Por Lawrence Murata, calouro de Stanford
Antes de começar o texto no próximo parágrafo, vou apresentar meu vlog: é o canal onde vou mostrar como é a faculdade de Stanford, como é a vida aqui, desde a parte acadêmica até outras curiosidades que encontro nesse campus gigante. Esse primeiro vlog é um curto vídeo que gravei quando estava andando pelo campus e conheci a “Lagunita”, onde muitos alunos vão correr e relaxar:
Não são poucas as vezes em que nossas vidas mudam drasticamente em pouco tempo. Na jornada de Estudar Fora, também há alguns momentos essenciais que eu gostaria de destacar nesse texto, basicamente resumindo o início dessa jornada e a preparação. Achei interessante quando um jornalista do Estadão escolheu o termo “divisor de águas” para descrever o momento em que consegui uma bolsa parcial para Stanford. Isso me fez refletir sobre a importância desses curtos momentos que fazem toda a diferença. É importante lembrar, no entanto, que esses momentos são resultados de processos mais longos que requerem determinação e esforço.
Conhecer a possibilidade de estudar fora é o passo inicial. Muitos alunos mal consideram essa possibilidade. Para mim, foi essencial ter conhecido um professor que me mostrou esses novos horizontes e acreditou firmemente no meu potencial. Depois disso, foi importante conhecer mais professores, mentores e amigos que fizeram o mesmo e me deram apoio. Os próximos passos são buscar informaçōes, auxílio e opiniōes para tomar a decisão e seguir esse objetivo. Apesar da possibilidade de conseguir conselhos e apoio, a decisão final é do aluno e os resultados são frutos de seu esforço e capacidade.
Durante o processo de application, o aluno geralmente aprende sobre si mesmo, sobre quais atividades extracurriculares o interessam, o que ele faz por prazer e em que áreas ele tem mais tendência de se destacar. É importante que o aluno mantenha e destaque suas qualidades únicas para, assim, mostrar o motivo pelo qual ele merece ser aceito na faculdade, dentre 39 mil alunos academicamente excelentes (como é o caso de Stanford, que bateu recorde histórico em seletividade). No meu currículo, minha igual paixão por artes e ciências pode soar estranho para alguns, mas fui capaz de misturar essas áreas de modo que a diretora de admissão destacou essa singularidade em um recado pessoal. Resumindo, seja você mesmo: não tenha medo de manter sua originalidade e de buscar suas paixões.
Depois de tanto esforço, chega o grande dia de receber os resultados das faculdades, dia pelo qual os alunos esperam ansiosamente. Esse é um enorme divisor de águas e ocorre em meados de abril, variando de acordo com a faculdade. É um dia extremamente importante que pode representar uma reviravolta na vida do aluno. Depois disso, é hora de decidir onde estudar e os próximos planos, independente do resultado. Como diria um amigo, o “crepúsculo das decisões” finalmente chega ao fim. No meu caso específico, essa jornada teve continuação com projetos que comecei no Brasil, que tiveram grande impacto em mim e me deram uma grande experiência. Um outro divisor de águas nesse tempo foi quando recebi uma bolsa parcial de um empresário para estudar em Stanford.
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Desde então, meus horizontes continuam se expandindo num ritmo que me surpreende. Pude conhecer muita gente nova, trabalhar em projetos muito interessantes e viver novas experiências. Estudar Fora inclui dificuldades e muitas vezes nos tira da zona de conforto por ser uma experiência completamente diferente, mas sou um risk-taker – como o Presidente Henessy me disse, “tome riscos calculados” (Henessy é o presidente de Stanford, “padrinho do Vale do Silício” e fundador e membro conselheiro de grandes empresas de tecnologia como a Google).
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Lawrence Murata – Colunista sobre a experiência de cursar a graduação em Stanford
Lawrence é, acima de tudo, um sonhador, apaixonado pela possibilidade de melhorar o mundo com o conhecimento. Ama Beatles, chocolate quente, empreendedorismo, línguas a arte. Também é empreendedor nato: sempre gostou de criar coisas e começou seu primeiro grande projeto aos 16. Desde então, nunca parou com seus projetos, que vão de uma organização social a um site para tornar estudos financeiramente viáveis. Em 2012, largou a Escola Politécnica da USP para ser calouro em Stanford, no Vale do Silício, onde explora a ciência da computação, empreendedorismo e economia.