escolher um país com alta taxa de transmissão. Em países assim, será mais fácil perceber os efeitos da vacina caso ela seja eficaz. Como o número de infecções no Brasil segue crescendo, os efeitos de uma vacina que funcione serão mais fáceis de se observar do que num país em que o número de infecções estivesse estável ou caindo.

Quando saem os resultados da vacina contra COVID-19?

Ao fim da terceira fase de testes clínicos — que, além do Brasil, incluirá os EUA, Índia e África do Sul — a universidade avaliará o resultado da imunização que a vacina promoveu. Caso a vacina de Oxford tenha imunizado com sucesso mais de 70% das pessoas em que foi testada, a universidade começará a registrar pessoas para recebê-la. Isso deve acontecer, na melhor das hipóteses, em dezembro de 2020.

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Por outro lado, se essa taxa ficar abaixo dos 70%, a vacina não prosseguirá para essa fase. Ao menos, a vacina que está sendo desenvolvida pelo Imperial College London usa um método diferente e, por isso, pode ser outra esperança caso esse teste não dê os resultados esperados.

Mesmo que os resultados sejam positivos e a vacina seja liberada para produção, ela continuará em período de testes. Dentre as pessoas que a receberem, algumas serão selecionadas para continuar os estudos sobre ela. Nesse momento, os pesquisadores pretendem apenas monitorar sua aplicação para garantir que não surjam efeitos negativos entre os pacientes imunizados.

Início da pesquisa da vacina de Oxford

A Universidade de Oxford anunciou no fim de abril que iniciou os testes clínicos em humanos de uma vacina contra COVID-19. Desenvolvida pela própria universidade, a vacina foi testada em cerca de 1.100 no Reino Unido.

O anúncio foi acompanhado de uma fala do Secretário de Saúde do governo britânico Matt Hancock. De acordo com a BBC, Hancock aproveitou a ocasião para anunciar um investimento público de £42,5 milhões (cerca de R$ 296 milhões na cotação atual) para pesquisas sobre vacinas contra COVID-19 em universidades do Reino Unido.

Além da vacina de Oxford, outra vacina está sendo desenvolvida paralelamente no Reino Unido pelo Imperial College London, que está testando um método diferente de imunização. A solução do Imperial College London também está em fase de testes, mais ainda em território britânico.

Vacinas contra COVID-19 brasileiras

Instituições de pesquisa brasileira também estão desenvolvendo potenciais vacinas contra o COVID-19. Um dos primeiros esforços nesse sentido no país foi do Laboratório de Imunilogia do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP. Segundo o Jornal da USP, a expectativa é que os testes dessa vacina brasileira comecem dentro de alguns meses.

Outra organização brasileira que está trabalhando numa solução semelhante é a Fundação Oswaldo Cruz de Minas Gerais (Fiocruz Minas). Segundo a fundação, essa vacina também usará um vírus inofensivo para humanso, modificado geneticamente para transportar proteínas do SARS-CoV-2. O objetivo é criar uma vacina que possa ser distribuída pelo Sistema Único de Saúde.

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