A ETS, empresa que gerencia uma série de provas padronizadas, anunciou recentemente uma versão do TOEFL que pode ser feita em casa. A versão “doméstica” do TOEFL tem o objetivo de permitir que pessoas que precisem fazer a prova possam realizá-la sem precisar quebrar as diretrizes de isolamento social necessárias para conter a disseminação da COVID-19.
Por mais que num primeiro momento possa parecer que fazer a prova em casa é uma vantagem — já que você está sozinho num ambiente familiar — esse não é necessariamente o caso. O TOEFL iBT Home Edition exige uma série de preparações da parte do candidato para que a empresa possa garantir que a prova seja feita nas condições adequadas.
Eduardo Vascencellos, estudante e partipante do Prep Estudar Fora, fez o TOEFL em casa e conta que não teve uma boa experiência. “Tenho certeza de que teria ido melhor se tivesse feito a versão tradicional da prova”, comenta. Segundo ele, problemas técnicos e de comunicação fizeram com que ele não conseguisse se concentrar nas questões da mesma maneira que teria se estivesse num ambiente de prova.
Por isso, vamos falar a seguir sobre o que você deve esperar se for fazer o TOEFL em casa. Confira:
O que o TOEFL em casa exige do seu computador
Assim como numa prova tradicional, o TOEFL em casa não permite que você consulte outros materiais, use celular ou fale com outras pessoas durante o exame. Mas diferentemente de uma prova tradicional, no TOEFL em casa não há um examinador na sua casa para te dar essas orientações e verificar se você está cumprindo-as.
Por isso, a empresa que gerencia a prova coloca uma série de requisitos para o computador do candidato, o ambiente em que ele fará a prova e os materiais que ele usará.
No site da ETS, eles citam as seguintes exigências técnicas:
- É preciso ter um computador ou notebook com Windows 7, 8 ou 10 (sistemas operacionais da Apple não são suportados);
- É necessário usar os navegadores Chrome ou Firefox;
- É necessário baixar e instalar um navegador especial da ETS
- Antes da prova o candidato deve fazer um teste para avaliar a câmera, o som, a conectividade, o sistema operacional e o Flash de seu computador.
Eduardo, que fez a prova, comenta que são necessários dois testes, na verdade: esse já mencionado, que pode ser feito por qualquer um, e outro que é realizado depois que o candidato faz login. “Achei ele mais rigoroso do que o teste que você pode fazer sem logar nada. Não é igual o método”, opina.
Além disso, não é permitido usar fones de ouvido: você deve ouvir o som por meio dos alto-falantes do seu computador, ou por caixas de som externas. Da mesma maneira, você deve usar o microfone do seu computador para se comunicar — se não tiver, você pode usar um microfone externo, mas lembre-se de que não é permitido usar fones de ouvido.
Como a prova envolve um componente de listening, na qual o candidato precisa ouvir e entender algumas gravações de áudio, a qualidade do som do seu computador pode impactar seu desempenho, na visão de Eduardo. “Se o áudio do seu computador não for bom, eu não recomendo”, comenta.
E, finalmente, seu computador deve ter uma câmera. Pode ser a câmera embutida do seu notebook, por exemplo, ou uma webcam externa. Mas em todo caso, você precisará usá-la para mostrar toda a sala em que você está fazendo a prova, bem como a superfície da mesa em que você está. É importante ter em mente, portanto, que você pode precisar mexer seu notebook para mostrar isso tudo ao examinador.
Além disso, Eduardo conta também que eles pediram que ele usasse “um celular ou espelho para mostrar a eles a minha própria tela [do computador]. Mas é curioso, porque eles têm acesso à sua tela. Eles conseguem controlar seu computador remotamente. Mesmo assim pediram um espelho ou celular, então eu filmei minha tela [com o celular] para mostrar para eles”.
O que o TOEFL em casa exige do seu ambiente
Assim como o seu computador, o seu ambiente também precisará estar preparado se você quiser fazer o TOEFL em casa. Na mesma página, a ETS também menciona uma série de requisitos do ambiente que deverão ser seguidos para a realização do exame:
- Você deve estar em uma sala privada (não em um espaço público), sozinho;
- Seu teclado e computador devem estar em uma mesa ou escrivaninha;
- Essa mesa ou escrivaninha, bem como a região próxima, não podem ter nenhum outro item além dos aprovados pela ETS;
- Você não pode comer ou beber durante a prova;
- É necessário fazer a prova sentado em uma cadeira comum, e não em um sofá, cadeira estofada ou cama.
- Durante toda a prova, você deve manter suas orelhas visíveis, sem que elas sejam cobertas por cabelo, chapéu ou outros objetos.
Além disso, a ETS também exige que os candidatos estejam “vestidos apropriadamente” para a prova, já que “você será monitorado via câmera pelo fiscal, e sua foto será compartilhada com as instituições que receberem sua pontuação”. Não há qualquer explicação sobre o que é a vestimenta apropriada mas, ao que parece, a orientação é apenas um lembrete para que o candidato não faça a prova sem camisa ou algo do tipo.
Quanto à roupa, a ETS recomenda ainda que o candidato “evite usar itens como jóias, prendedores de gravata, abotoaduras, grampos de cabelo enfeitados, pentes, presilhas, faixas de cabelo e outros acessórios capilares”.
