Housing: veja dicas de como escolher o lugar onde morar durante o intercâmbio
“E agora, onde vou dormir?”, é o que perguntam estudantes quando se dão contam de que, durante alguns meses, estarão distantes da sua casa e do seu conforto, explorando um novo país.
Não é uma pergunta boba: encontrar um lugar para morar durante o intercâmbio pode parecer um grande desafio, considerando que será por um período determinado de tempo e as regras de aluguel podem complicar a vida. Mas tampouco é um bicho de sete cabeças: as leis tendem a ser menos complicadas do que no Brasil e existem sites e grupos no Facebook de alunos dispostos a ajudar, além, claro, da própria universidade de destino, que geralmente oferece opções de alojamento.
Veja algumas dicas para ajudar a procurar:
Alojamento
Alojamentos são pequenos apartamentos ou quartos oferecidos pela própria universidade. Geralmente ficam dentro do campus ou bem próximos a ele e são divididos entre dois ou mais estudantes.
A vantagem do alojamento é a proximidade com o campus, que permite não só economizar tempo de transporte mas também viver a experiência da universidade ao máximo. Além disso, a busca é bem menos trabalhosa, por ser arranjado pela própria instituição. Em contrapartida, os valores tendem a ser mais caros do que um aluguel comum (a “tuition”, taxa paga à universidade, pode incluir também as refeições) e por vezes ficam muito afastados do centro da cidade, um inconveniente para fazer compras ou conhecer as redondezas.
Em alguns casos, morar no alojamento não é apenas uma opção, mas uma obrigação. Foi o que aconteceu com Ana Carolina Marques quando decidiu cursar um semestre de jornalismo em Juniata Collete, em Huntington, Pennsylvania.
“Tinha uma regra de que os alunos do primeiro ano e os intercambistas precisavam morar nos ‘dorms’. Então a primeira dica é conferir a regra da faculdade”, conta Ana. “Morar em alojamento é geralmente mais caro que morar fora. Na época, pagava cerca de US$ 2.500 para morar um semestre e comer no refeitório”.
Huntington é uma cidade muito pequena, rodeada por florestas, e a universidade ocupa a maior parte do lugar, conta Ana, o que faz da experiência de morar lá bem diferente da de uma cidade grande. Ela dividia o quarto com uma americana, estudante de ciências ambientais que tinha em seu computador sons de todos os pássaros americanos, lembra. “Antes de ir, você preenche um formulário com o seu perfil para ver quem vai ser seu ‘roommate’. Então eu fui morar com uma pessoa que eu nunca tinha visto, me dei bem com ela e, no fim, gostei muito da experiência”, relembra.
O quarto de Ana tinha um armário embutido, uma cama e uma escrivaninha com prateleiras para cada morador. A limpeza ficava por conta dos estudantes. No prédio, havia lugar para lavar roupa e uma sala com mesas e sofás, onde os alunos estudavam juntos até de madrugada. Havia um banheiro por andar, com quatro chuveiros ou mais. “A faculdade tinha um clima muito familiar, fiz vários amigos, íamos ver filmes um no quarto do outro… era bem divertido”, lembra.
Gustavo Estrela de Matos também aprovouo a experiência de morar na Universidade. Segundo ele, no edital do Ciências sem Fronteiras, programa do qual é bolsista, o estudante é obrigado a ficar em alojamento, a não ser que a universidade não tenha a facilidade ou prove que não existem vagas.
Em College Station, onde cursa atualmente ciências da computação na Texas A&M University, ele vive dentro do campus em um pequeno apartamento de dois quartos com três americanos – . O lugar conta com sala, cozinha e banheiro. Neste vídeo, Gustavo apresenta o espaço.
Já o estudante de letras Danilo Crespo optou pelo alojamento por uma questão de comodidade quando se mudou para Kyoto, em 2013. “Na KUFS (Kyoto University of Foreign Studies) você tem a opção de encontrar por conta própria um lugar para morar, mas, em geral, eles fazem isso para você”, conta.
“Por se tratar do Japão, achei uma ótima opção, porque os japoneses têm muitos detalhes em transações e raramente falam inglês, portanto é mais fácil fazer os trâmites com a faculdade do que, do outro lado do mundo, arranjar um lugar pra ficar”, explica ele, que ficou um ano no país.
Apartamento e residências para estudantes
Quando foi fazer um curso de inglês na ELS Language Centers em 2010, a também jornalista Renata Rogé não gostou da opção de residência que a instituição tinha a oferecer. “Era muito longe, nos confins do Brooklyn, e eu queria morar em Manhattan. Também poderia ficar na casa de uma família, mas tinha medo de não me dar bem com as pessoas”, lembra.
Com apenas 18 anos, antes de fazer as malas e partir, Renata pesquisou exaustivamente na internet outras opções de moradia para estudantes e acabou encontrando a residência do exército de salvação só para mulheres. “O nome pode parecer esquisito, mas era um lugar ótimo. Pagava basicamente o mesmo preço que o alojamento, mas para ter um quarto só meu e no centro da cidade. Era mais seguro, perto da escola e tinha muita gente da minha idade”, comenta.
Não ficar no alojamento da ELS também foi conveniente quando Renata decidiu esticar sua experiência nos Estados Unidos: os três meses inicialmente planejados acabaram virando 12, durante os quais a estudante fez cursos de “travel writing” em outra instituição próxima, a New York University (NYU).
“Foi uma experiência muito boa de morar sozinha numa cidade como Nova York. Mas não é fácil encontrar: você precisa correr atrás, pesquisar, ligar e perguntar para encontrar o lugar certo”, recomenda.
Tal como Renata, a economista Lara Vilela não quis se mudar para o alojamento da Universidad Carlos III quando realizou um intercâmbio na Espanha, em 2012. “A faculdade ficava em uma cidade satélite e achei que minha prioridade era conhecer Madri, então não faria sentido morar longe da capital”.
Lara pagava cerca de 300 euros em seu apartamento de três quartos em Salamanca, bairro nobre da cidade – valor menor do que o do alojamento, em que talvez tivesse que dividir quarto. Vivia com uma inglesa e uma tcheca, estudantes da mesma universidade, e levava cerca de 40 minutos de trem para chegar às aulas todos os dias. Em compensação, ia a pé para o famoso parque El Retiro, para diversos museus, centros culturais e bares.
Para encontrar o apartamento, ela pesquisou em sites especializados como o Idealista.com e Easypiso, espécies de Zap Imóveis espanhóis. Também entrou em grupos no Facebook em que estudantes compartilhavam vagas disponíveis em suas casas. Na Espanha, não é necessário ter um fiador para alugar um apartamento, mas é cobrado um depósito com antecedência – em geral, um mês de aluguel a mais que será devolvido no fim do contrato ou utilizado para reparar danos ao imóvel. “Acho que valeu a pena, a cidade era mais confortável e tinha mais coisas para fazer”, conclui.
* Foto: Eco-Residences na Universidade de Exeter / Crédito: University of Exeter
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