Anotações
A ETS não permite que os candidatos que fizerem o TOEFL em casa façam anotações em papel durante a prova “por motivos de segurança”. Caso o candidato queira fazer anotações, deve usar um quadro branco com caneta apagável. Também pode, se preferir, usar um papel coberto com filme protetor e caneta apagável. Nos dois casos, ao fim da prova, ele deverá apagar todas as suas anotações à vista do fiscal de prova.
Eduardo conta que ficou confuso com essa orientação, já que não há qualquer orientação no site sobre o tamanho desse quadro branco. Em contato com a ETS e a ProctorU, ele recebeu apenas a informação de que ele deveria ser “portátil”. Quadros brancos de tamanho portátil não são tão comuns assim, por isso é importante ter isso em mente.
Outra recomendação que Eduardo oferece para quem for fazer a prova é treinar fazer anotações no quadro branco antes da prova. “É muito diferente de anotar no papel”, considera. Ainda segundo ele, anotações são essenciais para a realização da prova, por isso é importante ter um local adequado para elas.
Durante a prova
No dia da prova, segundo Eduardo, é necessário baixar o navegador da ETS e, ao mesmo tempo, instalar a extensão da ProctorU no seu navegador Chrome ou Firefox. Uma vez que as ferramentas estão instaladas, os fiscais da ProctorU conseguem não apenas ver a tela do candidato e sua imagem na webcam como também controlar o computador dele.
Uma vez que as ferramentas estão conectadas, o aluno é designado a um fiscal de prova da ProctorU. A ProctorU é uma empresa terceirizada pela ETS e, de acordo com Eduardo, o fiscal da sua prova pode não ter todas as informações necessárias para te auxiliar no processo de ajustes pré-prova.
Em todo caso, com o fiscal, o aluno faz uma verificação do ambiente: “ela pede para você filmar seu quarto inteiro”, comenta o estudante. Por isso, ele reforça que quem for fazer a prova precisa de uma câmera com algum grau de mobilidade.
Para iniciar a prova, Eduardo conta que o fiscal da ProctorU precisa inserir uma senha fornecida pela ETS. E uma vez que essa senha é inserida, o tempo começa a correr. Ele não para de contar até que o candidato cumpra as diferentes etapas da prova, e durante esse período não é permitido sair da frente do computador. Isso só é permitido quando o candidato chegue a um “break” (folga) de dez minutos na metade da prova.
Durante sua prova, Eduardo encontrou uma série de problemas. Faltando 20 minutos para o fim da seção de reading, por exemplo, o sistema disse ter encontrado algum problema na conexão e travou. Depois de um tempo, ele conseguiu contato com o fiscal da prova e normalizou a situação, mas não recuperou o tempo que perdeu com o sistema travado.
Em outro momento, durante o listening, ele conta que o fiscal de prova precisou controlar seu computador para reiniciar o navegador. Mas mesmo nesse caso, o tempo não parou de correr e, quando Eduardo teve novamente acesso à prova, faltavam apenas 4 segundos para ele terminar a seção — o que ele fez chutando rapidamente as questões que faltavam.
É melhor fazer o TOEFL em casa ou presencial?
Na visão do estudante, esses problemas comprometeram seriamente sua nota. Além das questões que não pode responder devido a uma falta de tempo causada pela organização da prova, ele também sentiu que esses problemas abalaram sua estrutura psicológica para as etapas seguintes do exame.
Por isso, Eduardo passou vários dias depois conversando com a ETS e com a ProctorU para solicitar uma oportunidade de refazer a prova. Ao fim de vários dias de e-mails, ele recebeu um voucher para fazer a prova novamente. No entanto, essa medida não resolveu totalmente o problema.
Isso porque caso refizesse a prova, Eduardo teria a nota que tirou nesse primeiro exame substituída pela nota do segundo. E ele não sentia muita confiança de que não encontraria os mesmos problemas técnicos caso fizesse a prova de novo — ou talvez até problemas piores. No final, após trocar mais e-mails, a ETS prometeu que manteria sua primeira nota no exame e permitiria que ele refizesse, e então ele aceitou a proposta.
Mesmo assim, Eduardo considera que certamente teria ido melhor fazendo o TOEFL presencialmente do que fazendo-o em casa. Ele preferiria, aliás, esperar para refazer a prova em uma sessão presencial. Contudo, ele precisava da nota do TOEFL logo para poder concluir sua candidatura, e não sabia se teria a oportunidade de fazer a prova presencialmente a tempo.
Ainda assim, ele considera que a versão do TOEFL em casa tem alguns pontos positivos. O principal deles é o fato de que você pode realizá-la no seu próprio ambiente. Então se você tiver um local silencioso e tranquilo onde fazer a prova, você pode fazê-la se sentindo mais à vontade.E fora isso, a versão “em casa” da prova também permite que quem quer (ou precisa) fazer o exame o quanto antes tenha essa opção.
Por isso, Eduardo recomenda fazer o TOEFL em casa apenas caso necessário. “Se você está disposto a arriscar, ou quer se livrar o quanto antes, pode fazer a prova. Mas se você não quer correr o risco de passar por dor de cabeça, ficar preso em ligações de atendimento ou coisas do tipo, acho melhor esperar”, considera.